Peritos divergiram em laudos psicológicos sobre homem que matou a irmã asfixiada 175r72
Peritos da Justiça de Mato Grosso do Sul se contradizem ao tentar traçar um perfil de Antônio Benites, que confessou ter matado a irmã, Patrícia Benites, no bairro Tiradentes, em Campo Grande e está preso desde o fim de semana.

Em 2019, a Justiça demandou uma avaliação psicológica de Benites para decidir sobre a possibilidade de progressão de pena. Na ocasião, ele respondia por roubo e tentativa de estupro da cunhada.
No documento, o perito apontou que Benites teria transtorno de personalidade antissocial, um padrão de “desrespeito e violação dos direitos dos outros, que começou na infância e continuou em sua vida adulta”. Isso, segundo o especialista, significava “psicopatia, sociopatia ou transtorno de personalidade dissocial”.
Nessa mesma análise, ele foi considerado impulsivo, com agressividade irritável, personalidade arrogante, pretensiosa e infantil. O laudo indicou ainda que ele não tinha condições psicológicas de aceitar o convívio social e cumprir regras, nem possuía capacidade psicológica para trabalhar sem supervisão do Estado.
Em 2020, outro perito judiciário analisou o detento e reforçou que Benites representava um perigo para a sociedade. Na ocasião, o especialista o descreveu como possuidor de uma “grave alteração de caráter, instabilidade afetiva emocional, egocentrismo, impulsividade e tendência à agressividade”.
Em 2021, o perito que fez a análise de 2019 voltou a examinar Benites e chegou a uma conclusão totalmente diferente da registrada dois anos antes. Informou que Benites demonstrou capacidade psicológica para controlar e sublimar suas “pulsões agressivas” e mais, que a personalidade do então, detento, estava “preparada para a segura reinserção social”. Deste modo, o perito recomendou que o suspeito obtivesse o benefício da progressão de pena.

Após essa recomendação, Benites conseguiu a liberdade condicional, com monitoramento por tornozeleira eletrônica, em 2022. Ele ainda estava com o equipamento quando matou a irmã, mas depois, para tentar fugir cortou a cinta que prendia o aparelho à perna.
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul informou que não vai se pronunciar sobre decisões judiciais. A reportagem tentou contato com os peritos que assinam os laudos do suspeito, mas até a mais recente publicação da matéria não conseguiu.