Policial que matou empresário no Procon alega ‘autodefesa’ 434b4c
Segundo a defesa de José Roberto, a vítima chamou o militar de policinha preto; as ofensas somadas ao ambiente estressante teria feito ele reagir e matar o empresário 2f11u
Autodefesa, somada a provocações e ofensas raciais; essa seria a explicação do policial militar reformado José Roberto de Souza, de 53 anos, para o assassinato do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 66 anos. A versão foi detalhada pelo advogado do suspeito, José Roberto da Rosa, na tarde esta quinta-feira (16).

José Roberto se entregou nesta quinta-feira e ficou preso por força de um mandado de prisão preventiva, pedido logo depois do crime pelo delegado Antônio Souza Ribas Júnior, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.
Horas depois, foi a vez da defesa do policial militar reformado falar. Segundo o advogado José Roberto da Rosa, o desentendimento entre o autor e a vítima começou tempo atrás, quando o policial procurou a empresa de Caetano para trocar o motor de uma caminhonete.
“Este evento teria ficado orçado em 30 mil reais. O José Roberto fez o pagamento deste valor, um tanto pix e outro no cartão de crédito. Após o veículo ser entregue, começou a apresentar problema. Ao longo dos dias que se sucederam, tiveram algumas discussões”. Ainda conforme o defensor, a vítima começou a cobrar por cada dia que o PM voltava para fazer os reparos necessários, que somaram R$ 3 mil.

A confusão foi parar no Procon-MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul). Antes do crime, uma audiência já tinha acontecido, mas na data, os dois brigaram por conta da nota apresentada por Caetano sobre o serviço: em vez de 30 mil, o valor era de 20 mil.
Ficou combinado então que em um novo encontro o empresário levaria a nota correta, mas segundo a defesa, não foi o que aconteceu. A vítima apareceu com uma nota de R$ 22 mil e uma nova dívida de R$ 630. Na audiência, chegou a falar que dividiria o valor em dez vezes para o policial. “Falou de forma debochada, levando em conta a questão da raça e cor da pele de José Roberto, e até o fato de ele ser policial, chamando de Policinha preto”.
“No momento em que a vítima se levantou em direção ao policial, em tom áspero, ele sacou a arma e desferiu três tiros em direção da vítima”, contou José Roberto da Rosa.
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A mesma história foi contada por José Roberto a polícia, durante o depoimento que deu nesta quinta-feira. “Ele detalhou que, desde setembro do ano ado, sentia que a vítima estaria destratando ele, tratando ele de forma desrespeitosa. Segundo o autor, o problema estaria na nota fiscal, o valor que a vítima colocou seria um e explicou que ele teria pagado mais”, confirmou o delegado.
Segundo o defensor, as ofensas raciais e o ambiente “hostil” fizeram com o que policial reagisse. Para ao advogado, o policial afirmou que não mirou, apenas atirou em direção ao “inimigo”, depois deixou a arma próximo a Lagoa Itatiaia, a polícia foi ao local, mas não encontrou a pistola calibre 380 usada por ele no crime.
A versão dos funcionários do Procon-MS, no entanto, é bem diferente. Nos depoimentos, as testemunhas afirmaram que era o policial o autor das ofensas e que o empresário sempre manteve a calma ao lidar com a situação. Revelaram também o medo constante nas salas de conciliação, já que as ameaças e até pessoas armadas eram “comuns”.

Ainda segundo o advogado, José Roberto possui problemas psicológicos e nunca saia sem a arma. O mesmo foi dito ao delegado Antônio Ribas.
“Ele alega que não teria premeditado o crime, tanto é que conforme o autor, ele já portava arma de fogo diariamente nas atividades rotineiras e naquele momento, foi quando ele e a vítima discutiram sobre a situação do problema da camionete, a vítima teria se levantado da cadeira e nesse momento ele também se levantou, sacou a arma e efetuou os três disparos”.
Em depoimento, o suspeito alegou ainda que possuía o porte da pistola, fato que a polícia ainda tenta confirmar. “Pelas informações preliminares é que o registro estaria vencido”.