Sem dormir, sem comer, sem sair de casa: mulher estuprada em delegacia há 1 mês conta traumas 16681t

Ela está vivendo na Paraíba, depois de ter sido liberada pela Justiça em razão da violência sofrida quando estava sob custódia do estado 6u1r2n

Um mês depois de ser estuprada dentro de uma delegacia de Mato Grosso do Sul, mulher de 28 anos carrega os traumas da violência que sofreu em Sidrolândia – cidade a 70 quilômetros de Campo Grande. Ela mora na Paraíba e, a 3 mil quilômetros de distância, não consegue esquecer os momentos de terror vividos.

“Não saio mais de casa, só durmo à base de remédios. Não consigo comer direito, minha vida está um caos”.

Sala lilás estupro detenta
Sala onde detenta foi vítima de abuso sexual (Divulgação)

O policial civil Elbeson de Oliveira, de 41 anos, foi preso em flagrante pelo crime no dia 12 de abril e foi afastado do cargo. Enquanto o processo criminal corre, as lembranças não saem da cabeça da vítima.

“Ele já abusou de mim desde a primeira vez que cheguei. Cheguei de manhã, e à noite era o plantão dele. No primeiro dia, eu já fui estuprada. Na primeira noite, fui levada até a Sala Lilás [espaço da unidade policial dedicado ao atendimento de mulheres vítimas de violência de gênero]. Toda vez que tinha plantão dele, ele fazia questão de ir na cela”, contou a mulher em entrevista ao G1MS.

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A mulher não é de Mato Grosso do Sul. Chegou ao Estado por Ponta Porã, onde encontraria um rapaz e viajaria até São Paulo. O relato dela é de que chegou a embarcar em uma van para a Capital, mas em Sidrolândia acabou descoberta pela polícia. Carregava drogas na mochila e por isso acabou presa. Assim que chegou na unidade, diz ter sido vítima do investigador.

Para retirar a presa da cela, conforme as apurações, o investigador alegou que uma prima havia ligado para ela. “Quando saí da cela, ele começou a me ameaçar. Disse para eu não falar para ninguém, que eu não era daqui e que, se eu fizesse alguma coisa, ninguém ia sentir a minha falta”.

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A vítima conversou por vídeo com a equipe de reportagem, mas terá a imagem preservada (Foto: Reprodução)

Depois de ser violentada, a mulher foi “devolvida” a cela. Naquela noite, lembra, ficou acordada, chorando. Como o investigador cobria apenas plantões em Sidrolândia, a ida à delegacia era feita de dois em dois dias. “Eu me senti a pessoa mais desprotegida do mundo. A pessoa já está em um canto onde tem que ser protegido, e isso acontece com você?”.

De acordo com o que foi divulgado a partir das apurações, todas as vezes que Elbeson chegava na delegacia, o sentimento de medo e desespero assumia o controle. Conforme relato da mulher, o investigador sempre ia até a cela onde ela estava, a chamava na grade e começava a alisá-la. As ameaças para que não contasse a ninguém eram constantes.

“Todo plantão que ele tinha, ele ia na cela, ficava me abusando e me tocando. Depois que chegou uma menina na cela, ele não pode fazer isso ali. Foi então que ele me tirou da cela novamente, dizendo que um advogado estava me chamando”. Foi depois desse episódio que os presos na unidade resolveram contar o que estava acontecendo para a delegada responsável pela unidade.

Após o crime vir à tona, a mulher teve a prisão por tráfico de drogas revogada e voltou para cidade onde mora com a mãe e filhos. Na época, a decisão foi tomada pela Justiça de Sidrolândia para “resguardar a integridade física e psicológica” da vítima.

Apesar disso, os danos causados pelo abuso foram devastadores, aponta a mulher. “Estou tentando me reestruturar agora. Eu não comia, não bebia, só ficava com medo, o tempo todo. Ficava com medo dele fazer algum de mal comigo. No dia que os meninos denunciaram, eu ei a noite em claro, só chorando e pedindo a Deus por misericórdia. Eu não sabia o que ia acontecer. Eu tenho medo do que ele possa fazer comigo. Ele falava a todo instante que se eu abrisse minha boca, ele ia me matar. Ele disse que ia até no inferno, onde eu estivesse. O que ei não foi brincadeira. Só eu e Deus sabe o que ei”.

Depois que foi liberada, a jovem voltou para a família, mas até agora não recebeu nenhum apoio psicológico. “Minha família está me apoiando. Estou tentando me reerguer, é muito complicado. Não tem como a cabeça da pessoa ficar boa. Parece que minha cabeça não funciona mais”.

“Se não fosse minha mãe e meus irmãos, não sei o que seria de mim. Só eles para me ajudarem nesta hora. Não consigo dormir só, se eu ficar muito tempo sozinha, fico pensando que vai ter alguém querendo fazer alguma coisa comigo. Só de eu estar perto da minha mãe e filhos já é tudo. Não consigo ficar mais só”.

Elbeson foi denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul pelos crimes de estupro, importunação sexual e violência psicológica contra a vítima. A denúncia foi recebida pela Justiça do MPMS, que o tornou réu no caso.

A reportagem tentou contato com a defesa de Elbeson, que ainda não se manifestou.

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Campanha do Primeira Página. (Foto: Divulgação)

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