Pandemia piora desigualdades sociais, avaliam especialistas 3l382

Especialistas em saúde pública que participaram de debate em comemoração ao centenário da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) avaliaram que o modelo econômico globalizado e marcado por desigualdades de diversos tipos deve provocar pandemias mais frequentes e, como consequência, acirrar diferenças na qualidade de vida e no o a direitos. Pesquisador e professor da universidade, […] 1n3z29

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Comunidade com moradias improvisadas em Campo Grande.(Foto: Divulgação/Cufa)

Especialistas em saúde pública que participaram de debate em comemoração ao centenário da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) avaliaram que o modelo econômico globalizado e marcado por desigualdades de diversos tipos deve provocar pandemias mais frequentes e, como consequência, acirrar diferenças na qualidade de vida e no o a direitos.

Pesquisador e professor da universidade, o epidemiologista Roberto Medronho disse à Agência Brasil que a frequência com que as pandemias ocorrem tem aumentado no século 21. O mundo já enfrentou surtos internacionais de MERS, SARS, ebola, gripe suína e covid-19.

“A frequência e intensidade das pandemias no mundo vêm se acelerando. Precisamos dar um basta nesse modelo capitalista selvagem e predador e nessa desigualdade social. Isso é insustentável com a vida no planeta. Não é uma questão de se ‘teremos outras pandemia, mas de quando teremos”.

Para Medronho, o impacto to da pandemia no Brasil é algo “pavoroso” e “dramático”. Ele disse acreditar que o cenário seria muito pior se o país não contasse com um sistema de saúde público universal. “Se não chegamos a 1 milhão de óbitos é porque temos o Sistema Único de Saúde “, disse o pesquisador.


Na visão dele, municípios com mais desigualdade tiveram maior incidência de covid-19. “Indíviduos de cor da pele não branca foram mais afetados por óbitos na pandemia. E os de nível superior tiveram maior proteção. Ou seja, essa pandemia tem rosto. Ela é negra e pobre”.

Em entrevista à Agência Brasil, o epidemiologista destaca que, além das vítimas diretas, a crise sanitária deve trazer impactos mais amplos, como fechamento de postos de trabalho causados pelo esvaziamento dos centros urbanos, diagnóstico tardio de doenças, sedentarismo, transtornos psicológicos e aumento da desigualdade.

“É compreensível o medo de retornar às escolas, porque muitas não têm água, não têm banheiro nem janela adequada para a ventilação. Precisamos de escolas que possam acolher essas crianças, porque estamos afetando toda uma geração. A evasão escolar está aumentando, muitas crianças não voltaram”, disse ele, que citou possíveis consequências disso – os abusos sexuais, abusos físicos, a gravidez na adolescência, o analfabetismo funcional. “Esse é um tema que amplificará e muito a desigualdade social”. 

O infectologista alerta que a desigualdade e a sustentabilidade são temas que impactam a saúde. “Não teremos paz se não tivermos uma radical mudança na forma de viver, conviver, de produzir e de nos relacionarmos com os animais, com a natureza e principalmente com o outro”. 

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Pesquisador da Fiocruz Bahia e da Universidade Federal da Bahia, o epidemiologista Maurício Barreto observou queas epidemias e as doenças infecciosas sempre afetaram grupos populacionais de forma diferente, incidindo de acordo com a desigualdade social e gerando mais iniquidades como consequência. 

Barreto cita que, no caso da covid-19, pessoas que vivem em comunidades densamente povoadas como as favelas estão mais expostas ao contágio, ao mesmo tempo em que populações pobres sofrem mais frequentemente com questões de saúde como obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes, consideradas comorbidades.

“São vários aspectos que se juntam para expressar esse complexo que genericamente chamamos de desigualdade”, diz ele, que aponta a necessidade de se buscar soluções globais para a pandemia e considera que organismos internacionais não conseguiram conduzir uma resposta conjunta. “No mundo, em geral, essa ação da pandemia foi muito nacional. Cada país foi tomando suas ações, e cada governo tomando suas ações, não vendo uma perspectiva global”.

Economista e sanitarista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Carlos Gadelha acrescentou que essas respostas nacionais geraram uma concentração das vacinas nos países mais ricos. Segundo o pesquisador, dez países concentram 75% das doses no mundo, e, enquanto nações ricas buscam garantir a aplicação da terceira dose, há países em que a vacinação ainda não começou.

Gadelha, especialista no cruzamento entre desenvolvimento, economia e saúde, alertou que a concentração de quase 90% das patentes em dez países indica que a desigualdade no o às vacinas tende a se perpetuar.

“A patente de hoje é a desigualdade de amanhã. É a barreira de o de amanhã. Não é entrar em um discurso binário a favor ou contra as patentes. Mas isso se reflete em uma desigualdade estrutural nessa pandemia e nas próximas”.

O setor da saúde, afirmou, pode se apresentar como importante alternativa para o desenvolvimento sustentável, articulando interesses privados e sociais. Barreto relaciona o que ocorreu com a produção de vacinas no Instituto Butantan e no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz (Bio-Manguinhos), em parcerias com empresas desenvolvedoras dessas tecnologias.

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