Queimadas florestais influenciaram no aumento de casos de covid-19, diz estudo 4o315d

A covid-19 tirou a capacidade de respiração e, consequentemente, a vida de mais de 689 mil brasileiros desde o início da pandemia, em março de 2020. Mas além da própria periculosidade do vírus, um outro ponto foi capaz de aumentar os casos de infecção e internação: as queimadas.

ESTUDO COVID E FUMACA
Estudo da Fiocruz mostra a relação de aumento nos casos de covid-19 em regiões de queimadas florestais. (Foto: Ilustrativa).

Esse fato foi comprovado pelo estudo ‘Covid-19 e Queimadas na Amazônia Legal e no Pantanal – aspectos cumulativos e vulnerabilidades’, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), publicado no livro ‘Covid-19 no Brasil’, que mostra um aumento nos casos de coronavírus em regiões onde ocorreram incêndios florestais, como nas áreas da Amazônia Legal e do Pantanal.

Das três áreas consideradas vulneráveis para casos de covid-19 devido às queimadas, duas são em Mato Grosso, onde 14.965 pessoas morreram por causa do vírus.

O fogo e a covid-19 16y4p

Desde 2020, as notícias de destruições por queimadas em áreas florestais da Amazônia Legal e do Pantanal foram cada vez mais comuns, principalmente durante os períodos de seca nos biomas.

Para se ter noção, há dois anos, o Pantanal registrou recorde nos casos de queimadas em 22 anos, tendo 40% do seu território devastado com os 18 mil focos de fogo, como aponta o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais).

Enquanto na Amazônia, no mesmo período de 2020, o fogo atingia a vegetação devido à exploração das terras e atos de grilagens, criando quase 80 mil focos de incêndios.

QUEIMADA
Das três áreas consideradas vulneráveis para casos de covid-19 devido às queimadas, duas são em Mato Grosso. (Foto: Reprodução).

Neste ano, entre os 40 municípios do Brasil que mais sofrem com o impacto do fogo, 16 foram de Mato Grosso, representando 40% do total. A região nordeste do Estado foi a mais afetada.

Diante desses números, o Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz, que acompanha a evolução das queimadas na Amazônia e no Cerrado desde 2010, notou uma tendência de aumento de doenças respiratórias nessas regiões, no mesmo período de diminuição de chuvas, queda de umidade, ocorrência de queimadas e contaminações por diversos poluentes.

Esse era o cenário ideal para o aumento do potencial inflamatório da covid-19 nas vítimas que faziam parte das regiões estudadas!

Queimadas e doenças respiratórias 2c6y6r

O estudo, desenvolvido por Tatiane Cristina Moraes de Sousa, Sandra de Souza Hacon e Christovam Barcellos, indica que a correlação entre queimadas e casos de covid-19 pode ocorrer por causa da fumaça, demais poluentes do ar e gases de efeito estufa emitidos durante o processo de queima, como o material particulado – que pode agravar infecções respiratórias e ainda afetar o sistema circulatório nas pessoas expostas.

Combate ao fogo: 100 municípios de MT não possuem unidades permanentes do Corpo de Bombeiros
O estudo indica que a correlação entre queimadas e casos de covid-19 pode ocorrer por causa da fumaça. (Foto: Instituto Centro de Vida).

Estudos preliminares realizados em Pequim, na China, identificaram aumento de 6% no risco de morte pelo coronavírus na região, quando havia exposição prolongada ao material particulado fino, por um período de cinco dias.

E não para por aí! Uma outra pesquisa da Fiocruz identificou uma elevação de 30% na internação de crianças por doenças respiratórias na Região Norte do Brasil. Elas moravam próximo à áreas de queimadas, dado que foi comparado com a população residente em outras áreas.

Áreas vulneráveis 3y174l

O estudo conclui que existem três áreas podem ser consideradas as mais vulneráveis, por terem mais concentração de material particulado e, consequentemente, mais casos de doenças respiratórias e infecção por covid-19. Elas são:

  • Porção Ocidental da Amazônia Legal – no extremo oeste do Estado do Amazonas e ao Estado do Acre.
  • Arco do Desmatamento no sudeste do Pará e norte do Mato Grosso – porção territorial que engloba unidades de conservação e terras indígenas, como o Parque do Xingu, que têm sido diretamente impactados pelas queimadas.
  • Bioma Pantanal – região de Mato Grosso foi fortemente afetada pelas queimadas. Além disso, Mato Grosso do Sul, onde o bioma também alcança, foi um dos epicentros da pandemia desde junho de 2020.

Para ilustrar essa correlação, a pesquisa traz duas imagens, mostrando a sobreposição dos focos de queimadas em 2020 com os casos de covid-19 registrados até o dia 31 de agosto de 2020, levando em consideração grupos de 100 mil habitantes registrados na Amazônia Legal e no
Pantanal.

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Focos de queimadas e casos de covid-19 por 100 mil habitantes na Amazônia Legal, até 31 de agosto de 2020. (Foto: Fiocruz/Inpe).
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Focos de queimadas e casos de covid-19 por 100 mil habitantes no Pantanal, até 31 de agosto de 2020. (Foto: Fiocruz/Inpe).

Com o gráfico, fica claro a ligação proposta na pesquisa, pois as regiões em roxo escuro da Amazônia Legal, que registraram mais de 16 mil casos de covid-19, estão justamente nas áreas com maiores focos de incêndio.

O mesmo pode ser visto na ilustração referente ao Pantanal, em áreas de queimadas, que registraram mais de 3 mil casos de infecção por coronavírus.

A Amazônia Legal é composta pelos Estados do Acre, Amazônia, Amapá, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Roraima, e o Pantanal por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

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Por fim, a pesquisa mostra, ainda, que além da ligação com os casos de queimadas, o aumento das doenças cardiovasculares e respiratórias nessas regiões, principalmente em grupos mais vulneráveis como crianças e idosos, também está ligado à precariedade dos serviços de saúde oferecidos nessas localidades.

E não para por aí! A manutenção dessas áreas, que são ambientalmente protegidas e que incluem unidades de conservação e até mesmo terras indígenas, também seria fundamental para garantir a saúde do ecossistema e, consequentemente, da população nativa.

Você pode ler o estudo completo através deste link.

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