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O idoso e a tecnologia – Como lidar com o futuro do presente? 373t32

Segunda-feira é dia de coluna Saúde Mental; confira a nova edição do artigo do escritor e psiquiatra Marcos Estevão 6v4n59

De acordo com nosso conhecimento atual, a população humana existe na terra há milhares de anos. No início dos tempos, o homem vivia tão pouco quanto alguns animais inferiores. A inteligência humana, porém, possibilitou ao homem a criação ou descoberta de meios para aumentar a sua sobrevivência. A maioria desses meios fizeram, e até hoje fazem, parte da área da saúde. Assim, o homem, que já viveu apenas cerca de 20 anos, ou a ter, paulatinamente, mais tempo de vida – 30, 40, 50, 60, 70, 80 anos. Pouco a pouco o homem está se tornando centenário.

Idosos mexem no celular (Foto: Pixabay)
Idosos mexem no celular (Foto: Pixabay)

Com o aumento da população humana, principalmente de pessoas da chamada terceira idade e pela dificuldade maior hoje na criação de filhos, observa-se queda na quantidade de nascimentos praticamente em igual proporção ao aumento da população mais velha. O mundo é milenar e o ser humano, seu habitante mais evoluído, já alcançou a média de vida de quase 80 anos e faz parte de um gráfico que continua subindo. Logo alcançaremos os cem anos de média.

Paralelamente a isso, a humanidade não encontra tempo para procriar por não achar espaço em sua rotina diária para cuidar de sua prole e, assim, o número de filhos por habitante cai bruscamente no mundo todo, hoje cerca de 1,5 por família constituída.

Pessoas que nasceram numa época sem qualquer tecnologia, cresceram num mundo analógico e hoje vivem no tempo digital. Primeiramente há de se falar nos benefícios que a tecnologia traz à saúde dos idosos, com os programas de alarme, pedidos de socorro, mensuração de batimentos cardíacos, pressão arterial, oxigenação sanguínea, avisos de ataques do coração, etc. Há também os benefícios familiares e sociais, facilitando o contato com parentes e amigos. A tecnologia propicia também aproveitar o tempo com entretenimento por meio de jogos de memória e outros, favorecendo uma vida mais ativa, com maior sensação de utilidade da pessoa idosa. Não obstante, ela não pode e nem deve ser substituída pela atenção e cuidados humanos.

É inegável o valor da tecnologia disponível hoje para a população idosa, mas precisamos atentar para o fato de que esta parcela populacional não contou com tal disponibilidade desde a infância, como os jovens de hoje e, por isso, a adaptação ao objeto tecnológico e suas diversas funções am a ser um desafio para a terceira idade.

O maior problema é que parece que os jovens desconhecem isso e acham que os idosos deveriam ter a mesma facilidade com a tecnologia atual que eles. Julgam os idosos lentos nos movimentos e no raciocínio, colocam-se acima deles no quesito inteligência e os deixam à própria sorte.

Realmente a população da terceira idade não viveu essa tecnologia desde a infância, precisou aprendê-la a partir do momento que ela deixou de ser um objeto apenas da juventude, com jogos e trabalhos escolares, para tornar-se uma ferramenta importante de pesquisa e contato social.

O idoso precisa ser ensinado uma, duas, três ou mais vezes a um determinado uso da tecnologia e o jovem não deve cansar-se de ensinar. No futuro, provavelmente, algumas tecnologias não terão a mesma facilidade para eles do que para os jovens da época. Além disso, exigir conhecimento tecnológico não é pedir um favor, mas um direito da população idosa.

O uso da tecnologia pelo idoso, assim como pelos jovens, é algo importante para a saúde mental, desde que sem exageros, jamais substituindo a convivência humana não intermediada pela máquina. Quando o uso é exagerado, o remédio se transforma em veneno. Vêm as dores de cabeça e na coluna pelo tempo de má postura; prejuízos visuais pelo tempo de exposição à tela dos aparelhos; dificuldades com o sono pelo excesso de informações e estímulos ópticos; danos cognitivos, porque não se discute mais, apenas se compartilham informações prontas, sem necessidade de raciocinar em cima delas ou lhes fazer contrapontos. O pior ainda é a sensação de solidão, com sintomas depressivos, porque apesar do contato virtual, falta o toque, a troca presencial de ideias, o ponto e o contraponto. Falta o verdadeiro sentido da vida: a aproximação afetiva entre as pessoas.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Saúde Mental, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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