Operação Simulacrum: investigação aponta que PMs pagaram informante com armas e drogas 1zxs
São seis inquéritos policiais que contam os fatos em ordem cronológica, entre 4 de outubro de 2017 e 3 de outubro de 2020 1z2p11
Investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado aponta que os policiais militares alvos da Operação Simulacrum, deflagrada em março em Mato Grosso, pagaram um informante com dinheiro, drogas, armas e até celulares furtados para fazer emboscadas que resultaram em assassinatos.

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O pagamento era uma recompensa pelo informante cooptar pessoas para ações criminosas e depois rear à polícia as informações. Com as identificações, PMs do Bope (Batalhão de Operações Especiais), Rotam (Ronda Ostensivas Tático Móvel) e Força Tática cometiam as execuções em locais ermos e depois alegavam que as mortes teriam ocorrido durante troca de tiros, segundo as investigações.
A Operação Simulacrum foi deflagrada no dia 31 de março. Os policiais são investigados pela morte de 23 pessoas em Cuiabá e Várzea Grande, ocorridas entre 4 de outubro de 2017 e 3 de outubro de 2020.
Depoimentos 3q5o42
Quatro pessoas sobreviveram nas emboscadas e outras testemunhas também prestaram depoimentos. Todas contaram que um homem, geralmente em um carro vermelho, se apresentava como segurança particular e dizia que procurava comparsas para um assalto.
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O suposto segurança, na verdade, era um informante de policiais militares, e é acusado de ser cúmplice nas execuções. Ele confessou tudo em detalhes, mas responde em liberdade e diz que corre risco de morte, por isso não foi identificado.
O agenciador de emboscadas disse ainda que algumas das execuções foram encomendadas pelo tenente Alisson Brizola, que o pagou com R$ 700, armas e drogas, segundo o promotor de Justiça Vinícius Gahyva Martins, do MPE.
Relato de sobrevivente 1n3wx
Em julho de 2020, oito pessoas foram alvo do suposto grupo de extermínio da polícia, mas dois rapazes conseguiram escapar. Eles procuram o Ministério Público e a Polícia Civil para dar detalhes do que teria acontecido.
“Só deu tempo de abrir a porta do lado direito e fomos rastejando para o mato”, disse um dos sobreviventes. Ele tem agens criminais de furto e não teve a identidade revelada. Nessa ação, foram identificados os disparos de mais de 200 tiros em dois carros.
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Este sobrevivente confirmou que o convite para participar do suposto assalto partiu do informante da polícia, que disse a eles ser segurança de um deputado. “Ele pediu para irmos em, no mínimo, dois carros. A gente foi indo devagarzinho e na hora que ele acelerou, começaram os tiros”.
Nesse caso, o informante disse à Justiça que foi procurado por policiais do Bope para armar a emboscada.
A orientação de acelerar quando chegasse ao local teria partido dos policiais: o sargento de inteligência do Bope, Antônio Vieira de Abreu Filho, e Brizola. Ambos teriam ainda pedido que ele não olhasse para trás.
Uma mulher, casada com um dos seis mortos na ação, disse que o marido tinha agens por tráfico e roubo. “Eles podiam muito bem prender todos os meninos e a justiça ser feita de outra forma. Não tirando a vida de ninguém”.
Execuções eram para ganhar respeito 2bm6m
Outro morto desse caso é o soldado da PM, Oacir Taques Neto. Segundo as investigações, o policial também foi convidado para participar do falso assalto. “Os executores dos crimes, na bem da verdade, não sabiam exatamente quem era executado”, disse o promotor.
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Nem todos os mortos tinham antecedentes criminais. O pai de um dos mortos disse que perdeu o filho de 19 anos, que era entregador de uma lanchonete.
“Ele não fez assalto. Ia fazer, mas simplesmente eles julgaram e condenaram. Condenaram à morte”. O filho dele foi morto em outubro de 2019 por policiais da Rotam, de acordo com as investigações.

O informante disse que um dos policiais que combinava as emboscadas é o PM Jonathan Carvalho de Santana, soldado do setor de Inteligência da Rotam. Esse policial, segundo o informante, chegou a entregar a ele o celular de um dos mortos como forma de pagamento.
Liberdade 5g2o6c
Os policiais chegaram a ser presos, mas agora respondem em liberdade. Eles negam as emboscadas e as execuções. Nenhum dos citados quis falar com a reportagem. O informante deve ter a pena reduzida se for condenado, mas responde pelos mesmos crimes que pesam sob os policiais.
Consta da ação que culminou nos pedidos de prisão que eles são suspeitos de homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro, estupro, atentado violento ao pudor, rapto violento, epidemia com resultado de morte, envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte, quadrilha ou bando, genocídio, tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro e crimes previstos na Lei de Terrorismo.