Setembro Amarelo – uma campanha de mãos dadas com a vida 6x6f3c
A reflexão r6j4
Mike Emme era um rapaz americano da cidade de Westminster, no Colorado, que havia adquirido um Ford Mustang antigo, que precisava de muitos reparos. Por essa compra, Mike ou a ser chamado pelos amigos de Mustang Mike. Dentre suas habilidades, Mike Emme mostrava conhecimento por mecânica e, por isso, sem qualquer ajuda, restaurou completamente seu Mustang 68, depois o pintou de amarelo e fez dele seu objeto de grande apego. Além do seu conhecimento em mecânica, possuía, também, grandes qualidades pessoais, era simpático e caridoso, e com isso ganhou o carinho e o respeito daqueles que com ele conviviam.

Infelizmente, na noite de 08 de setembro de 1994, o jovem Mike Emme, com apenas 17 anos de idade, resolveu utilizar a arma de fogo da família e tirar a própria vida na garagem de casa, dentro de seu mustang amarelo. Consternados pela dor, os pais e os amigos de Mike, no dia do velório, distribuíram pequenos cartões com frases de apoio à vida para pessoas que, porventura, estivessem ando por problemas e que tivessem a ideia de fazer o que Mike havia feito. Todos os cartões distribuídos estavam envoltos por uma fita amarela.
Aquele ato foi positivamente significativo, pois gerou, desde os primeiros anos deste século, um movimento de luta contra o suicídio ao redor do mundo. Aqui no Brasil, o movimento teve início em 2015, por iniciativa conjunta de três instituições: o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A campanha desenvolvida por estes três órgãos recebeu o nome de “Setembro Amarelo”, cujo símbolo é a fita amarela, inspirada no caso Emme.
Com isso, pretende-se abordar o tema e facilitar, principalmente, que as pessoas que padeçam de algum sofrimento psíquico e que tenham ideias dirigidas contra a própria vida, também possam falar do assunto, que não se vejam sozinhas e que se sintam mais à vontade para buscar ajuda e tomar conhecimento de que a solução de seus problemas pode ser possível.
O suicídio não é algo distante, como muitos pensam, pode estar mais próximo do que imaginamos. Falar do assunto é sabidamente um dos caminhos de prevenção. Daí a necessidade de valorizar o tema e a campanha que o envolve, como medidas preventivas de um grande problema de saúde pública da atualidade.
Paralelamente, há a história contada por Johann Wolfgang von Goethe em seu romance, intitulado de “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, escrito em 1774, que narra o caso de um homem, que se apaixona perdidamente por uma mulher, que estava prestes a casar com outro homem e que, por não ar a perda da mulher amada, comete suicídio. O livro foi muito lido e teria sido motivador, segundo observadores da época, de inúmeros suicídios semelhantes na Europa, inclusive com o uso de roupas e armas parecidas com as utilizadas pelo protagonista do romance de Goethe.
A partir de então, qualquer corrente de casos, de que se tomasse conhecimento, sucedida após ampla divulgação de determinado suicídio, foi denominada de “Efeito Werther” ou suicídio por contágio. Por isso, hoje em dia, pode-se falar do assunto, inclusive há indicação de que isso seja feito, todavia não se deve pormenorizar o ato suicida em si. Tal detalhamento poderia favorecer o comportamento autodestrutivo por pessoas predispostas, fragilizadas por seu sofrimento psíquico, portanto mais suscetíveis e mais sugestionáveis.
Na próxima semana, dando prosseguimento à campanha de valorização da vida do setembro amarelo, falaremos a respeito do comportamento suicida. Enquanto aguardamos, sugiro que possamos nos dispor a ouvir a canção que o saudoso Gonzaguinha nos deixou: “O que é, o que é?”, uma bela reflexão à vida, que não é fácil, mas é bonita e vale a pena viver. Talvez um toque desses versos seja saudável em nossos dias, principalmente naqueles mais tempestuosos. Cito alguns e como um eterno aprendiz, eu fico com a resposta da pureza das crianças.
O Que É, o Que É?
Gonzaguinha
E a vida, e a vida o que é?
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita