Ex-presidente da OAB-MT é alvo de operação que investiga venda de decisões no STJ 57131
Durante as buscas, um HD externo e diversos documentos foram recolhidos para análise, como parte das provas que podem contribuir com a apuração sobre a suposta atuação do esquema. 6w4r
O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT) e membro honorário vitalício da entidade, Ussiel Tavares, está entre os alvos da 5ª fase da Operação Sisamnes, realizada nesta terça-feira (13).
A ação da Polícia Federal investiga um esquema de venda de decisões judiciais envolvendo gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em três estados — seis deles em Mato Grosso, onde a operação teve foco principal. Os alvos estão distribuídos entre quatro endereços em Cuiabá e dois em Várzea Grande. Também são cumpridos mandados em Primavera do Leste.
Durante as buscas, um HD externo e diversos documentos foram recolhidos para análise, como parte das provas que podem contribuir com a apuração sobre a suposta atuação do esquema.
Em nota, a OAB-MT afirmou estar acompanhando o caso por meio do Tribunal de Defesa das Prerrogativas (TDP), “para resguardar as devidas prerrogativas e direito à ampla defesa e ao contraditório”.
A entidade também declarou que confia nos órgãos competentes para a elucidação dos fatos.
Por meio de nota, o advogado disse não ter recebido a decisão que embasou o pedido de busca e apreensão e que desconhece os motivos da ação.
“Reafirmo meu total compromisso com a verdade e coloco-me inteiramente à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários. Estou absolutamente tranquilo, confiante na Justiça e certo de que a verdade prevalecerá. Como advogado e ex-presidente da OAB-MT, sempre pautei minha conduta pela legalidade, ética e transparência”, ressaltou Ussiel.
Ligação com homicídio em Cuiabá 256k4b
Segundo a Polícia Federal, o grupo alvo da operação atuava por meio de uma estrutura empresarial usada para lavar dinheiro e ocultar a origem dos valores pagos como propina em troca de decisões judiciais favoráveis.
A investigação aponta indícios de corrupção ativa e iva, organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e operação irregular no mercado de câmbio.
A Operação Sisamnes teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá. A morte levou os investigadores à descoberta de um suposto esquema de venda de sentenças em Mato Grosso, que teria se ramificado até o STJ.
Dois suspeitos seguem presos preventivamente: o coronel do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, detido no 44º Batalhão, e Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como lobista ligado ao grupo investigado.
A polícia suspeita que o crime contra Zampieri esteja relacionado ao esquema, e a investigação permanece sob sigilo.
Em fases anteriores da operação, três servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso foram afastados, além de dois desembargadores, após o conteúdo do celular da vítima revelar conversas comprometedoras.
Na fase atual, o Supremo Tribunal Federal determinou o afastamento de três chefes de gabinete do STJ e bloqueou cerca de R$ 20 milhões em bens e valores dos investigados.