Sim de familiares pode salvar até 4 vidas com transplante de órgãos 415cr
Lista de espera para doação é baseada em critérios técnicos que vão de tipagem sanguínea do paciente até a altura do doador 3r2x4u
Apesar de setembro ser o mês dedicado à doação de órgãos, muitas famílias ainda não autorizam o procedimento no paciente após a morte encefálica. Porém, o sim em um momento difícil pode salvar até quatro vidas por doador.

Convencer essas famílias tem sido um desafio complexo para as equipes médicas do maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande.
A servidora pública de 45 anos, Josiane Pereira Lima, ou por três transplantes de córneas nos olhos. Ela lembra que isso só foi possível graças a autorização dadas pelos familiares.
“O sim dado por eles garantiu a luz no fim do túnel. O diagnóstico chegou ainda quando criança após um glaucoma que virou um ceratocone. As cirurgias não funcionariam mais, fui encaminhada para o transplante. Com 21 anos, na faculdade, fiz meu primeiro transplante. Foram 3 anos esperando. Com seis meses fiz o segundo transplante do lado esquerdo, foram mais seis meses de espera. 11 anos depois tive problema e entrei novamente na fila, foram mais três meses aguardando. Isso só foi possível porque a doação está sendo aceita pelas pessoas”, conta ao Primeira Página.
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No Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) é responsável pelo financiamento de 95% dos transplantes no país. Em Mato Grosso do Sul, 406 pessoas aguardam por córneas e 171 pacientes por um rim, conforme o Ministério da Saúde.
A médica responsável pela tarefa de captura de órgãos da Santa Casa explica que mais de 60 mil pessoas no Estado aguardam por um transplante de órgãos, a maioria é de pacientes com problemas renais.
Quando morre uma pessoa em condições de ser doadora, a conversa é com os pais, os companheiros ou os filhos. Com que está vivendo o luto naquele momento é a hora de explicar todo o processo, em busca da autorização.
Patrícia Berg, diretora técnica e coordenadora da organização de procura de órgão da santa casa
“Primeiro precisamos falar sobre idoneidade do processo, que não tem volta. Na sequência, a família precisa entender sobre a morte encefálica, o diagnóstico de morte. Depois a gente trabalha com as família e ajudar elas a vivenciar o luto, ar pelo processo de dor e chegar no final do processo pensando na doação de órgão do seu parente”.
De janeiro a julho deste ano:
- 66 pacientes da Santa Casa de Campo Grande tiveram morte encefálica decretadas;
- Destes, 40 foram considerados aptos a doação de órgãos;
- Porém, apenas metade das famílias autorizaram o procedimento, o que permitiu a captação de 29 rins, 11 fígados e três corações.
A captação é feita no próprio hospital onde o paciente tem a morte decretada. Na Santa Casa de Campo Grande, por exemplo, realiza apenas o transplante de rins. Os outros órgãos são disponibilizados à centrais de transplante nos outros estados.
A legislação brasileira prevê que mesmo se a pessoa decidir em vida que quer ser doadora, o “sim” precisa ser confirmado pelos parentes após a morte. Então, o diálogo com a família e amigos é essencial para o desejo ser cumprido.
“Para a doação ser realizada a vontade precisa ser deixada muito esclarecida para a família’, pontua, ainda a médica.
Outro transplante 72n5h
Durante um exame de renovação da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), Josiane descobriu um novo problema nos olhos. Complicação que não será resolvida com lente de contatos, óculos ou uma cirurgia de correção.
“Fui pega de surpresa quando fui fazer o teste e reprovei. A gente que já é transplantado a por vários processos. E agora estou tendo me preparando novamente para por isso, ando por exames para poder entrar novamente na fila de transplantes”, afirmou.
O “sim” que salva vidas 1p5r5t
Confiando mais uma vez na solidariedade, Josiane deixa um recado – quase um apelo – sobre a importância de permitir o aproveitamento dos órgãos de quem já se foi.
“Eu queria agradecer as pessoas que fizeram isso por mim. Quero que as pessoas entendam o quanto esse gesto é importante para a vida de outras pessoas. Eu sei que é um momento de muita dor para as pessoas que perderam alguém. Mas, eu gostaria que as pessoas pensassem que outros precisam desses órgãos para viver, enxergar e ter uma luz na vida. Espero que muitos sejam tocados afim de mudar outras vidas”, pontua Josiane.