“Sufocaram minha cabeça até eu desmaiar”, diz homem confundido com ladrão por policiais 1z486h
Em entrevista exclusiva à TV Morena, vítima afirmou que modelo do carro e ursinho no para-brisa podem ter confundido policiais 3br49
Quatro dias após ser confundido com um integrante de quadrilha especializada em furtos a condomínios de luxo, em Campo Grande, o motorista de aplicativo Diego Cardoso Roberto, de 32 anos, que denuncia agressões por parte de policiais da Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos), diz ter vívido momentos de aflição, após ser preso por engano.

Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da TV Morena, Diego, que também trabalha como chefe de cozinha e entregador, contou detalhes de sua prisão, no dia 28 de abril.
“Eu estava trabalhando, por volta das 6h40, e estava com uma ageira. Não citaram o motivo, me deram voz de prisão logo depois de desembarcar, em frente a um supermercado, no Bairro Guanandi, me algemaram e levaram pra delegacia”, destacou Diego, ao afirmar que só descobriu o motivo da prisão na delegacia.
“Lá eu fui questionando sobre um roubo e por integrar suposta quadrilham Me mostraram a foto da lateral de um carro e um vídeo que não mostra em nenhum momento a placa do veículo. Nisso, começaram as agressões, tapas, xingamentos… momento que um dos investigadores foi buscar um saco preto e eles sufocaram minha cabeça até eu desmaiar”, afirma.
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O motorista de aplicativo ainda afirma ter sofrido agressões no pé com uma mangueira e ter apanhado até pelo menos 10h da manhã, quando um dos delegados da Derf chegou ao local.
Foi em conversa com o delegado que Diego afirma ter começado a entender a prisão. “Me mostraram um vídeo de 5 segundos em posto de combustíveis. Em nenhum momento eu, ou eles, conseguimos ver a placa legível. Deduziram por causa de um ursinho semelhante no para-brisa do carro. Porém bem maior do que eu tinha no meu carro”, contou.
“Em nenhum momento eles mostraram uma foto minha no local do crime, nem a placa do veículo, só queriam que eu assumisse o crime”.
Apoiado por familiares e amigos indignados com o ocorrido, Diego denunciou a prisão injusta ao Ministério Público e à Corregedoria de Polícia Civil. “Sou inocente em tudo, nunca fiz nada, tenho ficha limpa, não seria agora que eu ia fazer um crime desse”.
Depois de entregar as senhas do aparelho celular e os policiais procurarem possíveis provas para justificar o envolvimento do motorista de aplicativo com o grupo criminoso, e justificar a prisão, Diego foi liberado. “Viram que não tinha evidência nenhuma e o delegado falou que, aparentemente, eu não teria nada”, afirmou.
Sobre a noite do crime, 16 de abril, Diego afirma que estava com familiares e amigos comemorando o aniversário de primos. Afirma ter vídeos desse momento e testemunhas para comprovar.
O advogado da vítima, Fabio Trad Filho, explica que exame de corpo de delito confirmou as alegações de Diego, comprovando as agressões.

E agora? 4k2x3l
“O próximo o é apresentar uma representação criminal contra os agentes do estado que praticaram o crime de tortura, para que sejam processados nas áreas criminal e civil. Ele é um pai de família, tem duas filhas, é trabalhador, e tortura é um crime imprescritível e inafiançável. O estado tem que dar o exemplo, ele não pode se igualar ao crime sob nenhuma justificativa”, afirmou o advogado.
Ainda segundo a defesa, todas as provas são suficiente para provar que Diego é inocente. “Eu não tenho que provar inocência, é um fato, ele estava em um aniversário de um primo e tem fotos, vídeos e provas cabais. Confundiram pelo simples fato dele possuir um gol prata, um carro muito comum”, destacou Trad.
Ainda se recuperando das agressões, Diego demonstra interesse em dar continuidade ao processo contra os policiais. “Eu quero justiça e que eles sejam punidos rigorosamente”, declarou.
Retornos 5c1m5h
A reportagem entrou em contato com a Corregedoria de Polícia Civil para atualizar o processo de investigação aberto para apurar a denúncia de agressão por parte dos policiais, não obteve resposta até a publicação da matéria.
Também solicitamos posicionamento da Polícia Civil para entender quais elementos levaram à prisão do motorista de aplicativo, e agressões sofridas por ele, e aguardamos retorno. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul foi acionado, mas também não respondeu até a finalização da matéria.
No último sábado (30), o delegado Fábio Brandalise, responsável pela prisão dos integrantes suspeitos de participar de roubos em condomínios, confirmou que houve um equívoco na prisão de Diego.
“Aparentemente, ele não tem nada a ver com o crime investigado. Foi uma infeliz coincidência, ele tem um carro bastante semelhante ao utilizado pelos criminosos”, declarou.
Brandalise ainda alegou que o motorista de aplicativo demonstrou comportamento alterado após a prisão. “Ele reclamou da abordagem, que apontaram arma para ele, que nunca tinha ado por isso, mas expliquei que a abordagem, de um grupo criminoso, que inclusive tinha subtraído armas de fogo, seguiu o padrão indicado pela doutrina”, explicou o delegado.
Na ocasião, o delegado-geral da Polícia Civil também confirmou a denúncia e afirmou que o caso está sendo investigado pela corregedoria.