PM que matou empresário foi aposentado por problemas psicológicos 59584p

José Roberto de Souza – hoje procurado por matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos – foi aposentado de forma definitiva da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul por problemas psicológicos. Anos antes, ele já não atuava mais na corporação justamente para tratamentos de saúde.

Conforme apurado pela reportagem, José Roberto aposentou suas funções na Polícia Militar em 2011. Dentro da instituição, os policiais que vão para a reserva, como foi o caso naquele ano, ainda podem ser convocados pelo Estado, em caso de necessidade. Foram apenas quatro anos nessa situação.

Em 2015, o policial militar foi reformado, ou seja, foi desobrigado, definitivamente, do serviço militar e considerado pensionista. Segundo o Portal da Transparência de Mato Grosso do Sul, José Roberto recebia por mês um valor bruto de R$ 11.555,89, com os descontos, a remuneração chegava a R$ 9.581,06.

Os problemas de saúde pelas quais José ava por tratamento não foram revelados, mas o comportamento do policial reformado acende um alerta para a intolerância; como explica a psicóloga Cléo Medeiros.

“A pessoa intolerante ela tem uma desregulação, cada vez ela se afasta mais de tudo que é diferente pra ela. Então, se é diferente como ela pensa, como ela age, como ela faria, logo não se encaixa e esse não se encaixa, ela pode se tornar muito agressiva. Porque ela vai pra uma zona que a gente chama de conflito, ali gera um conflito e ela externa de uma forma muito agressiva, muito violenta e intimidadora”.

Foi o que aconteceu com José. Na manhã desta segunda-feira (13), ele foi a sede do Procon-MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul) para participar de uma audiência de mediação com Antônio Caetano de Carvalho, dono de sócio-proprietário de uma empresa de autopeças, na Capital.

Os dois estavam ali justamente por um desacordo comercial. “A audiência já estava acontecendo e, a princípio, era uma prestação de serviço que não agradou o suspeito”, explicou o delegado Willian Rodrigues.

Diante de três testemunhas, uma delas funcionária do Procon, o policial sacou uma pistola e disparou contra o empresário, três tiros acertaram a cabeça de Antônio. A polícia já identificou a arma usada pelo suspeito; uma 380. Mas ela foi levada pelo militar, que até o momento está foragido.

Como militar reformado, José não possuía arma funcional, nem autorização militar para ter armamentos, mas como civil, tinha o direito de pedir porte de arma na Polícia Federal, como diz a lei. A equipe de reportagem não conseguiu confirmar se o suspeito tinha a documentação da pistola 380.

A defesa de José Roberto é feita pelo advogado Paulo Alberto Doreto. Para a reportagem ele explicou que foi contrato pela família, mas até o momento, não teve contato com o cliente. “Estamos tentando localizar ele e, assim que conseguirmos, vamos apresentar ele as autoridades competentes”, afirmou.

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Antônio Caetano de Carvalho também atuava como diretor da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande). Em nota, a associação lamentou a morte do empresário. “A ACICG manifesta suas condolências aos familiares e amigos neste momento de pesar”.

Depois do assassinato, a OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul) informou que cobrará de forma rigorosa a apuração dos fatos.

“A OAB/MS recebeu com consternação a notícia do homicídio durante uma audiência de conciliação, e irá acompanhar as investigações, cobrando uma rigorosa apuração dos fatos e das devidas responsabilidades”.

Já o Procon-MS suspendeu os atendimentos até quarta-feira, dia 15 de fevereiro, e afirmou que vai analisar se houve alguma falha na segurança do prédio.

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Antônio Caetano, conforme divulgado por uma filha nas redes sociais, será velado amanhã (14), às 7h, no Cemitério Parques das Primaveras.