Cenas de um crime bárbaro: espancamento de Claudinha expõe a vida à margem das pessoas trans 49225j
Vídeos com a mulher trans ferida no chão circularam em grupos do whats no município, mas ninguém teria parado para prestar socorro 3t4g25
O espancamento que quase levou Claudinha Linda, de 45 anos, à morte só foi denunciado à polícia dois dias depois do crime, quando vídeos com a mulher trans caída no chão já circulavam em grupos de conversas no celular. O caso expõe a vida à margem que o público LGBTQIA + tem dentro e fora de Mato Grosso do Sul.

Claudinha foi perseguida por dois homens, pai e filho, e espancada com um galho de árvore em frente a uma escola do município. O crime aconteceu no domingo, 6 de março, pouco depois de ela ter se envolvido em confusão dentro de uma tabacaria, mas só chegou ao conhecimento da Polícia Civil na terça-feira (8), quando vídeos da mulher ferida começaram a circular em grupos do WhatsApp.
Os policiais orientaram a família a registrar um boletim sobre o caso. Depois de o registro ter sido feito e as investigações resultarem na prisão de dois envolvidos. A Polícia Civil ainda investiga a participação de um terceiro homem.

Além da demora no acionamento da polícia, chama atenção o fato de Claudinha ter sido filmada desacordada no chão, ao lado da arma usada para feri-la. Isto mostra que várias pessoas aram por ela sem prestar socorro.
Discriminação das pessoas trans a4c42
“As pessoas transgênero ou homossexuais acabam sendo renegadas pela família, rejeitadas, sofrendo muito preconceito. Elas então se afastam daquele círculo familiar e tendem a conviver sozinhas com pessoas estranhas e aí elas ficam muito mais vulneráveis aos agressores que sabem disso, sabem que a pessoa às vezes é praticamente sozinha. Os agressores acham que vão fazer o que quiserem, como foi no ado, e não vai acontecer nada”.
Delegado de Polícia Civil, João Cléber Dorneles
Dorneles lamentou o fato de Claudinha ter ficado jogada no chão por algum tempo até ter sido socorrida por populares. Segundo ele, a família só teve contato com a vítima já no hospital e não comunicou o caso imediatamente. “ A gente tomou conhecimento na terça e já corremos atrás de tudo”.

O delegado lamentou ainda o fato de terem filmado a vítima no chão sem prestar socorro.
A pessoa a, filma e vai embora. A gente não conseguiu identificar quem gravou, mas a pessoa se preocupa mais em gravar do que socorrer a vítima.
A reportagem do Primeira Página tentou contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Dourados, onde Claudinha está internada, para ter informações sobre o estado de saúde da vítima. Ela foi extubada e está se mantendo estável no momento.
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