“Características de serial killer”, diz delegada sobre assassino de Sophia 43642
Marcos Antônio foi preso por estuprar e estrangular Sophia Leite, de 6 anos; já na delegacia, confessou ter abusado de outra criança, de 7 anos, meses antes 22s4k
Preso no fim de semana por estuprar duas meninas – de 6 e 7 anos – e matar uma delas estrangulada com um pedaço da própria roupa, Marcos Antônio Bairros, de 18 anos, entra para lista de autores de crimes cruéis em Mato Grosso do Sul. Quem teve o a ele, mesmo que por pouco tempo, narra a frieza com que fala sobre a violência cometida e enxerga traços de personalidade de um assassino em série.
É o que conta a delegada Isabelen Alapenha, responsável pelas investigações dos dois crimes.

No dia 1º de janeiro de 2023, a primeira vítima de Marcos Antônio Bairros era encontrada em Douradina – município que fica a 196 quilômetros de Campo Grande e com pouco mais de 8 mil habitantes. Aos 7 anos, havia sido estuprada e violentamente agredida. Estava com o rosto desfigurado, de tão inchado e roxo, e chorava por socorro.
Mas a pequena, moradora de uma aldeia indígena da região, ainda respirava e foi amparada. Imediatamente começaram as investigações. Quem era o autor de um ato tão brutal?
Foram quase dois meses de busca até que outra tragédia fez os pontos delicados do crime serem ligados. Na mesma cidade, Sophia Leite, de 6 anos, foi achada morta com sinais de violência sexual e lesões de agressão no corpo, jogada em uma mata, próximo a uma plantação de soja.
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Era sábado, dia 25 de fevereiro. Mesmo fora do plantão, a semelhança entre as duas vítimas que fez a delegada Isabelen viajasse até Dourados, onde o jovem preso em flagrante pelo crime estava, para conversar com ele.
A confissão 37303
Se no momento da prisão ele afirmou que Sophia foi sua “primeira e única vítima”, de tarde, diante da delegada, confessou o estupro da menina indígena. A frieza com que detalhou o crime foi o que mais chamou atenção. No depoimento, justificou a violência contra as duas crianças da mesma maneira: “estava doidão de droga”.
Ainda assim, Marcos revelou detalhes dos crimes, o que para polícia, é completamente contraditório para alguém sob efeito de droga.
“Perguntei de mais vítimas e ele disse: com toda a sinceridade, foram só essas duas e porque estava loucão de droga”.
Marcos ainda contou que as crianças foram escolhidas por acaso, no ímpeto, efeito das drogas e da circunstância, já que nos dois casos viu as vítimas sozinhas. As duas foram sequestradas, levadas para locais distantes e lá violentadas.
“As duas vítimas são crianças, uma de 6 anos e outra de 7, ambas meninas e nos dois fatos houve muita violência. Ele acabou confessando que teve a intenção de matar a primeira vítima também. Pra mim, há características de um serial killer”.
Isabelen Alapenha, delegada de polícia civil
Na psiquiatria, os assassinos em série são reconhecidos justamente pela “”; cometem mais de um crime e geralmente seguem um padrão. A grande maioria é diagnosticada com psicopatia: são pessoas egocêntricas, com falta de empatia e remorso e um comportamento antissocial ao ponto de não se importarem de prejudicar os outros.
Ainda não existe diagnóstico para Marcos, mas seu curto histórico mostra traços do transtorno mental. “Ele pediu pra que eu falasse com os pais da criança indígena e pedisse desculpas por ele. Se disse arrependido, falou que pensou várias vezes em procurar a delegacia e se apresentar, mas embora estivesse falando essas coisas, não parecia de fato estar arrependido… apenas demonstrava frieza”, lembrou a delegada.
Em momento nenhum, ele falou sobre a morte de Sophia, já que a delegada busca saber mais da primeira vítima. Nenhum arrependimento, nenhum sentimento com o que havia acabado de fazer; tirado a vida de uma criança de 6 anos.
No ado de Marcos, não há grande crimes violentos, apenas alguns furtos e uma lesão corporal. “Agrediu alguns colegas na escola”. Ele também não revelou ter sido vítima de algo ou detalhou desde quando usava drogas.
Agora ele responde por dois crimes brutais, homicídio e estupro de vulnerável.
Violência que assusta 2se2w
Isabelen Alapenha é delegada em Douradina a pouco tempo, mas antes disso, traçou um longo caminho na Polícia Civil. Foi por 12 anos escrivão no estado de Rondônia e no últimos seis, atuou especificamente nas delegacias de proteção á mulher e a criança e ao adolescente. “Então já trabalhava com casos de estupro de vulnerável, mas esse, com certeza, foi o mais violento que já trabalhei”.
Na cidade sul-mato-grossense, a histórica recente sequer chega perto disso. “Analisei praticamente todos os procedimentos de Douradina e não vi nada parecido. A cidade é conhecida por ser um lugar calmo, com poucas ocorrências”.
“Palavras de um laudo não são capazes de descrever a violência. A imagem é diferente, ela fica guardada na memória, pra sempre. Eu tive contato com essa criança uns 20 dias depois do crime e ainda havia pontos pretos no olho dela decorrentes da lesão”.
Enquanto Marcos permanece preso pelo assassinato de Sophia, a delegada encerra o inquérito sobre o primeiro crime do rapaz de 18 anos. As investigações, junto com um novo pedido de prisão preventiva, devem ser enviadas a justiça ainda nesta terça-feira (28).
Recém liberada de uma licença maternidade, a delegada, assim como uma multidão de corações, reza para um futuro melhor para a pequena indígena. “Ela é linda e muito inteligente! espero que consiga deixar esse fato no ado”.