Em 5 anos, polícias de MT registram 1,3 mil ocorrências de armas roubadas e furtadas 2f6p6b
Falta de transparência e detalhamento atrapalham controle de armamento do Poder Público 608g
Mato Grosso registrou, de 2017 a 2021, 1.349 ocorrências de armas roubadas ou furtadas da Polícia Militar, Polícia Civil e da Polícia Penal. Especialistas apontam que essas perdas, geralmente, são para criminalidade. Por falta de transparência, não foi obtida a quantidade de armas perdidas nesse período.

O levantamento foi feito pelo Primeira Página, com dados obtidos por meio da LAI (Lei de o à Informação). Cada ocorrência representa uma situação em que uma ou mais armas foram furtadas ou roubadas.
A maior quantidade de ocorrências de armas furtadas e roubadas foi em 2018, quando houve o registro de 557 casos. A reportagem não conseguiu obter o detalhamento da quantidade de armas perdidas em cada ocorrência.
Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ivan Marques avalia que armas de fogo são nocivas para a sociedade, por muitas vezes, quando perdidas pelos agentes policiais, chega até a criminalidade.
“Contando que a arma de fogo é o maior instrumento usado para homicídio no Brasil, mas lembrando que ela também é usada para viabilizar roubos e muitos outros crimes violentos, é preciso ter o mínimo de responsabilidade do usuário”, diz ao Primeira Página.
A reportagem tentou ainda levantar a quantidade em número de armas e o modelo do material lesado, no entanto, nem a Sesp-MT (Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso), nem as corregedorias de cada unidade policial informaram os detalhes solicitados.
O único valor disponibilizado do furto e roubos de armas da Polícia Penal. Segundo a Sesp, foram registrados roubos e perdas de 9 armas entre 2017 e dezembro deste ano. No entanto, mais uma vez não foi detalhado o tipo/modelo de arma perdida.
Para o pesquisador Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz, organização independente com foco em segurança pública, o número de ocorrências de roubos e furtos de armas registradas no período é significativo. Em comparação com instituições maiores, nacionalmente, a quantidade de ocorrências em Mato Grosso está elevada.
Limitação de transparência 5g4k15
Ivan Marques aponta que a falta de transparência sobre o controle de armas no Brasil é antiga, quando o país optou por ter dois bancos de dados que controlam essas informações, do Exército e da Polícia Federal.
“O grande problema é que desde 2003, quando esses bancos de dados começaram a funcionar, eles têm sido tratados com muita falta de cuidados. Esses bancos de dados raramente foram atualizados e hoje estão completamente defasados, o que isso implica na prática é que é muito difícil para órgãos de investigação, como policiais civis e a própria PF, possam usar esses bancos para fazer o rastreamento, ou seja, traçar a origem dessa arma usada no crime ao seu usuário original”, explica Marques.
Em sua avaliação, o ideal seria ter apenas um banco de dados, atualizado frequentemente e mais transparente. “Quando se tem um banco de dados centralizado, a sua manutenção certamente é facilitada”, define.
Prejuízo público u3h4r
Se de um lado a criminalidade aumenta e com maior uso de armas, de outro, a população e o Estado ficam no prejuízo. A arma de fogo é a principal responsável pelos homicídios dolosos em Mato Grosso. De acordo com dados da Sesp, no ano ado, 410 das 748 mortes registradas foram causadas por armas de fogo, equivalente a 54,81% dos homicídios. No ano anterior, em 2020, o percentual é ainda maior, chegando a 84% dos mesmos crimes com armas.
O pesquisador Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz, ainda pontua que a maior parte dos desvios têm um destino claro: uso para a criminalidade contra a sociedade. “Muitas vezes, no dia seguinte após o desvio essas armas já estão sendo empregadas para ocorrências de roubos, de saidinha de banco, de uma série de crimes que aterrorizam a população”.
“E para piorar, é muito comum que essas armas fiquem muitos anos e ou muitos meses em circulação ilegal”, diz. Langeani avalia que recuperar essas armas perdidas é um processo vagaroso, já que depende de investigação e repor as armas por meio de licitação também leva um longo período.
O que diz o Estado 3v6r2j
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso informou que todas as ocorrências registradas foram encaminhadas para os órgãos e setores competentes para apuração dos casos.
“Informamos que restituímos os autos à Ouvidoria Setorial da Secretaria de Estado de Segurança Pública – OSET, para conhecimento e providências que julgar necessárias, ou seja, dar ciência ao solicitante”, conclui a Sesp na nota.
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Esta reportagem foi elaborada com mentoria do Instituto Sou da Paz.