'Minha voz foi cortada', diz mãe presa em audiência da morte do filho 6t303h
Audiência foi a primeira do caso, sete anos depois do assassinato do filho de Sylvia Mirian Tolentino de Oliveira 76d26
Em 29 de setembro, a cabeleireira Sylvia Mirian Tolentino de Oliveira recebeu voz de prisão do juiz da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, Wladymir Perri, durante audiência contra o homem acusado de matar o filho dela.
Em entrevista ao MT1, da TV Centro América, ela afirmou que ainda sofre com a situação, pois só “queria falar, mas teve a voz foi cortada”.
“Quando veio a voz de prisão, eu disse pra ele: “você pode me prender, mas vou com dignidade, porque meu direito de falar, é meu direito”, disse.
A audiência foi a primeira, sete anos depois do assassinato do filho. De acordo com a cabeleireira, além da perda do filho, ela teve outras em sua vida. “Entrei em depressão, perdi emprego. Ele deixou uma filha com a minha nora, que sofrem até hoje”.
De acordo com a promotora Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, que estava na audiência, a confusão começou depois que a mãe foi perguntada se estava confortável em prestar depoimento diante do réu acusado de ter matado seu filho.
A promotora disse que fez a pergunta por acreditar que a mãe ficaria mais tranquila se retirassem o réu da sala de audiência. Entretanto, a mãe surpreendeu ao dizer que o acusado não era ninguém para ela.
Em seguida, o advogado do réu interrompeu o julgamento e pediu respeito ao acusado. Depois, a magistrado ou a repreender a mãe.

A promotora diz que o magistrado acabou exigindo um comportamento da mãe, sem ao menos, compreender o que ela estava ando.
Marcelle narra que ao final da audiência a mãe se levantou e jogou um copo de plástico que ela segurava. Olhou para o réu e disse: “da justiça dos homens você escapou, mas da justiça Deus não escapa”.
Prisão surpresa p1k4t
A surpresa veio na ata da audiência. O magistrado disse que a mulher teria jogado o copo e danificado o patrimônio público, quebrando o bebedouro. “Como um copo de plástico quebra um bebedouro?” questionou a promotora.
Após a audiência, a mãe recebeu voz de prisão e só pôde sair do Fórum 4h depois e foi levada para a Delegacia, onde prestou depoimento e foi liberada.
“O delegado não lavrou flagrante, pois concluiu que não havia provas. Ela não teve liberdade de expressão, não foi ouvida. Isso doeu no meu coração”, disse a promotora.
Sylvia cobra justiça e espera que o juiz reconheça que errou. “Ele errou comigo! Não deveria ter sido presa. Isso me dói muito, fiquei com muita vergonha e magoada porque era para ele me defender”, disse.
O juiz informou, por meio de assessoria jurídica, que ele mesmo pediu apuração do caso à Corregedoria-Geral da Justiça do TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso) e ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
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Contudo, na ata, o juiz afirmou que depois da perícia na gravação vai representar Sylvia, por crime contra honra. Em nota, a assessoria do juiz informou que ele está afastado após uma cirurgia e a suspeição, para afastamento do caso, ainda não foi analisada.
A Corregedoria-Geral da Justiça de Mato Grosso informou que irá instaurar sindicância para apurar a conduta do magistrado. O procedimento tem o prazo de 140 dias e tramita em sigilo.
Já o advogado do réu informou que registrou boletim de ocorrência contra Sylvia pelo crime de ameaça e calunia, devido ao tom grosseiro e aos xingamentos ao defensor após a prisão.
Além disso, que o fato dela ser mãe de uma vítima assassinada não justifica a reação dela. Sobre o vídeo, ele disse que fez depois que Sylvia se dirigiu a ele e a réu e que não existe impedimento legal em fazer a gravação.