Eloisa procurou a polícia 5 vezes antes de ser morta pelo companheiro 20434j
Dois filhos da vítima, de 9 e 5 anos, viram a mãe ser esfaqueada bi3u
Por cinco vezes Eloisa Rodrigues de Oliveira foi a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Em cada uma delas, relatou fragmentos do relacionamento abusivo com o então companheiro, Fabiano Querino dos Santos. Ao longo de sete meses de relacionamento, foram ameaças, ofensas e agressões, mas nem os boletins de ocorrência e as medidas protetivas foram suficientes para o marido cumprir o que sempre falava: matar a esposa a facadas.

Eloisa e Fabiano se conheceram em agosto do ano ado, em um terminal de ônibus de Campo Grande. A mulher de 36 anos pregava para os ageiros, em nome da igreja que participava, quando começou a conversar com o homem que viria a ser seu namorado e assassino. Não precisou de muito tempo para os primeiros sinais de violência aparecerem.
Com três meses de relacionamento, Eloise foi a delegacia registrar o primeiro boletim de ocorrência contra o namorado. Nesse dia, relatou uma série de crimes “acumulados” ao longo do tempo convivendo com o companheiro. As ameaças continuaram e três dias depois, ela voltou a delegacia. No dia 8 de novembro o crime denunciado foi ameaça e desta vez ela pediu medida protetiva contra o então namorado.
Nada resolveu, as ameaças se intensificaram e no dia 12 ela retornou a delegacia. Um novo boletim foi registrado, dessa vez por pertubação da tranquilidade e dois dias depois Fabiano foi preso pela unidade especializada, mas acabou liberado com uso de tornozeleira.
Como tinham um filho, Eloisa não conseguiu cortar laços com o agressor e acabou reatando com ele. Foram alguns meses de “paz” no lar, mas no dia 13 deste mês, ela voltou a procurar a polícia. Relatou novas agressões, ameaças e ofensas. Apesar disso, manteve o relacionamento. Uma briga na noite de quarta-feira (16), terminou com a concretização de todas as ameças.
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O assassinato 2h5h
Segundo a delegada Elaine Cristina Ishiki Benicasa, responsável pelo caso, na noite do crime, Fabiano teria terminado o relacionamento com Eloisa e ela pediu para ele sair de casa. Em um primeiro momento, ele negou. Depois pediu que a mulher devolvesse R$ 2,4 mil que ele havia investido em obras na residência.
No meio dessa discussão, Fabiano pegou uma faca e golpeou a ex-companheira por quatro vezes. Eloisa é mãe de três crianças, as duas mais velhas – de 9 e 5 anos – estavam com ela no momento e presenciaram o crime. Ferida, ela correu pelas ruas em busca de ajuda, foi levada para a Santa Casa de Campo Grande, mas não resistiu.
Eloisa morreu nesta quinta-feira (17). Fabiano fugiu e é procurado pela polícia. “Ela registrou cinco, mas retomou o convívio com o autor. Isso é de extrema importância para falar a todas as mulheres. Ele já havia mostrado o perfil violento. Não basta, registrar, não basta pedir medida protetiva. Quando se percebe toda essa situação de violência doméstica, não retorne ao convívio com o agressor”.
Segundo a delegada, em todos os boletins de ocorrência, Eloisa relatou a mesma ameaça por parte do companheiro: a de que ele a mataria com uma faca. “E foi o que aconteceu dois dias traz”.
Enquanto o suspeito é procurado, as investigações do crime continuam. Os dois filhos da vítima, que são as principais testemunhas de feminicídio, serão ouvidos através de depoimento especial na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Depois da morte da mãe, as três crianças foram levadas para abrigo.
Dados em Campo Grande 68382s
A morte de Eloisa marca o terceiro caso de feminicídio em Campo Grande neste ano. Em março, mês em que se comemora o Dia Internacional de Mulher, a Deam já registrou 420 boletins de ocorrência de violência doméstica na capital sul-mato-grossense. Em fevereiro, foram 721 casos relatados a delegacia especializada.
Os dados de fevereiro e janeiro mostram uma alta significativa de vítimas que procuraram a polícia. No primeiro mês do ano foram 487 pedidos de medida protetiva, 273 inquéritos abertos e 277 relatados, 42 prisões em flagrante e 14 mandados de prisão cumpridos.
Em fevereiro foram 471 pedidos de medida protetiva, 438 inquéritos abertos e 427 relatados, 50 prisões em flagrante e 20 mandados de prisão cumpridos.