Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) - Uma vida ou muitas vidas? 4e3d62
No TDI há alteração da percepção da própria identidade, em pessoas geneticamente predispostas, encontrando no meio um fator desencadeante 4j3138
Maria Cristina ficou noiva aos 25 anos de idade de Carlos Afonso, um homem quinze anos mais velho, que a tratava mais como pai do que como noivo. Casaram-se um ano depois e o tratamento de seu esposo continuou o mesmo, tolerando o comportamento comumente infantil da moça e seus gastos com coisas supérfluas.

As finanças da família não vinham caminhando bem nos últimos meses e Carlos ou a chamar a atenção de Maria que se comportava do mesmo jeito de sempre. De início, as chamadas de atenção do esposo lhe provocavam desmaios por curto espaço de tempo, que Carlos atribuía à queda de pressão.
Depois de algum tempo as pequenas brigas entre o casal, sempre pelo mesmo motivo, faziam que ela saísse andando pelo bairro, a esmo, vestida de qualquer jeito, às vezes até de pijama, como se estivesse em transe, levada de volta para casa pelo marido, que saía atrás dela, tão logo desse sua falta.
Carlos procurava evitar discussões, mas qualquer coisa que preocue Maria poderia provocar uma alteração no seu comportamento. Quando ele percebia essa possibilidade, impedia sua saída de casa. Quando se via impedida de deixar a casa, ela agia como se fosse outra pessoa, com voz e mímicas diferentes, rindo e esbravejando ao mesmo tempo. Algumas vezes parecia uma criança indefesa, talvez ela própria, retratando seu período infantil.
Depois de cerca de uma dezena de crises, Carlos não hesitou mais, pediu ajuda ao sogro e procurou ajuda médica de um psiquiatra. Foi quando veio o diagnóstico: Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI).
O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) ou Transtorno de Personalidades Múltiplas é um transtorno raro e não frequente, como comumente colocado nas redes sociais, por meio de conteúdos divididos entre milhares de pessoas, principalmente jovens, facilmente influenciáveis, que se identificam com histórias compartilhadas, reais ou fantasiosas.
No TDI há alteração da percepção da própria identidade, em pessoas geneticamente predispostas, encontrando no meio um fator desencadeante. Há um apagão, que chamamos de amnésia dissociativa que acontece em relação à nova personalidade assumida, fazendo que a pessoa acometida desse transtorno não recorde o que fez, enquanto vivia outra personalidade. As crises se seguem a um evento estressante isolado ou recorrente. A pessoa acometida pode sofrer rejeição de outras pessoas em seu ambiente de convívio, como se ninguém quisesse estar presente em momentos críticos como esses.
Para que o diagnóstico seja feito há necessidade de que esses episódios não estejam ligados ao uso de álcool ou outras drogas. É uma enfermidade mental, portanto traz sofrimento à pessoa adoecida, como a quem convive com ela. Portanto se faz necessário o acompanhamento profissional integrado, psiquiátrico e psicológico, para controle das crises.
Maria Cristina vem hoje fazendo um tratamento ininterrupto, com uso de medicamentos em pequena quantidade, como dose de manutenção. Também mantém seu acompanhamento psicológico. Desde as primeiras semanas de tratamento não teve mais crises e já se aram três anos. Maria apresentou um episódio leve de depressão após o nascimento de seu filho Lucas há dois anos, durante o difícil período de pandemia. Desde então, nada mais teve e a vida segue dentro da normalidade.