"Sintonia dos Gravatas": entenda quem são os investigados do Gaeco por integrar facção 2m4e47
Quatro advogados, um analista judiciário do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, um policial penal. Esses foram os alvos presos pela Operação “Courrier” do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). As investigações desvendaram o esquema que envolve profissionais do Direito e do sistema judiciário com grupo criminoso nascido em São Paulo, mas hoje controla do crime dentro e fora dos presídios.

Foi a descoberta de pesquisas indevidas sobre autoridades policiais do Estado no Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional) que deram início às apurações pelo Gaeco.
A história levou as equipes a um esquema ainda maior, que revelou organização de atentados contra promotores de justiça de Mato Grosso do Sul e Goiás, além da ordem de assassinato contra juízes e promotores de Belo Horizonte (MG). Os “salves” da facção eram reados de dentro dos presídios e os responsáveis por “disseminar” a mensagem eram justamente advogados dos integrantes do grupo.
Na sexta-feira (25), a operação foi deflagrada e sete pessoas presas: Rodrigo Pereira da Silva – analista judiciário e chefe de cartório da 1ª Vara de Execuções Penais de Campo Grande – os advogados Paula Tatiane Monezzi, Thais de Oliveira Caciano, Bruno Ghizzi e Inaiza Herradon Ferreira, o policial penal Jhonathas Wilson Moraes Cândido e a traficante Kamila Mendes de Souza.
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O esquema 6e1p69
A partir da descoberta das pesquisas no Sigo sobre autoridade policial, o Gaeco desvendou o funcionamento de um dos núcleos da facção criminosa: a “Sintonia dos Gravatas”. Descobriu que o grupo transmitia recados de faccionados presos a outros membros da organização criminosa e tinham também outra função: istrar o dinheiro e contas bancárias dos criminosos.
As investigações em Mato Grosso do Sul começaram a partir de dois nomes, Bruno Ghizzi e Rodrigo Pereira. Com a senha exclusiva do analista judiciário, o advogado realizava pesquisas em processos e também no sistema policial para beneficiar os clientes. Em troca, realizava pagamentos e ajudava a “fonte” de informações.
Rodrigo, conforme as apurações, fazia o mesmo para outros advogados, entre elas Inaiza Herradon Ferreira. A mulher seria a defensora de personagens centrais no comando da facção no Estado, entre eles o “chefe” da Sintonia dos Gravatas: Esdras Augusto do Nascimento Júnior.
Em troca de informações, Inaiza chegou a pagar uma viagem a Bonito para Rodrigo. Interceptações telefônicas revelaram que a divulgação de dados confidências do judiciário eram frequentemente feitas aos advogados da facção e reados por eles para os integrantes do grupo.
Dentro da facção, a atuação dos profissionais é dividia em dois grupos: “advogado de processo” e “advogado de recado”. O último exige “honorários específicos”, que podem envolver a entrega de recados as famílias dos presos até a comunicação de ordens e “salves” entre os integrantes da facção. Várias mensagens e áudios comprovando a função foram interceptados pelas equipes.
O controle dos defensores também alcançava o sistema penitenciário. Jonathas Wilson Moraes Candido e outros colegas recebiam dos advogados para conseguirem transferências e alterarem registro de presos, conforme as apurações.
As investigações também chegaram a traficantes que atuam pela facção em Campo Grande. Kamila realizava a venda de drogas a pedido de outro integrante do grupo e por isso foi presa.
Os presos aram por audiência de custódia no fim de semana e tiveram a ordem de encarceramento preventivo mantida pela Justiça. As defesas ainda não se manifestaram.
Bruno Ghizzi, o pivô das apurações, quando foi ouvido, disse que queria denunciar o esquema criminal e por isso fez consultas no Sistema Sigo para buscar uma fonte “confiável”. O servidor que “emprestou” a senha a ele, segundo o Gaeco, alegou inocência. Segundo ele, o advogado se aproveitou de alguma oportunidade em que esteve na sala dele para se apossar do dado.
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