"Tribunal do crime": Justiça muda lugar de júri de 10 réus por morte a6vd

Foi determinado pela Justiça nesta segunda-feira (30) o desaforamento do júri de 10 pessoas que são rés pela execução de uma jovem de 19 anos, ocorrida em junho de 2018, em Sonora, cidade na divisa de Mato Grosso do Sul com o Mato Grosso, a 364 quilômetros de Campo Grande.
Os desembargadores que julgaram a solicitação aceitaram o argumento de que não há segurança para garantir o júri na cidade de 20 mil habitantes.
Foi um assassinato com características de “tribunal do crime”, como são chamados os justiçamentos feitos a mando de facções criminosas. A vítima, Lailla Cristiane de Arruda, foi decapitada, e o corpo desovado em um canavial.
De acordo com a promotoria, testemunhas e jurados têm medo de participar das audiências contra os presos pelo homicídio.
“A ordem pública na comarca de Sonora/MS e a concreta dúvida sobre a imparcialidade dos jurados decorrem da atmosfera de medo gerada (i) pela brutalidade do crime, (ii) pela quantidade de acusados e (iii) em razão do envolvimento de facção criminosa nacionalmente conhecida”, afirma trecho da peça apresentada ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
No julgamento desta tarde, a 1ª Seção Criminal, formada por quatro desembargadores, acatou a solicitação, por unanimidade.
O pedido feito foi para que o júri venha para Campo Grande, mas não há detalhamento ainda sobre o que foi definido em sua totalidade pelos magistrados, em razão de o feito correr de forma sigilosa.
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Na época da morte de Lailla, 7 adultos e três adolescentes foram apontados como participantes no “tribunal do crime”. Segundo o que foi divulgado, então, eles confessaram o crime e informaram que mataram a jovem porque ela pertencia a uma facção rival.
A bolsa da vítima foi achada no meio do canavial. O celular foi enterrado na residência de um dos presos. Os executadores chegaram a filmar o crime.
A operação que prendeu os responsáveis, feita pelas polícias Civil e Militar, encontrou o cativeiro em que a jovem foi submetida ao “tribunal do crime”, no quarto aos fundos de um lava-jato.
O julgamento dos réus chegou a ser marcado para maio deste ano, mas foi suspenso diante do pedido de desaforamento, agora autorizado pelos desembargadores.