Depois de matar Sophia, Christian ameaçou tirar própria vida 5143e
A mãe da menina aguarda o julgamento em presídio de São Gabriel do Oeste. Já o padrasto, que estava no Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira I, agora está no Instituto Penal 5j1z4h
“Eles falaram que ela morreu faz horas. Eu não acredito nisso”. Foi assim que Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos, confirmou a morte da filha Sophia de Jesus Ocampo ao marido, Christian Campoçano Leitheim, de 25 anos, minutos depois de entregar a pequena aos médicos de uma unidade de saúde de Campo Grande. Em conversas de WhastApp, ele ameaçou se matar e tentou culpar a companheira.

A troca de mensagens interceptada pela polícia e obtidas pela reportagem, mostra que os dois combinaram uma justificativa para crime brutal, pelo qual estão presos desde o dia 26 de janeiro, mas muito mais que isso, traz detalhes da relação violenta do casal com a menina de 2 anos, que morreu por hemorragia causada por um trauma na coluna cervical.
“Eu não sei. Inventa algo ou me manda preso. Fala que ela se machucou no escorregador do parquinho, igual da outra vez. Tô indo me matar no pontilhão”, escreveu Christian logo que a mulher saiu com a criança para procurar ajuda.
A outra vez a que Christian se refere, foi o dia que motivou o primeiro registro de maus-tratos contra ele e a esposa: Sophia foi levada para atendimento com uma fratura na tíbia e marcas roxas no corpo. Apesar disso, na unidade de saúde acreditaram na versão da mãe; de que a menina havia caído no parquinho.
Quase um ano depois, Sophia chegou a unidade de saúde morta e segundo a perícia, já não tinha sinais vitais a pelo menos 7 horas. Assim que recebeu a notícia da morte da filha, Stephanie avisou o companheiro. “Eles falaram que ela morreu faz horas. Eu não acredito nisso. Antes de sair de casa, ela falou com a gente. Ela queria ir no banheiro. Ela falou, não estou louca”.
A conversa ainda mostra as tentativas de Christian em culpar a mãe da menina pelo destino da filha e a chantagem emocional para não ser entregue a polícia por ela. “Inventa algo ou me manda preso”. “Tô indo me matar no pontilhão”. “Eu te avisei que sua vida ia ficar pior comigo”. “Eu vou me matar”.
Na conversa, Stephanie também conta sobre a suspeita de estupro e Christian nega ter tocado na menina, que ao fim, chamada de filha. No laudo feito pelo Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal), os peritos confirmara que Sophia foi abusada em vida, mas que as lesões causadas pelo crime “não eram recentes”.
Leia a transcrição da conversa abaixo:
- Christian, às 17h11: Eu não sei. Inventa algo ou me manda preso. Fala que ela se machucou no escorregador do parquinho, igual da outra vez. Tô indo me matar no pontilhão.
- Christian, às 17h15: Eu não tenho condições de cuidar de filhos
- Christian, às 17h17 (Áudio chorando): Eu te avisei que algum dia ia dar azar. Que você ia perder suas coisas. Eu te avisei que sua vida ia ficar pior comigo, mas você não acreditou.
- Stephanie, às 17h18 (Áudio chorando): Eles falaram que ela morreu faz horas. Eu não acredito nisso. Antes de sair de casa, ela falou com a gente. Ela queria ir no banheiro. Ela falou, não estou louca.
- Christian, às 17h25: Eu vou me matar. Tô saindo. Não vou levar o celular, nem identidade, para quando me acharem, demorar para reconhecer. Desculpa Stephanie, vou sair da sua vida. Me manda preso para eu pelo menos me sentir menos culpado. Se eu tivesse escutado aquela hora, ela tava bem agora.
- Stephanie, às 17h30: Disseram que ela foi estuprada
- Christian, às 17h30: Nunca. Isso é porque não sabe o que aconteceu com ela e querem culpar alguém. Sei que você não vai acreditar em mim
- Stephanie, às 17h31: Viram o corpinho dela. Abriram ela
- Christian, às 17h31: Da minha parte eu nunca denegrir o corpo dela. Eu juro
- Christian, às 17h32 (Áudio): Se você achar que é verdade, pode me mandar preso. Pode fazer o que quiser, já perdi minha filha mesmo

Hoje, Christian, o padrasto de Sophia, responde pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e contra menor de 14 anos e também por estupro de vulnerável. Stephanie, a mãe, responde por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, contra menor de 14 anos e homicídio doloso por omissão.
A mãe da menina aguarda o julgamento em presídio de São Gabriel do Oeste. Já o padrasto, que estava no Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira I, agora está no Instituto Penal de Campo Grande, onde existe uma ala para presos por crimes sexuais.