“Espero Justiça”, diz advogada vítima de injúria racial em show do Belo 3f55c
Advogada registrou boletim de ocorrência contra agressora, na tarde desta segunda-feira (4), em Campo Grande tx1w
Vítima de injúria racial durante um show do cantor Belo, no último domingo (3), a advogada Juliana Aparecida Silva de Souza, de 31 anos, agora espera que a Justiça seja feita. A campo-grandense registrou um boletim de ocorrência contra a autora das ofensas, a servidora pública de Ribas do Rio Pardo, Suzy Meire Velasque, de 49 anos, nesta segunda-feira (4).

“O que eu espero é que a partir de agora a gente consiga fazer Justiça, não só por mim, mas por todas as pessoas pretas do mundo. Nós lutamos tanto por isso, temos uma legislação que abraça a gente, que foi alterada recentemente, então, a expectativa é de que a Justiça comece a ser feita a partir de agora”, comenta Juliana.
Já era madrugada de domingo, dia 3 de dezembro, quando a advogada foi surpreendida pela atitude da servidora. Sem motivo algum, a mulher arremessou um copo cheio de bebida na advogada. Em seguida, a filha de Suzy ainda partiu para cima da vítima.
“Eu disse que não gostaria de ser empurrada, disse para ela não encostar a mão em mim. Nesse momento veio a agressora e começou a me empurrar e a me ofender. Ela disse para eu sair dali e falou que era para eu me enxergar e que era por conta disso aqui”, disse a agressora, apontado para a cor da pele da advogada, conta Juliana.
É crime 2orv
Segundo o código penal, atacar uma pessoa devido à cor da pele dela é injúria racial. Diferente do racismo, quando a ofensa é direcionada à coletividade. Em ambos os crimes, as penas podem chegar a 5 anos de prisão.

“Por exemplo, impedir uma pessoa de entrar em um comércio, isso é racismo. Agora impedir aquela pessoa de entrar usando predicados relacionados à cor, à religião ou outras ofensas, direcionadas especificamente para uma pessoa, estamos falando de injúria racial”, explica o presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Mato Grosso do Sul, Chrystian de Aragão.
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Em Mato Grosso do Sul o setor responsável pela investigação de crimes raciais e delitos de intolerância, funciona dentro da Depac do Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Integrado de Polícia Especializada). Mas para a coordenadora do fórum permanente das entidades do movimento negro, Romilda Pizzani, o estado precisa de uma delegacia especializada nesse tipo de crime.
“É uma luta do movimento negro já há muitos anos, para termos uma delegacia para crimes raciais. É importantíssimo, pois nós estamos falando de uma população afro sul-mato-grossense, que a dos 52%. Ou seja, pouco mais da metade da população do estado é afrodescendente, e precisa ter esse amparo, um instrumento para poder recorrer e se sentir segura“, comenta Romilda.
Organização do show 704e6n
Em nota, a assessoria do cantor Belo informou que não teve conhecimento da denúncia.
“O artista não compactua com qualquer atitude deste porte ou de qualquer outro que possa ferir a integridade física e moral de outro ser”, completa a o posicionamento.
A reportagem não conseguiu contato com a servidora acusada de injúria pela advogada.
