Canadense e brasileiros sofrem agressões em área de conflito de MS 451k5o
O ataque ocorreu nesta quarta-feira (22), próximo a uma retomada Guarani-Kaiowá, na zona rural do município 3k6c6f
Um fotojornalista canadense e dois brasileiros, incluindo a esposa dele, denunciaram ter sido agredidos por homens encapuzados em uma área de conflito entre indígenas e produtores rurais, em Iguatemi, cidade a 394 quilômetros de Campo Grande. O ataque ocorreu nesta quarta-feira (22), próximo a uma retomada Guarani-Kaiowá, na zona rural do município.
Em depoimento à Polícia Civil de Amambai, o fotojornalista canadense Renaud Philippe, de 39 anos, a cineasta Ana Carolina Mira Porto, de 38, e o engenheiro florestal Renato Farac Galata, de 41 anos, relataram que participavam da Assembleia da Aty Guasu – reunião entre lideranças dos povos indígenas de todo Brasil, realizada em Caarapó (MS), – quando souberam de um suposto conflito na Comunidade Pyllitokoe, em Iguatemi.
O trio estava em Mato Grosso do Sul para produzir um documentário sobre o conflito entre indígenas e produtores rurais, e decidiu ir até à região. Antes de chegarem no local, a equipe teria sido surpreendida por um grupo de cerca de 30 homens armados com faca e pistolas.
“Eles simplesmente bateram em nós e levaram tudo, minha câmera, aporte, celular, tudo”, comentou o fotojornalista em vídeo. O grupo ainda teria tentado fugir do local, mas acabou sendo jogado no chão e agredido a chutes e socos.
Ana Carolina ainda teria sido chamada de “vadia” e “vagabunda”, narra o boletim de ocorrência. Além das agressões e dos xingamentos, os suspeitos teriam roubado todos os equipamentos do casal. O prejuízo financeiro é de mais de 10 mil dólares, segundo as vítimas.
Após terem sido agredidos e roubados, o trio foi liberado e seguiram para Amambai (MS), onde registraram o Boletim de Ocorrência.
Investigação 3b45h
O caso é acompanhado e investigado pelas Polícias Federal e Civil e pela DPU (Defensoria Pública da União).
“Uma situação gravíssima e que reflete a violência a que estão submetidos os povos indígenas em Mato Grosso do Sul. O fotojornalista e a cineasta tiveram também seus equipamentos roubados pelas pessoas que os agrediram”, detalhou a defensora Daniele Osório.
Em nota, a Polícia Federal informou que acompanhou o caso, realizou diligências nas localidades próximas à aldeia e instaurou NCV (Notícia de Crime em Verificação). A Polícia Civil também apura o caso.
Durante o depoimento, Ana Carolina e Renaud relataram terem ado por uma equipe de polícia do DOF (Departamento de Operações da Fronteira) antes de chegar ao local da disputa entre indígenas e fazendeiros. A assessoria de comunicação do Governo de Mato Grosso do Sul confirmou que o trio foi abordado pelos policias. Confira a nota na íntegra.
“A Polícia Militar não recebeu, através do seu canal de contato com a população (190), nenhuma solicitação de apoio de jornalista na região de Iguatemi. Uma equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) chegou a abordar os profissionais que gravaram um vídeo denunciando agressão, mas não foi informada dos fatos durante a abordagem. Além disso, os mesmos registraram um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Polícia Civil em Amambai, porém não relataram nenhum fato em desfavor tanto do DOF quanto da PM, apenas informando que haviam sido abordados no percurso, fato que será devidamente apurado”, disse o governo do estado.