"Sintonia dos Gravatas": cabeça de esquema, preso foi transferido de MS após ser pego com celular na “Supermáxima" 5162m

Condenado a quase 70 anos de prisão por uma variedade de crimes – de asssalto a tráfico internacional de drogas – Edimar da Silva Santana, 38 anos, é um dos presos implicados na operação “Courrier”, dedicada à investigação do envolvimento de advogados de Mato Grosso do Sul com a facção criminosa atuante dentro e fora dos presídios em MS. “Arqueiro”, como o condenado é conhecido, seria um dos cabeças do esquema, dando ordens de dentro da prisão para o lado externo por meio dos “advogados de recado”.

Edimar da Silva Santana Arqueiro
Edimar da Silva Santana, o “Arqueiro”, que foi preso em MS pela PF em junho de 2020. (Foto: Canal Aberto)

“Arqueiro” é originário de Araçatuba, no interior de São Paulo, de onde estava foragido quando foi preso em junho 2020, em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, durante a operação “Exílio”, da Polícia Federal. Estava com uma carga de meia tonelada de maconha, um arsenal que incluía granadas e, ainda, lista com mais de uma centena de nomes de faccionados, conforme as informações oficiais. Por esse fato, foi condenado pela Justiça Federal a 27 anos de prisão. Ficou em Mato Grosso do Sul desde essa época até julho do ano ado, quando foi mandado para o sistema penitenciário federal, tido como o mais seguro de todos.

O motivo da transferência de “Arqueiro” é revelador do contato ilegal com advogados e servidores públicos. É que ele foi pego usando o telefone móvel na prisão estadual anunciada como “anticelular”, o presídio fechado Gameleira I, apelidado de “Supermáxima”, em Campo Grande, justamente pelo regime mais rígido. Foi a primeira vez que um preso teve o a um celular no local, que não tem nem tomadas para o carregamento dos aparelhos. Esse é um dos motivos apontados para as defesas tentarem, a todo custo, transferirem os presos desse estabelecimento, inclusive com suspeitas de pagamento de propina com esse fim.

De acordo com a investigação jornalística do Primeira Página, como os presos não têm o a tomadas para carregar o celular, a regra foi burlada por Edimar com a ajuda de um funcionário, que levava até a cela dele um aparelho com carga. Há suspeitas de participação de advogado também na negociação.

Depois dessa situação, “Arqueiro” foi transferido para o sistema prisional federal, em 2 de julho do ano ado. A última informação disponível na consulta ao judiciário é de que está cumprindo pena em Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Granada arqueiro
Granadas apreendidas quando Edimar foi pego na operação “Exílio”. (Foto: Divulgação)

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Em apuração 296n26

O episódio sobre o uso do celular na “Supermáxima” está ainda sob investigação para identificar quem auxiliou o preso a conseguir usar o aparelho. A Agepen (Agência de istração do Sistema Penitenciário) informou à reportagem que a Corregedoria do órgão apura o caso. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), por meio da promotoria ligada à 2ª Vara de Execução Penal, responsável por fiscalizar o cumprimento de pena, aguarda esse resultado para definir providências.

O Código Penal prevê pena de 3 meses a 1 ano de reclusão por “ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional”.

Operação Courrier w25m

Edimar da Silva Santana está entre os presos que tiveram prisão decretada na operação “Courrier”, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) no dia 25 de março. Ele é apontado pela investigação como um dos mais influentes no contato com os advogados que são investigados como “linha auxiliar” da facção criminosa paulista, que domina boa parte dos presídios em Mato Grosso do Sul.

A ele, é atribuída a ordem para atentado a promotor de Justiça estadual, dada em um dos recados aos “advogados de recado”, integrantes do núcleo denominado “Sintonia dos Gravatas”. Cerca de 15 profissionais estão relacionados em relatório do Gaeco. Quatro estão presos, assim como dois servidores públicos, um da Defensoria e outro da Agepen.

A advogada que representa “Arqueiro” em processos, Inaíza Herradon, está entre eles. A advogada foi detida em Olímpia (SP), em um resort de luxo. A defesa dela entrou com pedido para que ficasse em prisão domiciliar, por não haver cela específica para advogados na cidade onde foi custodiada, mas o pedido foi negado, com a determinação de transferência para Campo Grande.

Em Campo Grande, o local de custódia é o Presídio Militar, na ala onde há alojamentos especiais para os advogados, no Jardim Noroeste.

As defesas dos implicados na operação “Courrier” não se manifestaram antes da prisão. O entendimento da Justiça é de que nesse caso, as ordens de prisão, busca e apreensão deveriam ser cumpridas primeiro, para que a operação não corresse risco .

A OAB criou uma comissão para acompanhar as investigações, depois de ter participado dos cumprimento de ordens judiciais. A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e a Agepen também informaram que estão colaborando com os trabalhos investigatórios, em relação aos servidores sob suspeita. O Judiciário não se manifestou sobre o ex-chefe de cartório em Campo Grande que foi preso.

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