Indígenas ocupam fazenda em Rio Brilhante e Batalhão de Choque é acionado 34103n
Indígenas Guarani-Kaiowá ocupam desde a madrugada deste sábado (26) a Fazenda Inho, que faz parte do território de Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante. Militares do Choque foram acionados. No vídeo enviado pela comunidade Guarani-Kaiowá é possível ouvir tiros de borracha da ação.
Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a ocupação é uma reação à iniciativa de estabelecer um assentamento rural dentro da área reivindicada e que está em processo de identificação como terra de ocupação tradicional indígena.
Ainda conforme o Cimi, lideranças relatam que a situação chegou a ficar tensa e que os indígenas estão sendo ameaçados.
Um grupo de 30 indígenas também chegaram a interditar o trecho na altura do km 307, na BR-163. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) esteve no local. A rodovia ficou parcialmente interditada das 11h da manhã até por volta das 17h.

Em áudio enviado ao prefeito de Rio Brilhante, Lucas Foroni (MDB), o proprietário da fazenda diz que a sede foi “invadida com uma porção de gente e que botaram o caseiro para fora”. Ele ainda fala que os indígenas estão mexendo no maquinário. “Estão falando que aquilo é deles e que ninguém tem autoridade. Nós já ligamos para a Federal [Polícia Federal] que está indo pra lá falando que vai tirar”.
Em vídeo enviado à TV Morena, Lucas Foroni confirma o que ele chama de “invasão” e recorda que a área é uma zona que tem sido palco de conflitos anteriormente.
“Fazia tempo que não havia relatos, hoje infelizmente teve essa invasão. Já falamos com a tropa do Choque, do Bope e do comando da PM. Estão em ação, e como istração, governaremos para todos, mas acredito que invasão não seja o caminho e a gente está aqui para estabelecer justiça”.
Ocupação Indígena 3j6r3n
A ocupação iniciou, ainda de acordo com o Cimi, depois que os Guarani-Kaiowá receberam a informação de que famílias cadastradas para o novo assentamento ocupariam a área da fazenda neste final de semana, com a intenção de pressionar o Estado para agilizar a concessão de crédito fundiário.
“Já vieram fazendeiros e nos ameaçaram. Falaram que estamos em pouquinhas pessoas, é só meter bala e termina logo. Aí o pessoal começou a falar com eles e agora eles recuaram, foram para a cidade. Eles falaram que vão articular as pessoas e que vão voltar com peso de tarde”, afirma uma liderança do tekoha, não identificada por razões de segurança.
Indígenas de Laranjeira Nhanderu dizem que a criação do assentamento é ilegal, justamente por ser em área reivindicada como de ocupação tradicional e incluída no estudo antropológico para a demarcação do território.
O território Laranjeira Nhanderu aguarda a conclusão dos estudos demarcatórios e foi incluído no TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) firmado entre MPF (Ministério Público Federal) e Funai em 2007, que estabeleceu um plano de estudos para a demarcação de terras indígenas Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul. O território de Laranjeira Nhanderu está incluído nos estudos da Terra Indígena (TI), que ainda está em processo de identificação e delimitação.
O Primeira Página tentou falar com o Choque, que informou que uma nota sobre o caso seria enviada posteriormente.