“Eu só conseguia chorar”, diz vítima que denunciou estupro dentro de delegacia de MS 325h3s
Mulher que estava presa em Sidrolândia afirma ter sido abusada desde o primeiro dia na delegacia 1h164u
“Ele botava a mão dentro da minha roupa, eu chorava, pedia para parar, mas ele mandava eu ficar calada e não contar nada para os outros presos”. O relato é da mulher, de 28 anos, que denunciou investigador da Polícia Civil de Sidrolândia, a 57 km de Campo Grande, por estupro. Segundo a vítima, os abusos aconteciam dentro da própria delegacia, após ela ser presa por suspeita de tráfico de drogas.

Em entrevista exclusiva ao repórter Osvaldo Nóbrega, da TV Morena, a mulher relembrou o período em que estava custodiada em uma das celas da delegacia e contou detalhes de como o servidor Elbeson de Oliveira, de 41 anos, preso em flagrante pelo crime, agia em seus plantões.
“Ele me ameaçou, disse que se eu contasse para alguém, ele ia me achar onde eu estivesse, porque eu não sou daí (de MS)”, afirmou a vítima, que já não está mais no estado.
Após o caso vir à tona, o juiz Albino Coimbra Neto colocou a mulher em liberdade. Em sua decisão, o magistrado ressaltou que “é necessário resguardar a integridade física e psicológica da ofendida, o que não se pode garantir se permanecer custodiada, pois flagrante a violação de direito em face de pessoa cuja tutela é de responsabilidade do Estado”.
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Com isso, a vítima retornou ao estado onde mora com a mãe e possui dois filhos. Ela responderá em liberdade ao processo que resultou em sua prisão.
Ainda sobre os abusos, a vítima contou ter sido vítima do servidor, desde o primeiro dia que chegou à delegacia. “Todo plantão dele, ele vinha na cela, ava a mão em mim, e eu não tinha o que fazer. Pedia pra ele parar, eu só conseguia chorar, mas ele mandava eu ficar calada”, contou.
O caso foi denunciado no dia 12 abril. Uma outra detenta, que estava na mesma cela que a vítima, foi quem contou sobre os abusos para grupo de presos em outra cela da delegacia. Os homens denunciaram o investigador, que segundo boletim de ocorrência, chegou a entregar um aparelho celular aos detentos, na tentativa de “comprar o silêncio” dos presos.
“Eu tô muito mal, já estava pagando pelo que eu fiz e não precisava ar por isso. Eu espero justiça, que ele pague pelo que fez”.
Investigação 112r3e
Após a denúncia, a Corregedoria da Polícia Civil abriu inquérito para apurar a conduta do servidor. Como o caso está em segredo de justiça, nenhum detalhe da investigação foi reado à reportagem.
Conforme apurado pelo Primeira Página, um dos abusos aconteceu na Sala Lilás, exatamente o espaço da unidade policial dedicado ao atendimento de mulheres vítimas de violência de gênero.
Para denunciar o caso, os detentos aguardaram o dia amanhecer e contaram à uma delegada da cidade o ocorrido. Imagens de câmeras de segurança, analisadas pela polícia, comprovariam que o servidor retirou a detenta da cela, na noite do dia 11 de abril, e só retornou com ela cerca de 20 minutos depois.
Vídeo também comprovaria que os detentos de outra cela receberam um aparelho celular das mãos do investigador.