Pipas 'voadas' são o maior problema em acidentes com material cortante 1i592a
Enfermeira de Mato Grosso do Sul morreu este ano após ter pescoço cortado por linha de pipa com cerol 6m308
Quando estão alçando voo, embelezam o céu com suas cores, mas se usadas de forma irregular, com aplicação de materiais cortantes nas linhas, as pipas podem se tornar arma letal. De acordo com o coordenador nacional do programa Cerol Não, Robson Moraes Almeida, os acidentes são causados no pós uso da linha, ou seja, quando caem do voo.

“É muito raro você encontrar um acidente que foi causado por alguém segurando a linha naquele momento. A maioria é causada por pipa voada”. Robson, que mora no interior de Minas Gerais, é motociclista e há duas décadas sofreu acidente parecido com os ocorridos em Mato Grosso do Sul este ano.
O programa é fruto da experiência de quase morte que teve. Ele explica que justamente o fato de as linhas ficarem soltas quando são cortadas das pipas dificulta que os responsáveis sejam encontrados. As linhas soltas são comumente encontradas porque o intuito do material cortante é competir com o outro empinador, vence o que “roubar” a pipa do outro primeiro.
“As pipas que estavam ali em algum local participando dessa brigas de pipa vão voar e vão cair longe da onde elas estavam ali fazendo essa disputa é por causa disso que é difícil a gente identificar o causador do acidente”.
A estudante Evelyn Santos Silva está entre as vítimas das linhas cortantes. Cinco anos atrás, quando tinha apenas 13, sofreu acidente que quase lhe custou a vida, quando estava de carona em uma moto pilotada pela avó. Conseguiu vencer a guerra, mas as cicatrizes no pescoço revelam que precisou batalhar para não morrer.
“A linha veio na direção minha e da minha avó e por impulso ela gritou: a linha está vindo. Eu tirei do pescoço dela e não senti. Isso a linha veio em mim e cortou meu pescoço e na hora da sensação de queimação coloquei a mão foi um caos. A gente caiu da moto, o pessoal me ajudou mas foi uma sensação horrível”.
No final de janeiro deste ano, a enfermeira Cátia Pavaneli, de 34 anos, que morava em Três Lagoas, morreu após ser cortada por linha com cerol enquanto ia de motocicleta para o trabalho. Em Campo Grande, também ao trafegar de moto, Patrícia da Silva Montenegro, 35 anos, quase protagonizou a mesma história, mas sobreviveu após ficar internada em estado grave e ar por cirurgia.
Apesar da letalidade, o Brasil ainda não tem uma lei de abrangência nacional que proíba a fabrição, comercialização e utilização do material cortante. Alguns projetos até tramitam no Congresso Nacional, mas ainda sem previsão de votação.
Para se ter ideia, segundo dados da Associação Brasileira de Motociclistas, cerca de 500 acidentes como os da Evelyn ocorrem por ano no país, sendo que 50% deles resultam em lesões graves e 25% acabam em morte. Em Campo Grande a GCM (Guarda Civil Metropolitana) reforçou as ações e fiscalizaçõe. Em 2023 foram 28 operações, com apreensão de 300 carreteis e 120 pipas.
Em 2024, somente no mês de janeiro, foram 4 operações que resultaram em 98 carreteis e 98 pipas apreendidos. Em 2008 foi criada lei municipal que proíbe a comercialização das linhas cortantes, tendo como pena reclusão de 3 meses a um ano.
Em 2020 o texto foi reformulado e ou a prever punições financeiras com multas que chegam a R$ 1 mil para usa e R$ 5 mil para quem vende. A aplicação é de responsabilidade da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).
Bom exemplo 703u1x
O grupo de escoteiros Olavo Bilac promove atividades incentivando o uso consciente da pipa.
“Falamos a respeito da segurança. O local ideal para a soltagem de pipa, um lugar aberto, sem linha de energia, sem ar cerol. Falamos a respeito dos perigos que essa prática não consciente traz para as crianças, para ele, para os outros”, explica o diretor do grupo, Tersio Lescano.
Desde a semana ada a reportagem tenta saber quantas multas foram aplicadas até agora em Campo Grande, mas não houve retorno da Semadur até o momento.
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