Estopim de crise na região sul, morte de indígena de MS é investigada pela polícia paraguaia 3c4e1u
A tensão entre fazendeiros e indígenas na região de Amambai – cidade a 338 quilômetros de Campo Grande – é antiga, mas a morte de um jovem de 18 anos em maio deste ano foi o estopim para o conflito que na sexta-feira, dia 24 de junho, matou Vitor Fernandes, de 42 anos e deixou ao menos outros 10 feridos: três militares e sete indígenas.

A morte do adolescente ocorrida em maio ainda não teve qualquer suspeito identificado. O Primeira Página teve o aos documentos iniciais do registro no país vizinho, indicando apenas que o corpo foi encontrado numa área de mata.
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Para entender as histórias que levaram aos conflitos de sexta-feira, é preciso retroceder alguns anos. Segundo os Guarani Kaiowá, a propriedade rural em que o assassinato aconteceu fica dentro da Reserva Indígena de Taquaperi, mas foi apropriada por fazendeiros. Desde então, a comunidade reivindica parte do território.
A morte do jovem agravou o clima tenso na região. Alex Recarte Vasques Lopes foi morto a tiros no dia 20 de maio. Ocorpo foi encontrado no dia seguinte, na cidade de Capitán Bado, a cerca de 30 metros da linha de fronteira com Mato Grosso do Sul.
No local em que estava o cadáver, uma área desabitada próxima ao aeroporto da cidade, a polícia paraguaia não encontrou nenhum projétil ou prova do crime, o que indicava que o rapaz foi somente abandonado ali. A irmã de Alex foi quem fez o reconhecimento do corpo e contou como ele teria sido morto.
No depoimento, a jovem revelou que a aldeia em que a família mora, a Guapoy, fica perto da propriedade rural em que o irmão foi morto. Na tarde do dia 20 de maio, Alex tentava voltar para a casa. Ele já estava bêbado, andava com um facão na mão e entrou na área da fazenda para “encurtar” o caminho.
Dentro da propriedade rural, foi atacado por um cachorro. O jovem usou o facão para se defender e no meio da confusão, ele foi baleado várias vezes por um dos funcionários da fazenda. Foram pelo menos oito tiros. Segundo a irmã de Alex, o corpo ficou escondido no matagal até a noite. No escuro, os suspeitos jogaram o rapaz sem vida em uma rua desabitada do Paraguai.

Conforme apurado pela reportagem, logo que a morte de Alex foi noticiada a autoridades, equipes da Polícia Federal foram até Amambai e produziram um relatório sobre o crime, documento que foi enviado ao Ministério Público Federal para apuração das denúncias feitas pelos indígenas. Os detalhes não foram divulgados para não prejudicar as investigações.
Do lado Paraguaio, a polícia também tenta desvendar o crime, mas até o momento, não há novidades ou informações sobre o autor do assassinato.
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A morte de Alex causou revolta na população indígena pela maneira cruel como ele foi morto e abandonado no Paraguai. Grande parte da família do adolescente vive na Reserva de Amambai e decidiram participar da retomada da aldeia Guapoy, dois dias após o crime assassinato.
Na primeira tentativa, foram expulsos por ação policial e de fazendeiros, mas retornaram o movimento nessa sexta-feira.
O conflito, no entanto, terminou com a morte de Vitor Fernandes, nove indígenas e três policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar feridos. Os policiais sofreram lesões leves, já entre os índios, uma mulher está internada em estado grave.