Black Mirror volta melhor, mas distante da excelência que teve um dia 3q2t6w
Sexta temporada estreou na Netflix com bons episódios, mas nada incrível se comparado aos outros anos da série de ficção científica 324e24
Black Mirror nunca foi apenas sobre tecnologia. A série britânica de ficção científica, criada por Charlie Brooker, inovou em 2011 ao trazer seres humanos em situações extremas, principalmente por causa de aparatos tecnológicos que não existiam ainda, ao menos, por enquanto.

Promissora no Channel 4 e um hit ao ser distribuída pela Netflix, ela caiu na graça do público ao longo dos anos, o que ainda a mantém no Top 10 das mais vistas na plataforma toda vez que estreia uma temporada nova.
Com episódios clássicos que tornaram a frase “isso é tão Black Mirror” quase um meme, a série conseguiu se consagrar como uma das melhores do gênero, sem sombra de dúvidas até a terceira temporada. Depois, o que era bom, ficou confuso, duvidoso e completamente decepcionante a partir da 5ª temporada.
De volta à plataforma em seu sexto ano, a série retornou em junho de 2023, com alguns momentos bons, como os três primeiros episódios. Mas, nada que se compare a genialidade que a série já experimentou.
Viciada em autorreferência, a série parece ser o ombudsman da Netflix – cargo comum em jornais em que um profissional fica responsável por apontar defeitos e reclamações da própria empresa. Então, não é de se espantar que o primeiro episódio da sexta temporada, “A Joan é Péssima”, seja sobre uma pessoa que não leu os termos de contrato de uma plataforma de streaming e agora é obrigada a aguentar que a sua vida – de forma bem mais dramática – seja exibida na tela do Strawberry (com abertura e projeto gráfico semelhante, para não dizer idêntico, a Netflix).
Neste episódio, que mistura drama e comédia, é possível refletir de forma bem didática sobre inteligência artificial, deepfake e o quanto a sensação de não sermos os protagonistas de nossas próprias histórias nos acompanham ao longo da vida.
Já o segundo episódio da temporada, “Loch Henry”. se concentra em outro sucesso das plataformas de streaming: o true crime, ou em português, o crime real. Só a Netflix tem várias produções do gênero em seu catálogo. Dessa vez, ao invés de uma nova tecnologia, os protagonistas redescobrem câmeras antigas e os clássicos VHS. Os jovens talvez não estejam habituados, mas para quem nasceu antes dos anos 90, não vai ser difícil identificar as pistas deste roteiro e para onde ele vai caminhar.
O episódio tem bons momentos de suspense e flerta com o horror. Mas, não a disso.

Por fim, o terceiro episódio relevante desta temporada, “Beyond the Sea” investe em um conceito de tecnologia que transfere a consciência da pessoa para um robô. Neste caso, astronautas usam para conseguir sobreviver durante seis anos em uma missão espacial, sem enlouquecer. Todos os dias eles podem visitar suas famílias na Terra e ter uma vida normal. Ao menos é o que se espera.
Já vimos outras “transferências de consciência” em Black Mirror, inclusive no premiado e ótimo “San Junipero”, quarto episódio da terceira temporada, também referenciado em Loch Henry. Não falei que a série gosta de referência?
Mais terror, menos tecnologia 3j2y11
A sexta temporada ainda traz um episódio bem diferente do que costumamos assistir em Black Mirror. “Mazey Day” investe no horror e na fantasia para tentar refletir sobre a humanidade. É interessante, mas se comparado a outros do gênero, se mostra bobo e bem inferior ao que almejamos. Assim, como o restante da temporada.
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