Vítima de ataque transfóbico, Claudinha está sem dinheiro até para despesas básicas 3a1c14
Claudinha Linda, 45 anos, está internada em Mundo Novo e família precisa de ajuda para custear tratamento 6gn38
Muito fraca, com o corpo doendo e confusa, Claudinha Linda, 45 anos, ainda luta para se recuperar dos machucados físicos e emocionais do dia 6 de março, quando foi brutalmente espancada por dois homens – pai e filho -, após uma desavença motivada pelo fato de ela ser transexual.
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O crime ocorreu em Mundo Novo, cidade distante 447km de Campo Grande, e a recuperação terá um longo caminho pela frente. A família, que a acompanha no hospital, tenta diminuir o medo que ela tem dos criminosos, enquanto arrecada dinheiro para o tratamento e itens básicos de higiene, locomoção e alimentação.
“Minha tia veio aqui para Mundo Novo. Eu trabalho vendendo bolo e minha avó é aposentada. Vamos ter muitos gastos, como fralda e mais para frente minha tia precisará de uma cirurgia do maxilar e também dos dentes da frente, porque ela perdeu todos da parte de cima. Precisei comprar um pacote de fralda com 16 itens e saiu por R$ 60”, explica Daiane Linda, sobrinha de Claudinha.
As despesas também incluem itens básicos, como alimentação e locomoção. “Ela vai ter que fazer fisioterapia e vamos comprar uma cadeira para o banho”, pontua.
Crime 683z4l
O crime aconteceu após uma confusão em uma lanchonete e tabacaria de Mundo Novo, quando, segundo relatos de testemunhas, Ademir Oliveira teria dito que ali “não era local para gente como ela”, se referindo ao fato de Claudinha ser uma mulher trans.
Irritada, ela acertou o homem com uma garrafada no rosto. Ele sofreu um corte, procurou ajuda médica e logo após o atendimento saiu em busca de Claudinha, acompanhado do filho.
Ademir e Flávio Gean da Silva Oliveira, 21 anos, cercaram Claudinha em frente a uma escola do município e a espancaram com um galho de árvore. Eles fugiram pensando que a mulher estava morta.
O crime só chegou ao conhecimento da Polícia Civil na terça-feira (8), quando vídeos da mulher ferida começaram a circular em grupos de compartilhamento de mensagens.
Cirurgia do maxilar, Perdeu todos os dentes da parte de cima.
Internação 464l6a
Claudinha estava internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em Dourados, a 201 km de Campo Grande, mas com a melhora foi autorizada a retornar a Mundo Novo, cidade onde ocorreu o crime e a família mora.
“Ela chegou ontem de Dourados. À noite meu tio ficou lá com ela e hoje meu primo”, conta Daiane.
Segundo ela, Claudinha ainda está quieta, não consegue falar muito e relatou estar com problemas de visão. “Ela falou, ‘não tô te enxergando direito’. Os médicos acham que ela terá sequelas e a gente conforme vai ando os dias, vai vendo onde que estão essas sequelas. No início eles falaram que ela ficaria com um lado totalmente paralisado, mas ela está mexendo, só não tem muita força”, conta Daiane.
A família tem esperança de ver Claudinha em pé novamente, fazendo o café da manhã para a mãe, como ocorria todos os dias.
“Minha avó, mãe da Claudinha, tem 72 anos. Agora por esses dias minha vó está muito desgastada, não comia, emagreceu muito, está muito abatida. Porque ela é mineira e sempre teve muita comida na casa dela. Mas, por esses dias, a gente chegava e ela estava deitada. A Claudia morava na mesma rua, de um lado da estrada era minha avó, do outro era ela. Era a filha mais próxima, toda hora estava lá, fazia café da manhã e levava para minha vó”, relembra.
Esse jeitinho mineiro tem aparecido durante a recuperação de Claudia, que tem sentido muita fome. “Ela está muito fraquinha, magrinha, agora sempre quer comer alguma coisa, mas não pode exagerar. Ganhei um dinheirinho e comprei uma banana, maçã, fiz uma vitamina e levei lá. Também comprei uma água de coco, aos poucos ela fica mais forte”, acredita a sobrinha.
Sequelas 2255f
Segundo Daiane, Claudinha está meio desligada e parece criança em alguns momentos. “Tinha uma tomada de luz e ela ficou ligando e desligando um tempão. Perguntei se ela estava com dor e ela disse que sim, no corpo”, frisa.
Ainda de acordo com a sobrinha, ela está confusa sobre o motivo de ter sido agredida pelos dois homens. “Porque fizeram isso comigo?” teria questionado ela à mãe.
No outro dia sentiu medo e conseguiu balbuciar. “Eu estou com medo de que eles venham aqui. Quero sumir”, teria confessado a sobrinha. “Não precisa. Eles estão presos”, respondeu Daiane.
Como ajudar? 41151i
A família aceita qualquer ajuda financeira. O valor pode ser enviado para o PIX (F) número: 10225506912.