Única bombeira de MS, Jéssica conta desafios no Rio Grande do Sul 2r4j3e

A soldado campo-grandense Jéssica Lopes e seus parceiros, entre eles, a Laika, atuaram por 10 dias no interior do RS 1q2p2c

A tragédia no Rio Grande do Sul continua marcando a vida de muita gente, principalmente para quem atuou nas buscas e resgates das vítimas. Uma dessas pessoas é a bombeira Jéssica Lopes, de Campo Grande. A única mulher militar sul-mato-grossense no estado gaúcho.

SOLDADO JESSICA COM LAIKA NO RS OK
Soldado Jéssica Lopes e Laika em local de pedras no interior do Rio Grande do Sul. (Foto: Arquivo Pessoal)

Desde outubro de 2021, Jéssica faz parte do serviço de cães do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, o canil da corporação. Para o desafio no sul do Brasil, junto dela, seguiram o sargento Thiago Kalunga, soldado Humberto e Laika.

BOMBEIROS E LAIKA DE MS NO RS OK
Sargento Thiago Kalunga, Laika e soldados Jéssica Lopes e Humberto. (Foto: Arquivo Pessoal)

“A gente ficou atuando lá 10 dias, mas no total foram 14 fora de casa, porque foram dois dias de viagem para ir e dois para voltar. Foi um desafio muito grande na minha carreira, uma experiência indescritível, um crescimento profissional. Eu me sinto muito lisonjeada de ter tido essa oportunidade”, declara a militar. Segue abaixo um compilado de vídeos de Jéssica com a equipe no estado gaúcho:

Cena de filme 4b3c37

A primeira imagem que a bombeira viu ao lado dos parceiros foi em Roca Sales, a quase 140 km de Porto Alegre. A cidade não estava mais alagada, porém, os rastros de destruição eram assustadoras, pois seis pessoas de uma mesma família estavam soterrados.

“Era uma situação bem desafiadora porque eles tinham uma criação de 600 porcos acima da casa. Era um local inclinado, na beira do morro, o deslizamento pegou tudo. Era cerca de quase um quilômetro, talvez até um pouco mais, então era uma área muito grande”, recorda. 

JESSICA EM AREA DE DESLIZAMENTO NO RS
Jéssica caminhando por uma área de lama; logo na frente, Laika. (Foto: Arquivo Pessoal)

De lá, os bombeiros seguiram para a região de Encantado, a aproximadamente 10 minutos de Roca Sales. O local também chocou a bombeira. 

“Ver a força da água, depois que ela ou, ver as casas devastadas, comércio… É uma cena de filme que eu não imaginava que era possível. É uma situação fora da realidade, então foi muito impactante. Mas a gente é treinado para trabalhar em condições diversas, através do treinamento do bombeiro, no curso de formação, a gente consegue, mesmo nessas situações difíceis, racionalizar e atuar da melhor forma possível”. 

Soldado Jéssica Lopes, Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul

Bombeiros unidos 423xx

Os trabalhos no interior do Rio Grande do Sul foram unidos aos bombeiros de outros estados brasileiros, como Mato Grosso, Bahia e Santa Catarina, além, claro, dos próprios militares gaúchos.

“E alguns desses militares perderam tudo. A água levou a casa deles. Tinham militares que não tinham mais nada, e eles estavam ali trabalhando e atuando. Isso foi algo muito impactante e ao mesmo tempo, um contraponto ver tanto os militares, assim como eu, que saímos do nosso estado, da nossa nossa, nossa rotina, e fomos servir juntos para o mesmo propósito”, diz Jéssica.  

Os riscos para todas as equipes eram enormes, pois poderiam acontecer novos deslizamentos. Em regiões com muitas pedras, por exemplo, no alto de um morro, as quedas poderiam acontecer.

BOMBEIROS DE MS quando chegaram do RS
Militares e Laika com a bandeira do estado de Mato Grosso do Sul. (Foto: CMMS)

“Era outra situação de risco iminente, mas nós temos estratégia de segurança. Tinha militares que estavam apenas para a segurança da equipe. Então eles ficavam no topo do morro, observando o cenário e qualquer sinal do mínimo movimento, nós éramos orientados a evacuar a área, criar rotas de fuga. Foi uma situação bem arriscada. Mas, com a graça de Deus, valeu a pena. A gente voltou todos em segurança, todos bem, não sofremos nenhum risco maior, e tivemos êxito, o resultado de muitos anos de trabalho e treinamentos diários”.

Soldado Jéssica Lopes

Um dos maiores privilégios para a militar foi ver Laika indicando um local, ao lado de outros cães de buscas, como Maia e Bela, ambas de Mato Grosso. 

“Elas aram no mesmo lugar e indicaram o mesmo lugar, então a gente tem uma doutrina de ar um cão: ele indicou, a gente a um outro cão para confirmar a indicação. E todos os cães indicaram, e aí a gente pôde usar a máquina, a escavadeira, e também utilizar o serviço de desmonte hidráulico, que são algumas técnicas que a gente tem para ar e conseguir recuperar os corpos e entregar para a família. Esse é o nosso trabalho, e eu fiquei muito grata de poder ter êxito na missão e poder devolver para a família os entes queridos para que eles possam cumprir os rituais de luto e descansar em paz”, conta a militar.

Soldado Jéssica

Laika e bombeiros 5g4x6s

A Laika, de 5 anos, da raça pastor holandês, auxilia as equipes de bombeiros na busca por pessoas desaparecidas. O condutor dela é o sargento Thiago Kalunga, que esteve presente no estado gaúcho ao lado de Jéssica e o soldado Humberto.

LAIKA NO RS
Laika no meio de uma área de lama e o bombeiro segurando um terço encontrado em uma das cidades afetadas pelo desastre. (Foto: Arquivo Pessoal)

Dá play no vídeo e assista trechos de Laika em ação no Rio Grande do Sul: 6p231z

Antes de ir para o Rio Grande do Sul, a mascote ou por um longo treinamento desde filhote. As atividades com os cães costumam levar em torno de um ano e meio até dois, dependendo da situação.

“Ninguém consegue formar um cão de busca sozinho, e Eu tenho toda uma equipe, um grupo de voluntários que nos auxiliam sendo vítimas; a por provas de certificações e nessas provas é atestado que ela está apta e tem capacidade de poder atuar nas operações de busca por pessoas desaparecidas, sejam pessoas vivas ou pessoas em óbito”, explica Kalunga.

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Sargento e Laika, juntos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para o sargento, estar no Rio Grande do Sul é o maior desafio que já enfrentou em sua carreira.

“E ainda tem toda aquela questão emocional que nós temos que segurar, né? Nós não podemos nos envolver emocionalmente com a situação porque senão não conseguimos realizar o nosso trabalho com exatidão. A gente tem que ser muito racional para poder colocar as técnicas em prática, tudo aquilo que a gente aprendeu nos nossos cursos, nas nossas especializações.”

Sargento Thiago Kalunga

O soldado Humberto também relatou os momentos desafiadores. “Desde a chegada poder ver o que realmente aconteceu, depois das águas, o que a gente viu, o que a enchente causou, cidades devastadas, poucas pessoas que ficaram lutaram, em busca de algo, na esperança de reconstruir”, relembra o bombeiro. O carisma, a recepção, a acolhida da população gaúcha ficarão para sempre na memória do militar.

SOLDADO HUMBERTO NUNES
Bombeiro Humberto em local que sofreu deslizamento. (Foto: Arquivo Pessoal)

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