Sociedade médica alerta para o risco de consumo de álcool na gravidez 2e264f
A ingestão de bebidas alcoólicas durante a gravidez é fator de risco para o desenvolvimento da SAF (Síndrome Alcoólica Fetal), que pode levar a deficiências físicas e distúrbios de neurodesenvolvimento. O alerta é da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). A médica Conceição Segre nesta quinta-feira (9), Dia Mundial de Prevenção à SAF. Coordenadora da Campanha […] 661958
A ingestão de bebidas alcoólicas durante a gravidez é fator de risco para o desenvolvimento da SAF (Síndrome Alcoólica Fetal), que pode levar a deficiências físicas e distúrbios de neurodesenvolvimento. O alerta é da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
A médica Conceição Segre nesta quinta-feira (9), Dia Mundial de Prevenção à SAF.

Coordenadora da Campanha de Prevenção à SAF da entidade, a médica Conceição Segre afirmou à Agênciqa Brasil não existir tratamento que leve à cura da síndrome. A enfermidade pode levar a danos irreversíveis, como retardo mental e anomalias congênitas.
“O que se recomenda é que, durante a gestação, a gestante não ingira nenhuma, zero, quantidade de álcool, porque a gente não sabe, até hoje a ciência ainda não descobriu, se tem alguma quantidade segura [de ingestão]. O que se sabe é que qualquer quantidade de álcool em qualquer momento da gestação pode atingir o feto e causar a Síndrome Alcoólica Fetal, completa ou parcial”, disse.
A média explica que o álcool a facilmente pela placenta e atinge o feto, podendo causar várias lesões, principalmente, no sistema nervoso central. “A síndrome pode ser completa ou parcial. Quando é completa, ela se manifesta em defeitos na face, então o bebê tem uma característica facial bastante peculiar, ele tem lábios finos, pálpebras pequenas, a face dele pode ser reconhecida já no nascimento.”

Mesmo que bebê não apresente essas características já ao nascer, ele pode mais tarde manifestar sintomas que aparecem, em geral, na idade escolar. Ou seja, a criança não vai bem na escola, tem problema no aprendizado ou ainda apresenta distúrbios de comportamento.
“A doença não tem cura, não tem nenhum tratamento curativo. O que existe é tratamento de apoio, com psicólogos, equipe multiprofissional, terapeutas ocupacionais, psiquiatras, enfim, é um tratamento complicado e caro”, disse a especialista, observa.
Em países como o Canadá, Alemanha e França, há investimento em campanhas de prevenção que conscientizam a população. “Aqui, no Brasil, se faz muito pouco a respeito. A gente, aliás, não sabe nem qual é a frequência oficial, dados do Ministério da Saúde, sobre a Síndrome Alcoólica Fetal”, lamenta.
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“O que se aceita, o que se ite, são os dados da literatura, de seis a nove pessoas afetadas por mil nascimentos. Mas isso é dado de literatura, não é dado brasileiro específico”, disse.
A Sociedade Brasileira de Pediatria tem uma plataforma com o objetivo de ampliar a conscientização das mães e profissionais da saúde sobre os danos da ingestão de álcool durante a gravidez para os bebês.
À Agência Brasil, o Ministério da Saúde informou que as equipes da atenção primaria à saúde (APS) são orientadas a investigar o consumo de álcool das gestantes durante o pré-natal. Se necessário, a política é recomendar o tratamento ou a interrupção do consumo de álcool durante a gestação. No período de 2017 a 2021, foram registradas 39 internações de bebês diagnosticados com a SAF, segundo dados da pasta.
“A equipe que atende gestantes deve reconhecer o quadro e sua complexidade, encorajando a gestante a entender os efeitos deletérios do álcool durante a gravidez e assim participar de programas de tratamento se for o caso ou atender à recomendação de não beber durante a gestação”, diz o ministério, em nota.
Segundo o Manual Técnico sobre Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde, além de provocar a Síndrome Alcoólica Fetal, o alcoolismo pode ser uma das causas de descolamento prematuro de placenta.
A síndrome, lembrou o Ministperio, pode estar relacionada ainda ao baixo peso para a idade gestacional, malformações na estrutura facial, defeitos no septo ventricular cardíaco, malformações das mãos e pés, além de retardo mental que varia de leve a moderado. Problemas no comportamento e no aprendizado também podem persistir pelo menos durante a infância.