Pais e Filhos - Ontem e Hoje 18573f
Especificamente, na frequente falta da figura paterna, cria-se um vazio psíquico, desorganizador do desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança 372w3x
A natureza é perfeita, duas células sexuais denominadas gametas, em determinado momento, unem-se e dão origem a um ser vivo, que nasce com diversas características individuais, que conhecemos como genótipo e que se mostra ao mundo com essas características e a elas adicionados caracteres do meio, fazendo que o genótipo se manifeste de modo diferente da época de seu nascimento, ando a chamar-se fenótipo.

Este novo ser, em tese, deveria ser cuidado pelos donos dos gametas que lhe deram origem e, somente bem mais tarde, ser encaminhado ao mundo para viver com suas próprias pernas, isso a partir do instante que alcançar condições para tal. Nesse momento, ele – o filho – já pode viver sozinho, desvinculado de seus cuidadores – os pais.
Todavia, nem sempre é assim que acontece e isso não é de agora. Alguns filhos são criados sem pai ou sem mãe, mais frequentemente sem pai. Quando é uma opção de casais homoafetivos ou mães solteiras, que resolvem ter um filho de diferentes modos, são fatos do mundo contemporâneo e o que se espera é que haja adaptação emocional das novas gerações.
Prejuízo bem conhecido, no entanto, é daqueles filhos que vivem sem os pais ou, pelo menos, sem uma das figuras parentais ou, mais comumente, sem o pai, por terem sido abandonados por este. Muitos desses filhos, inclusive, são privados do direito de ter o nome do pai em sua certidão de nascimento.
Todos os casos impactam o desenvolvimento psíquico e vão de encontro às teorias psicanalíticas, que estão se transformando, juntamente com a transformação da família de hoje, em um novo normal. Freud, no final do século XIX e início do século XX foi o pai da teoria psicanalítica, estudando o desenvolvimento da personalidade da criança dentro da chamada família tradicional, composta pelo pai, como a figura masculina e mãe, como a figura feminina, além da própria criança, contando ou não com irmãos.
Pai, mãe e filhos constituiriam a família nuclear e quando houvesse desestrutura nessa família, ou ausência de uma das figuras parentais, instalar-se-ia algum prejuízo psíquico.
Especificamente, na frequente falta da figura paterna, cria-se um vazio psíquico, desorganizador do desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança, construindo traumas, que eclodirão na adolescência ou na vida adulta, na forma de alteração do comportamento ou enfermidade mental, principalmente quando os indivíduos acometidos são predispostos geneticamente aos males da mente.
Dentre as alterações comportamentais, estão a baixa autoestima e dificuldade de convivência familiar e social. É comum o desrespeito às regras, que lhe são impostas, com frequentes problemas escolares. Geralmente são crianças inseguras, muito solicitantes de atenção e constantes queixas físicas, como dores abdominais e outras.
Algumas, infelizmente, desviam-se da normalidade moral e procedem com frequentes distúrbios de conduta, muitas vezes, ainda na infância ou na adolescência, agindo com agressões verbais e físicas dentro de casa, na escola e na vizinhança.
Quando existe algum tipo de manifestação física ou psicológica, esta criança ou adolescente deve ser avaliado por um profissional de saúde. O pediatra deve ser o primeiro consultado e orientador do caso. Quando necessário, o próprio pediatra deve fazer o encaminhamento da criança ou do adolescente adoecido para um colega de outra especialidade clínica, geralmente a um psiquiatra da infância e adolescência, ou a um psicólogo também infantojuvenil.
A verdade é que o tratamento bem feito, iniciado precocemente, em geral, traz bons resultados, permitindo o exercício de uma vida adulta dentro da normalidade.