Problemas Emocionais - Quando usar medicamentos? 2p3c2w
Se é difícil perceber e itir uma doença, é mais difícil ainda aceitar seu tratamento. Como concordar com o tratamento de uma doença que não se aceita? 302u4g
Quem nos olha mais de perto somos nós mesmos. Mas será que nos vemos com nitidez ou quem está de fora nos enxerga melhor? É correto repetir Sócrates e dizer a alguém: “Conhece-te a ti mesmo” ou seria melhor afirmar a frase “só sei que nada sei”, dita pelo próprio filósofo?

A verdade é que pouco sabemos de nós. Temos um lado que nos vê parcialmente. Este lado nos faz visualizar somente o que queremos, o que nos agrada, o que satisfaz nosso ego. É um lado que não quer ver problemas, não quer nos ver doentes, não quer itir uma enfermidade, principalmente se esta for mental, aquela que acomete a nossa mente, a mesma mente que pensa, que planeja, que decide. São as chamadas doenças mentais como a ansiedade, a depressão, as fobias, as obsessões, os transtornos alimentares, os transtornos sexuais e outros males.
A diferença entre as doenças mentais e outras patologias, tais como as cardíacas, gastrointestinais, respiratórias, urinárias, etc., está apenas no órgão ou sistema acometido. Porém, nada disso parece explicar a naturalidade com que deve ser encarada a doença da mente, o estigma ainda existe; o preconceito já diminuiu muito, mas ainda faz parte do mundo atual.
Se é difícil perceber e itir uma doença, é mais difícil ainda aceitar seu tratamento. Como concordar com o tratamento de uma doença que não se aceita? Por que a mente como dona dessa enfermidade, não a põe para fora de casa sem a necessidade de medicamentos?
É importante o conhecimento de que todos os órgãos do corpo, inclusive a mente, gozam de saúde, todavia em algum momento da vida podem sofrer de doenças. Muitas vezes nos encontramos no estado de saúde abalada, mas não doentes e observa-se isso hoje no ser humano, que parece mais fragilizado.
O estresse do dia a dia, o cansaço da carga profissional e doméstica, a tristeza pelos diversos tipos de decepção fazem que as pessoas e até profissionais de saúde confundam estresse, cansaço e tristeza com anormalidade psíquica e assim contabilizam-se indivíduos mais medicados do que necessário.
Alguns utilizam a automedicação, o que é pior, são indivíduos que fazem uso de medicamentos sem necessidade.
Por outro lado, outras pessoas estão adoecidas e sofrem com suas doenças. Algumas dessas enfermidades são, infelizmente, incuráveis, outras não. As permanentes ou incuráveis, provavelmente, vão necessitar de tratamento a vida toda para manter a saúde. E não há nada melhor do que manter uma boa saúde, isto é, proporcionar ao ser humano boa qualidade de vida, longevidade e possibilidade maior de enfrentamento às adversidades da vida.
Quando existe sofrimento da mente, assim como acontece com outros órgãos, há necessidade de procurar ajuda médica e de fazer uso de medicamentos. De acordo com a evolução da patologia, o tratamento pode ser por tempo determinado ou por toda a vida.
Muita gente evita o uso de fármacos, porque tem medo de se tornar dependente, outros para evitar os efeitos colaterais dos remédios, como sonolência excessiva, aumento de peso, diminuição da libido, paraefeitos mais questionáveis. Conversando com seu médico, você vai entender que há solução para tudo isso.
A maior parte dos medicamentos psiquiátricos não causa dependência, isto se deve aos remédios de tarja preta. A sonolência, o aumento de peso, a diminuição da libido e outros efeitos colaterais podem ser resolvidos com a troca do fármaco, ou com seu ajuste posológico, ou com a associação de outro medicamento.
É bem verdade que a evolução da sociedade moderna caminha junto com a aceitação cada vez maior dos transtornos psíquicos. A aceitação, no entanto, é maior em relação à doença do que ao seu tratamento. Talvez falte uma larga campanha de educação continuada através dos veículos de comunicação e no sistema público de saúde da rede básica.
Os transtornos mentais são explicados não apenas pela herança genética, como também pelo estresse do cotidiano atual. Além disso, conta em desfavor da mente a dificuldade que se tem hoje de ensinar as nossas crianças o significado do sim e do não, tornando-as adolescentes e adultos mais fragilizados, frente aos problemas que precisam encarar.
Resumindo, em relação ao tratamento medicamentoso das doenças mentais ou emocionais, deve-se evitar a automedicação, mas aceitar aquela prescrita pelo psiquiatra, sempre que houver indicação de tratamento dos problemas da mente, desde os mais simples até os mais complexos, tendo como meta a melhora da saúde mental e, consequentemente, melhor qualidade de vida.