Etnoturismo: decisão que mudou a história de um povo 5a2fr

Tendo no território uma queda d'água de 5,6 metros de altura, e um rio de águas verde esmeralda, o projeto de abrir o local à visitação turística começou em 2019 1z332r

“Há tempos, eu tinha o sonho de trabalhar com turismo”, foi o que disse o ex-enfermeiro, Ivo André Zokenazokemae, de 46 anos, indígena da etnia Paresi Haliti, em Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá.

Mato Grosso é considerado um estado rico e promissor, em razão da agricultura e da pecuária. E é verdade. O Estado registrou o 2º maior PIB (Produto Interno Bruto) per capita do país, no ano de 2021, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) que foram divulgados em novembro.

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Rio Sacre, em Campo Novo do Parecis (Foto: Lidiane Moraes)

No entanto, outro “tesouro” vem chamando a atenção, recebendo investimentos, gerando emprego, renda: as belezas naturais.

Rico também em cachoeiras e águas cristalinas, o segmento de turismo em Mato Grosso contribuiu com 46% a mais no ICMS, nos dois primeiros meses de 2023, se comparado ao mesmo período de 2022, segundo a Sedec (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico).

De acordo com o Sebrae-MT, no estado existem 1439 empresas ativas do setor de turismo (entre agências e operadoras de turismo), sendo 717 MEIs, 626 MEs e 81 EPPs. De 2018 a 2022, o estado teve um crescimento anual de 12%.

Muitas dessas riquezas estão em territórios indígenas e, foi pensando na possibilidade de gerar renda e de promover autonomia na aldeia, que Ivo desistiu da enfermagem, ramo em que atuou por mais de 20 anos, para transformar sua vida e de seus parentes.

Para conseguir prestar um bom trabalho, ele investiu em cursos de capacitação, como atendimento, segurança e gerenciamento. “Logo que optei pela mudança, o Sebrae, em parceria com o município, ofereceu alguns cursos e eu fiz. Foram muito importantes para alavancar o negócio”, contou ele.

Desde que começou a atuar no ramo turístico, a visão do indígena é outra.

“A partir do momento que eu ei a trabalhar diretamente com turismo, minha visão se ampliou. Antes, eu achava somente que era uma possibilidade de renda, mas depois entendi que era uma oportunidade de mostrar a vida dentro da aldeia e desmitificar algumas crenças equivocadas sobre os indígenas, então, percebi que a abertura da comunidade ia muito além”, contou ele.

Tendo no território uma queda d’água de 5,6 metros de altura, e um rio de águas verde esmeralda, o projeto de abrir o local à visitação turística começou em 2019. Logo, surgiram os aventureiros dispostos a conhecer o Rio Sacre e a cachoeira Salto da Mulher.

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Rio Sacre e a cachoeira Salto da Mulher, em Campo Novo do Parecis (Foto: Lidiane Moraes)

Estar em uma aldeia indígena e conhecer um pouco mais sobre a cultura também despertou o interesse de muita gente.

“Quando o município criou a rota Parecis, o Salto da Mulher não entrou. Foram incluídas apenas 5 aldeias, mas, como eu tinha o sonho de trabalhar com turismo, abandonei a minha profissão para correr atrás e colocar o Salto da Mulher na rota. Assim, entramos e, hoje, é uma das cachoeiras mais divulgadas do Estado”, contou Ivo ao Primeira Página.

Posteriormente, por uma questão estratégica, foi criado mais um balneário, o Rio Sacre, na outra margem do rio.

“Pela cultura do nosso povo, quando uma mulher está menstruada é impedida de tomar banho no rio durante o período. O nome da cachoeira vem pela história da moça que substimou a história e desceu para rio para tomar banho e desapareceu. Aí surgiu o nome salto da mulher”, explicou Ivo.

Já o Balneário Rio Sacre recebe este nome porque tem a ver com sangue. “Na história Paresi, o rio chama-se Timalatia, Rio de Sangue, por isso, Sacre”.

Cada família é responsável por um área, que inclusive tem entradas diferentes. São responsáveis pela limpeza e pelos investimentos no local, como a construção de quiosques, banheiros e outras estruturas.

Além do banho de rio, o local oferece visitação às casas, artesanato, flutuação, camping. “A oferta depende do que nosso público quer”, explicou ele. Lá, as mulheres são responsáveis por fazer e comercializar o artesanato.

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Local oferece visitação às casas, artesanato, flutuação, camping (Foto: Lidiane Moraes)

Os indígenas também recebem apoio das prefeituras dos municípios no entorno, que também veem no etnoturismo uma forma de autonomia e renda para as comunidades indígenas da região

“Queremos fazer de Campo Novo do Parecis um case de sucesso no etnoturismo, não apenas para Mato Grosso, mas para o Brasil. Os indígenas precisam ser conhecidos, respeitados e ouvidos, pois eles são a origem de tudo que somos hoje e devemos nos orgulhar disso”, comentou a secretária de Turismo do município, jornalista Carla Rocha.

“Apesar de conhecer a região de Campo Novo do Parecis e já ter percorrido as estradas a trabalho, nunca tinha visitado o balneário. Fiquei impressionado com a cor da água e com a beleza do lugar. Penso que nós, mato-grossenses, devemos lutar mais para divulgar as belezas naturais do nosso Estado e ao mesmo tempo, desenvolver formas de preservação para que as novas gerações também possam desfrutar estes locais”, disse o servidor público Luiz Armando Moraes.

Como chegar​ 76dj

A principal rota para chegar ao local é a BR-364. Saindo de Cuiabá ou Várzea Grande, ela pode ser ada por Rosário Oeste e Diamantino, ando pela MT-010. Ou, pelo Trevo do Lagarto, seguindo por Jangada, Barra do Bugres, Nova Olímpia e Tangará da Serra.

A cerca de 50 km de Campo Novo do Parecis, ainda na BR-364, vira para a esquerda, para ar a MT-358, até chegar às aldeias. A partir deste trecho, placas indicam as entradas para cada atrativo.

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