Magno de Souza e 9 indígenas estão presos por invasão em Dourados 3u2e2b
Dez presos aram por audiência de custódia na Justiça estadual, mas durante a análise das prisões, o juiz entendeu que a competência era da Justiça Federal 3b5b3
O ex-candidato a governador do estado, Magno Souza e outros nove indígenas foram presos por invadirem uma propriedade rural de Dourados – cidade a 201 quilômetros de Campo Grande – durante o fim de semana. Mesmo com a ação policial, nesta segunda-feira (10) um grupo continua na região em que é construído um condomínio de luxo e defende que a área é do povo guaraní-kaiowá.

A retomada começou na sexta-feira (7), em uma área que pertence a uma construtora e onde é erguido o empreendimento de alto padrão – com conceito Spa Resort. Segundo a polícia, para entrar na propriedade, o grupo indígena destruiu um muro de concreto e ainda agrediu o caseiro da fazendo ao lado.
O homem contou a polícia que também é indígena, mas trabalha como caseiro na propriedade vizinha a retomada. Na sexta-feira percebeu que parte do gado havia fugido e foi atrás dos animais. No pasto, no entanto, foi surpreendido por dois suspeitos com um facão. Acusado de “ajudar” os fazendeiros, ele foi agredido e ferido com dois golpes de facão.
O caseiro conseguiu escapar com vida e a Polícia Militar foi avisada. No registro, consta que no primeiro dia de invasão as equipes foram ao local e encontraram os indígenas dentro do terreno da construtura; pediram então que eles deixassem o local, mas o grupo negou sair e, segundo o boletim de ocorrência, foram tratados com hostilidade.
Diante do risco de confronto, os militares deixaram o lugar e pediram reforço para resolver a situação. Equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar foram enviadas a Dourados e no sábado (8), foram a região de retomada.
Desta vez, os indígenas não reagiram e nove deles foram levados para a delegacia. Com eles os militares encontraram armas – facas, facões e uma pistola adaptada para calibre 22 – além de lonas, usadas para construir barracos. Os policiais descobriram também que contêineres com ferramentas da obra foram arrombados durante a ocupação.
Os nove indígenas receberam voz de prisão e enquanto eram levados para a delegacia, buscas pela região foram feitas atrás de outros suspeitos. Neste segundo momento, os policiais encontraram Magno Souza, ex-candidato a governador de Mato Grosso do Sul, escondido no matagal. Ele foi apontado como líder da retomada e por isso também foi preso.
Na delegacia, os dez detidos negaram as acusações. Eles explicaram que a área invadida é de origem indígena e por isso não poderia receber a construção de um condomínio de luxo. Todos eles confessaram ter ido dar apoio a retomada, mas afirmaram não ter participado de nenhuma agressão, não saberem de quem é a arma e não derem visto quem destruiu o muro do empreendimento.
Magno afirmou ainda que não era o líder do movimento, que é a liderança de outro assentamento e reforçou que só foi ao local porque pediram sua ajuda. Alegou também que viu danificaram os contêineres e que pediu para pararem, mas que haviam mais de 40 pessoas da retomada envolvidas.
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Os dez presos aram por audiência de custódia na Justiça estadual, mas durante a análise das prisões, o juiz entendeu que a competência era da Justiça Federal. “No momento aguardamos a remessa dos autos do processo à justiça federal de dourados para fazer o pedido de liberdade em prol dos indígenas”, explicou a defensora pública da união, Daniele Osório.
Segundo Daniele, apenas um idoso de 77 anos foi colocado em liberdade imediata, porque apenas ava pelo local quando foi detido. Os outros envolvidos, ainda aguardam a mudança de competência, que é tratada como prioridade.
Conforme apurado pela reportagem, dois boletins de ocorrência contra a retomada foram registrados: o primeiro referente as prisões pelos crimes de dano, porte ilegal de arma, associação criminosa e o segundo sobre a ocupação em si, feito por vizinhos da propriedade da construtura, que também teria tido as barreiras desrespeitadas.
O que diz o MPF 542n5s
Em nota, o Ministério Público Federal revelou que no dia primeiro de março os indígenas procuraram os promotores para falar sobre a construção na área indígena e que depois disso, a empresa foi oficiada.
Paralelamente a isso, um laudo antropológico na região estava sendo elaborado, justamente por conta da pressão mobiliária sobre áreas que os indígenas guaraní-kaiowá entendem como área de ocupação tradicional. Diante disso da atua situação, o MPF reiterou o ofício à empresa, e conseguiram uma conversa inicial e paralisação das obras.