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A vida e morte de Trem Bala, entre fugas e facções criminosas 3f4p4e

Aos 28 anos, Maikel Pereira dos Santos fugiu do Mato Grosso, ou pelo Rio de Janeiro, e ficou desde fevereiro de 2023 em Mato Grosso do Sul, onde morreu em confronto com policiais 2d5s3b

“Trem Bala” era o nome de guerra de Maikel Pereira dos Santos, nascido em Jaciara, no Mato Grosso, em 1995. No dia 14 de setembro de 2023, viajou na velocidade da internet vídeo dele pulando o muro do prédio para escapar do IML (Instituto de Medicina Legal) de Dourados, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

A fuga, impressionante pela facilidade, ocorreu 48 horas depois da captura pela Polícia Civil, e está sob investigação.

aram-se menos de 24 horas e Maikel voltou ao lugar de onde havia sumido. Ou melhor, o corpo dele retornou para o IML, encerrando os descaminhos da “vida errada” na qual se meteu na adolescência.

“Trem Bala” percorreu os mesmos caminhos de incontáveis jovens brasileiros cooptados ainda meninos pelas facções donas da violência no país – dos roubos a bancos e tráfico de drogas e armas a uma infindável variedade de formas ilegais de angariar dinheiro, rotineiramente marcado de sangue.

Para eles, a vida é no submundo, de fuga em fuga, puxando cadeia, ou encontrando a morte de frente.

Em Dourados, informou a Polícia Civil, Maikel reagiu à presença da equipe que tentava prendê-lo novamente e acabou sendo alvejado fatalmente, junto com outro homem, apelidado de “C4”, igualmente integrante de máfia.

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Maikel Pereira dos Santos, o “Trem Bala”, que fugiu do MT e morreu Mato Grosso do Sul. (Foto: Reprodução de processo)

Maikel carrega para o túmulo dez mandados de prisão, a maioria por tráfico de entorpecentes e associação criminosa.

Crimes de sangue 4w7344

Três das ordens judiciais são de crimes contra a vida: um assassinato, pelo qual foi condenado a 16 anos de prisão – e chegou a cumprir nove anos; uma tentativa de matar um rapaz, na madrugada de 24 para 25 de janeiro de 2022, e uma execução concretizada, no dia seguinte, 26 de janeiro de 2022.

O último fato citado teve o que se convencionou a chamar de “requintes de crueldade”. Foi uma barbárie, em Lucas do Rio Verde, onde Maikel morava desde 2010, até desaparecer dos radares das forças de segurança, em 2020. Na ocasião, cumpria regime semiaberto.

A vítima do assassinato de janeiro do ano ado, Gediano Silva, de 19 anos, teve a cabeça arrancada e arremessada de dentro de um carro prata, em uma rua da cidade de 83 mil habitantes. Testemunhas presenciaram essa cena surreal.

Pior ainda: o horror foi gravado em vídeo por uma moça de 19 anos. Dias depois, ela foi capaz de fazer postagem na internet em tom jocoso em relação ao fato de estar solta.

Não ou muito, foi para a cadeia, junto com outro acusado pelo crime, pego com uma arma e o carro visto jogando a cabeça da vítima. O corpo foi achado num rio, com mãos e pés amarrados.

Conforme a investigação, a ordem para o julgamento clandestino foi dada por “Trem da Bala”, por meio de uma vídeo-chamada de celular. Era mais uma consequência da guerra de facções pelo controle do tráfico de drogas e outros ilícitos.

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Embora tenha sido identificado pelos informes da PJC (Polícia Judiciária Civil) de Mato Grosso como mandante do justiçamento, nunca esteve preso por esse fato, a despeito de ordem judicial em aberto.

Era, até o dia 12 de setembro, espécie de fantasma. Um espectro classificado como alguém bastante perigoso, sem qualquer freio moral.

Liderança negativa 16i5d

Também chamado de “Paizão”, conforme documentos oficiais, em Lucas do Rio Verde estava no topo da cadeia alimentar de facção criminosa originada no Rio de Janeiro, cuja presença é dominante em solo mato-grossense.

“Era um verme na terra”, definiu à coluna um policial com conhecimento de causa sobre o criminoso, dado o número de agens pelos ambientes de segurança desde antes da maioridade.

Saiu dos policiais das equipes de segurança de Lucas do Rio Verde a suspeita de que Maikel estava vivendo em Dourados, distante 1,2 mil km.

Teria motivos familiares a escolha pela cidade no sul do estado vizinho. Mãe e padrasto de Maikel vivem em Dourados.

Antes, porém, ele ou uma temporada no Rio de Janeiro (RJ), berço da facção à qual era “filiado”. De lá, seguida liderando ações à margem da lei no Mato Grosso.

Pelas circunstâncias descobertas, às quais a Capivara Criminal teve o, desentendeu-se com a chefia do grupo ilegal, e teve a morte decretada.

Por isso, buscou abrigo na máfia opositora, aquela surgida nas cadeias de São Paulo, por sua vez dominante em Mato Grosso do Sul, com forte presença no Paraguai, país exportador de maconha e corredor do comércio de cocaína.

Os investigadores levantaram que estava em Dourados desde fevereiro deste ano.

Maikel, descobriram os policiais, integrava uma dissidência da facção carioca na região de Lucas do Rio Verde. Esse braço mafioso tentou se estabelecer sozinho, mas sem recursos financeiros e influência na massa carcerária, acabou se unindo à irmandade surgida em São Paulo.

Batizado na facção paulista desde agosto do ano ado, partiu do estado de origem para não ser morto pelos antigos parceiros de marginalidade.

ada a temporada no Rio de Janeiro, foi para Dourados, e ou a viver em uma casa que, conforme apurou a Capivara Criminal, era reduto de faccionados, no bairro Altos do Indaiá.

Em outras três oportunidades, foram feitas prisões no lugar, na rua 29.

“Uma das prisões envolve a investigação pela morte de um policial”, destacou fonte da coluna, sem individualizar qual o caso.

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Maikel apresentou um documento em nome de Samuel, mas as tatuagens o denunciaram. (Foto: redes sociais)

Na casa, havia movimento frequente de motos, chegando e saindo, revela relatório de investigação do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), responsável pela captura, com apoio de unidades de segurança de Dourados.

Consta do documento que a incursão no ponto de apoio à a facção criminosa aconteceu por volta das duas da tarde do dia 12, seguindo-se a um período de monitoramento para confirmar a venda de drogas por ali.

Identidade falsa por R$ 11 mil 192o5q

Ao ser localizado, Maikel apresentou documentos do Rio de Janeiro em nome de Samuel Henrique Silva. O aspecto de falsificação dos papéis, e as tatuagens espalhadas pelo corpo do foragido o denunciaram.

Ele confessou ter comprado os documentos no Rio, por 11 mil reais, descreve o auto de prisão em flagrante.

Reconheceu ainda estar vendendo drogas para conseguir se manter na clandestinidade.

Antes do flagrante, foi localizado um perfil na rede social Facebook, atribuído a “Trem Bala”, no qual havia oferta de maconha e dizeres atacando a facção à qual ele pertencia.

Destrito
Print de página que, de acordo com investigação, era mantida por Maikel. (Foto: reprodução de processo)

No interrogatório, o preso negou a comercialização de drogas por meio da internet. A página havia sido excluída, inclusive.

Quando Maikel foi localizado, foram encontrados 255 gramas de cocaína com ele, uma balança de precisão e uma tesoura.

Em terras sul-mato-grossenses, era o primeiro crime dele, como anotou ao decretar a prisão preventiva na audiência de custódia, praxe nos flagrantes para conferir se a lei foi respeitada. O magistrado, de outro aspecto, foi assertivo em lembrar dos vários processos do custodiado a justiça do Mato Grosso.

“Em consulta ao sítio eletrônico do TJMT, foi possível constatar a existência de diversas ações penais em trâmite pelo igual suposto cometimento do crime de tráfico de drogas”, escreveu na decisão.

“Urge ressaltar que o flagranteado afirmou ser faccionado de organização criminosa, o que também delineia seu periculum libertatis, razão porque a ordem pública recomenda a custódia cautelar como forma de tutelar a coletividade”, acresceu o magistrado.

Maikel foi levado para a carceragem da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados. No dia 14 de setembro, foi levado ao Instituto Médico Legal para exame de corpo delito, em meio ao procedimento de transferência para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Iriam ele e mais 7 detentos.

A delegacia fica a menos de 5 km da unidade de perícia.

Durante esse trâmite, o preso recém capturado foi filmado pulando o muro do lugar e fugindo (veja a imagem no início do texto).

A origem da filmagem não foi esclarecida. Pelas características, a captação foi feita de um celular.

Começou uma caçada ao criminoso, encerrada na quinta-feira à noite, quando veio a notícia de confronto com policiais civis, em uma casa na comunidade denominada de “Favelinha”, na região do conjunto habitacional Canaã II.

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lávio Strulicuic Daleffi, o “C4”, morto durante confronto na mesma casa onde estava Maikel. (Foto: reprodução de processo)

Segundo o relato policial, as equipes foram recebidas a tiros. Além de Maikel, foi morto Flávio Strulicuic Daleffi, 45 anos, o “C4”, ex-presidiário faccionado que teria dado apoio à empreitada de fuga de “Trem Bala”.

Com eles, a Polícia Civil afirmou ter encontrado dois revólveres com marcação raspada.

A coluna tentou contato com familiares de Maikel, sem êxito. Não foi localizado nenhum contato do outro homem morto.

Investigações 6u1gs

De todas essas situações elencadas, vão sobrar encaminhamentos oficiais. A morte de Maikel e de Flávio redunda em inquérito na Polícia Civil, tipificado como morte decorrente de intervenção de agente de estado. A fuga do preso do IML será apurada em um procedimento interno da Polícia Civil, que busca saber se alguém foi responsável.

Nos processos nos quais “Trem Bala” figurava como réu, o procedimento é declarar a extinção da punibilidade em razão do óbito.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Capivara Criminal, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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