“Escorou na minha poltrona e atirou”, diz testemunha de morte em ônibus 65116l
Bastante assustado, ageiro relata insegurança em ponto de embarque e desembarque, na região do Imbirussu, em Campo Grande; vídeo mostra assassino sendo deixado para trás por comparsa e prisão 4k3f30
O barulho do tiro ainda vai demorar para sair da mente do mecânico e ageiro do ônibus de viagem que se preparava para deixar Campo Grande, rumo a Ponta Porã, quando uma pessoa foi morta, na manhã desta quinta-feira (13). Ao lado da vítima, a testemunha viu o assassino entrar no veículo e disparar contra Alfredo Araújo Garcia, de 28 anos.
“O cara entrou, vi ele armado, fiquei pensando que era rotina da Polícia. Foi direto no banheiro, quando ele voltou, ele escorou na minha poltrona e atirou. O primeiro disparo foi executado já e aí a arma negou três vezes”, revelou o ageiro, que não será identificado.
Imagens de câmera de segurança mostram parte da ação. No vídeo, é possível ver quando o suspeito, identificado como Paulo de Oliveira Andrade, 33 anos, chega em um carro preto, acompanhado de outra pessoa. Ele se dirige até o ônibus e, logo depois, volta correndo.
O comparsa, que dirigia o carro, acelera e deixa o amigo para trás. Câmeras também registraram a tentativa do suspeito de fugir, e o momento que policiais à paisana o capturam.
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Segundo apurado pela reportagem, o suspeito contou à polícia ter agido por vingança. Segundo ele, Alfredo teria participação na morte de sua irmã. Segundo a PM, Paulo possui diversas agens, inclusive por homicídio, tentativa de homicídio, tráfico de drogas, lesão corporal, ameaça e porte de arma.
Segurança 143e2i
Para quem viu de perto o crime, o medo só aumenta. “Todo mundo fica assustado, né? Eu mesmo fiquei sem reação. Ainda tá tinindo um pouco o ouvido. A gente está num ônibus, a gente quer chegar em casa, descansar de boa. Ninguém espera por uma cena dessa. A gente acha que está seguro, mas, infelizmente, estamos inseguros até dentro do ônibus. Eu acho que tinha que ver em questão da segurança dos ageiros e ter mais cuidado no embarque e desembarque”, ressaltou o ageiro.
Posicionamento 5a5u2v
A reportagem questionou a empresa Cruzeiro do Sul, sobre o procedimento seguido para embarque e desembarque de ageiros fora da rodoviária de Campo Grande. Segundo o diretor da empresa, Osvaldo César Possari, tudo é realizado conforme legislação.
“Na legislação estadual, você tem que apresentar o documento pessoal para embarcar. É diferente da regulação do aéreo, que é mais rigoroso. Nós embarcamos ali a mais de 40 anos, nunca teve nada. Temos que entender que foi um acerto de quadrilha, poderia ter acontecido dentro de um mercado. Até na rodoviária ele poderia ter embarcado armado, não existe raio-x, como no aeroporto”, explicou.
Ainda segundo o representante da empresa, o assassino subiu no ônibus no momento que o motorista embarcava um ageiro e guardava malas no compartilhamento de cargas, na lateral do veículo.
“Não foi a falta de segurança. Ele, provavelmente, sabia que a pessoa estava lá. Em todas as saídas da cidade tem um ponto de apoio (embarque), porque a rodoviária não fica em um ponto central. Ele podia ter ido lá no Pênfigo, poderia ter acontecido em outros lugares. O ônibus é obrigado a parar em estradas, em uma fazenda, por exemplo. Foi uma fatalidade ele ter escolhido o ônibus, mas poderia ter sido até em um supermercado”, ressaltou o diretor.
No momento do crime, 33 ageiros estavam no ônibus que tinha como destino Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. “Lamentamos que tenha acontecido dentro do ônibus. Todas as pessoas que não estavam envolvidas ficaram intactas e, na mesma hora, um outro ônibus foi acionado e os ageiros seguiram viagem”.