Conheça Otto, o robô criado para interagir com crianças autistas em Cuiabá 5t3u13
Robô será testado com oito crianças, de dois e oito anos, com grau de comprometimento de TEA níveis um e dois. 1p441n
Otto, como foi batizado, tem aproximadamente 24 cm de comprimento e características físicas de um personagem de desenho infantil. O robô, criado por professoras da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), promete ser um grande aliado no tratamento de crianças com diagnóstico de TEA (Transtorno de Espectro Autista) já que possui funcionalidades que ajudam nas atividades de interação social, aprendizagem e comunicação.

Na semana ada o protótipo foi doado ao Cridac (Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Corrêa), em Cuiabá, que será parceiro na validação. Durante seis meses, a equipe irá testá-lo com oito crianças, de dois e oito anos, com grau de comprometimento de TEA níveis um e dois.
De acordo com a professora e pesquisadora no projeto, Thais Reggina Kempner, do curso de Engenharia de Controle e Automação, do câmpus de Várzea Grande, a dificuldade no aprendizado da criança com autismo ocorre devido à falta de atenção e o robô vem como um intermediador durante as sessões de terapia.
“A criança com TEA normalmente não consegue ter um contato visual. Pesquisas mostram que elas têm muito mais interesse em objetos do que na presença humana, aí a terapeuta pode usar o robô como um intermediador para ensinar”, afirma.
Também integram o projeto as professoras do Instituto da Computação da UFMT, Eunice Pereira dos Santos Nunes e Luciana Correia Lima de Faria Borges, que também é coordenadora do projeto da FATA (Fábrica de Alta Tecnologia Assistiva) que engloba a pesquisa.
Segundo Kempner, tudo foi feito em parceria com o Cridac. Nessa etapa, as fonoaudiólogas e as psicólogas responsáveis do Centro irão trabalhar sempre em dupla com as crianças e vão fornecer um sobre o funcionamento do projeto.
Robôzinho amigo 421741
Otton possui dez botões interativos que ensinam as crianças. Ao todo são 170 frases que versam sobre os números, o alfabeto, vocabulário do cotidiano das crianças, sensações, reconhecimento de cores, frutas, legumes e animais.
“Ele também trabalha com as expressões. As crianças com TEA tem muita dificuldade, por exemplo, em distinguir alegria de tristeza, então ele trabalha também com uma matriz de emissão de luz (LED 8×8) onde ele faz a representação, por exemplo, de um sorriso, de uma boquinha triste, de sono, etc. Aí nós associamos também com os movimentos do robô e a reprodução da voz”, explica.
A voz escolhida para Otto foi de uma criança de 11 anos, para que seja familiar para o paciente autista.
Nesta primeira etapa três alunos como bolsistas do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica), financiadas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Fapemat (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso), sendo eles Aldalice Rodrigues Dias, Adriano de Marchi Junior, Gabriel Ribeiro Bastos de Souza Rebouças, e também um aluno voluntário, João Victor de Sá.
A professora destaca que apesar da aparência, o objeto não é um brinquedo.
“A maioria das pessoas acha que ele é um robô autônomo, que poderia ser comercializado para crianças brincarem individualmente com ele, porém ele não foi feito com esse objetivo. Ele é um facilitador de terapia”.
Iniciativa 3k3r5n
Conforme Thais, a iniciativa teve início há um ano após elas se sensibilizarem com dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) que mostram que a prevalência de crianças com TEA vem aumentando progressivamente ao longo dos anos. Na última publicação do CDC, em 2021, a prevalência estava em 1 a cada 44 crianças.
Dentre os objetivos específicos desta fase do projeto estão avaliar o que mais ou menos chama a atenção da criança, corrigir possíveis bugs no software, estimar quais elementos ajudam a criança no processo de aprendizagem e outros.