Vítima de acidente na BR-163 relata como foi a viagem que deixou 8 mortos em MT 3i2461
Quatro ageiros feridos continuam internados no Hospital Regional de Sinop 6a315t
A ageira Kely Eronides da Silva da Cruz, 37 anos, que sobreviveu ao acidente na BR-163 ocorrido na terça-feira (17), relatou ao Primeira Página como foi a viagem que resultou na morte de oito pessoas.

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A esteticista e a filha pegaram o ônibus em Cuiabá com destino a Sinop, a 503 km de Cuiabá, às 22h de segunda-feira (16). Segundo Kely, as primeiras horas da viagem foram tranquilas, mas os problemas começaram de madrugada, quando o veículo quebrou próximo de Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá.
“Estourou a mangueira do radiador do ônibus. A gente ficou parado na pista, perigosa, às 02h30. Ônibus lotado, não tinha um assento livre. Amanhecemos lá, quando foi umas 6h30 da manhã, desci e já tinha outras pessoas lá embaixo, na beira da estrada”.
Segundo a ageira, o motorista não conseguiu contato com a empresa e, por isso, ficou muito nervoso. Sem uma solução, ela e um grupo conseguiram acenar para um ônibus que ava na estrada e conseguiu carona.
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“O motorista estava estressado porque a empresa não estava dando retorno. Mas, já tinha um pessoal da Rota do Oeste sinalizando a rua. Na estrada, avistamos um ônibus da Viação Verde e fizemos sinal para ele parar. O motorista já estava tirando um cochilo dentro da cabine. E nós gritamos ele, que levantou meio ‘variado'”.
A esteticista segue o relato, dizendo que havia pessoas cuja presença não foi contabilizada pela companhia e que viajavam de pé, o que é proibido.
“Nós pegamos esse ônibus, eu, minha filha e mais 26 ageiros, fora crianças que não estavam na contagem. Fomos nesse ônibus da Viação Verde. Os homens foram em pé e nós mulheres fomos sentadas, nas poltronas que tinha”, acrescentou.

O ônibus que parou na estrada levou os ageiros até a rodoviária de Lucas do Rio Verde. Lá, ela afirma que não conseguiram apoio da Itamarati para que pudessem continuar a viagem e nem estorno do valor para que comprassem agem de outro empresa.
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“As meninas do guichê não autorizaram, a empresa também não autorizou. Tinha criança, mães que não tinham condições e estavam com fome. A gente começou a falar para ela: ‘Pelo amor de Deus, a gente saiu de Cuiabá às 22h. Nós estamos parados na pista desde às 2h30 da manhã. E vocês não estão dando e para nós’”.
Apesar dos pedidos, ela garante que nada foi feito e às 10h20 avistaram quando o ônibus que havia estragado na estrada parou na rodoviária.
“Quando a gente olhou, encostou um carro. E era o ônibus que tinha estragado e com o mesmo motorista, que estava bravo, nem quis abrir o bagageiro, quem abriu foi o técnico do IML que perdeu a vida”. O ageiro a que ela se refere é Clayton A. Silva, uma das oito vítimas do acidente.
De Lucas do Rio Verde eles seguiram viagem até Sorriso. “Ele gastou de 50 a 45 minutos para chegar em Sorriso. Foi correndo. Chegamos em Sorriso preocupados, dando graças a Deus que estávamos bem”.
A viagem seguiu, mas antes de chegarem a Sinop o acidente com a carreta ocorreu.
“Falou que em 1h20 a gente estava em Sinop, quando foi em menos de 50 minutos aconteceu o acidente, 11h55. Não posso dizer com certeza, se ele foi fazer uma ultraagem ou ele dormiu no volante. Mas acho que foi uma ultraagem”.
Ao todo, oito ageiros morreram no acidente, sete ainda no local e um no hospital. Segundo a SES (Secretaria de Estado de Saúde), até o momento, seguem internados quatro feridos no Hospital Regional de Sinop. Os que foram encaminhados para o Hospital Regional de Sorriso receberam alta médica.
Segundo Kely, eles não receberam apoio da empresa. “A Itamarati não deu e nenhum, nem quando o ônibus quebrou, nem quando ficamos ‘jogados’ na rodoviária e nem quando a gente sofreu o acidente”.
A ageira machucou o abdômen e o joelho, mas está em recuperação. Já a filha não sofreu nenhum ferimento.
“Fui atendida pelo meu plano de saúde, aqui no Hospital de Santo Antônio, de Sinop. Fiz uma tomografia no abdômen, porque a pancada foi muito forte. E tirei um raio-X no joelho. A minha filha, graças a Deus, não sofreu nenhum arranhão. Só está dolorida, sentido dores musculares, mas graças a Deus estamos bem”.
Procurados nesta quinta-feira (19), a Empresa Itamarati não respondeu aos questionamentos, mas na quarta-feira (18) enviou uma nota na qual disse que está prestando assistência às vítimas e familiares, e que representante da companhia esteve no local da batida “para contribuir com as autoridades competentes para apuração das causas do acidente”.
“A Expresso Itamarati manifesta seu pesar aos familiares das vítimas fatais e se solidariza com todas as demais vítimas e seus familiares, renovando seu compromisso de garantir-lhes o devido apoio”.