Em 40 anos, homicídios de mulheres foram subnotificados no país 4f6j42
O estudo apresenta alta na frequência de mortes de mulheres causadas por violência em todas as regiões brasileiras. Em 2023, foram registrados em Mato Grosso 13 feminicídios,segundo a defensora pública Rosana Leite d656r
Por 40 anos – de 1980 a 2019 – as taxas de homicídio de mulheres foram subnotificadas no Brasil. O aumento foi de 28,62%, ando de 4,58 homicídios por 100 mil mulheres para 5,89, na mesma razão. Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), óbitos acima de 3 para 100 mil mulheres já caracterizam a região como de extrema violência.

(Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília)
Os dados são de um estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), do Inca (Instituto Nacional do Câncer), e da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). A pesquisa foi divulgada pela Agência Brasil.
O estudo apresenta alta na frequência de mortes de mulheres causadas por violência em todas as regiões brasileiras.
Subnotificação 6ie5
Para chegar a este resultado, a pesquisa utilizou um método de correção ao analisar as mortes violentas de mulheres para tentar identificar a violência de gênero, a partir de dados do registro de óbito do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SIM/Datasus).
Conforme Karina Meira, pesquisadora da UFRN e coordenadora do estudo, existem técnicas demográficas que permitem identificar fatores de correção para o problema de subnotificação.
Karina explica que inicialmente a equipe fez a correção para as causas indeterminadas e depois fez as correções para a subnotificação, assim eles conseguiram obter o número de homicídios, corrigido.
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Na Região Norte, por exemplo, esse tipo de ocorrência contra a mulher foi 49,88% maior do que o apontado pelo governo. O menor índice foi observado na Região Sul, embora também tenha sido registrado aumento de 9,13%.
Rafael Guimarães, pesquisador do Departamento de Ciências Sociais da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz, e coautor do estudo, explica essa disparidade entre as regiões.
De acordo com o pesquisador, houve uma redução do risco de morte para o Sudeste e para o Sul e um aumento no Norte e Nordeste, o que significa dizer que ao longo destes últimos 40 anos, esse problema de saúde pública foi gradativamente se tornando particularmente mais penalizante para mulheres do Norte e do Nordeste do que pro Sul do Brasil.
Recorte racial 3t436s
Outro dado alarmante trazido no estudo, é quanto aos assassinatos de mulheres pretas. Entre 2009 e 2019, o Brasil registrou uma redução dos homicídios de mulheres brancas, e um aumento entre mulheres pretas.
Em 2019, uma mulher negra sofria um risco, em média, 1,7 vez maior de ser assassinada, sendo a situação mais grave em alguns estados. No Rio Grande do Norte, por exemplo, uma mulher preta corria risco 5,1 vezes maior de ser morta.
Karina Meira ressalta que o resultado reflete a persistência do racismo no país.
Recorte etário e regional 4c3t40
A pesquisa também analisou a faixa etária e aponta que mulheres entre 20 e 39 anos enfrentam risco maior de sofrerem violência do que mulheres de outros grupos etários.
O local também influencia. Uma mulher em cidades em que a cultura patriarcal é mais conservadora enfrenta maior risco de sofrer violência doméstica do que mulheres em localidades em que há mais discussão sobre violência.
Em Mato Grosso foram registrados, só este ano, 13 feminicídios, segundo a defensora pública Rosana Leite, em entrevista ao Papo das 7h, do Jornal Bom dia MT, de segunda-feira (20).
Na ocasião, a defensora pública citou uma pesquisa feita pelo Instituto Datasenado – no aniversário de 13 anos da Lei Maria da Penha – que apontou que 79% das mulheres não registram boletim de violência doméstica porque têm medo que a agressão se torne maior.
A análise também apontou os principais métodos usados nos assassinatos, entre eles armas de fogo, objetos contundentes ou perfurantes e estrangulamento.
Rafael Guimarães ressalta a importância da pesquisa na contribuição para os estudos de iniquidades do gênero no país.
