'O cérebro não tem dor, mas há sinais', alerta médico sobre tumor nessa região 5r3s4c

“O cérebro não tem dor, mas há alguns sinais”. Assim descreve o médico neurocirurgião Felipe Guardini sobre quais sintomas uma pessoa com um tumor nessa região pode apresentar. O tema ganhou repercussão recentemente, após a jornalista Glória Maria destacar em uma entrevista que não teve medo de se submeter a uma cirurgia ao saber que poderia ter apenas 15 dias de vida devido a um tumor cerebral.

Em entrevista ao Primeira Página, o médico explica que tumores no cérebro são um pouco difíceis de se identificar com sintomas, por não serem como uma doença simples, que dão sinais no corpo. O órgão só começa a ‘avisar’ quando começa a ser comprimido. Ou seja, quando já há um inchaço na região.

Conforme Felipe, nesse estágio a pessoa pode começar a ter náuseas, vômitos repentinos, alteração na força das mãos e braços, confusão mental, convulsão, dor de cabeça e até mesmo dificuldade auditiva. Ao ser diagnosticado, o paciente precisa se atentar. O médico defende que o paciente e por cirurgia.

“Quando a pessoa está com o tumor, tem que retirar. Em alguns casos, pode ser arriscado, mas precisa ser feito. No cérebro, mesmo sendo benigno, ele [tumor] cresce com o tempo e comprime o cérebro e mata mais células. Existe um momento em que a compressão é tão grande que o paciente espirra, bate a cabeça e pode morrer”, destaca.

O neurocirurgião diz ainda que há dois tipos de tumores mais frequentes que nascem no cérebro. Um deles é o meningioma, que corresponde a 30% do total, e cujo risco de incidência aumenta com a idade e atinge cerca de duas vezes mais mulheres. O outro é o glioblastoma, que também equivale a cerca de 30% de todos os casos.

O médico ressaltou que é importante entender a diferença entre os tumores que se iniciam no cérebro (tumores cerebrais primários) e os tumores que se iniciam em outros órgãos, como pulmão ou mama, e se disseminaram para o cérebro (tumores cerebrais metastáticos).

“Em adultos, os tumores cerebrais metastáticos são realmente mais frequentes que os tumores cerebrais primários e não são tratados da mesma forma. Por exemplo, os cânceres de mama ou pulmão que se disseminaram para o cérebro são tratados como cânceres de mama ou de pulmão, e não como os que se iniciam no próprio cérebro”, explicou.

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O médico destaca que, na maioria dos casos, assim como na medicina em geral, as chances de cura são altas. Em alguns, entretanto, há sequelas, que podem variar desde a perda de força no corpo até a paralisia.

‘Tive muita sorte’ 2o702e

Paciente de Felipe Guardini, a pedagoga Roseane Nascimento Ferreira De Oliveira, contou ao Primeira Página como foi a descoberta de um tumor cerebral. Segundo ela, foi um sintoma incomum que acendeu seu sinal de alerta: começou a perceber alterações na visão.

“O tumor, na verdade, foi um achado. Eu estava com um problema na visão, um embaçamento, e não conseguia ler e nem olhar o celular. Procurei um neurologista, que me indicou um exame oftalmológico e a ressonância magnética mostrou o tumor”, disse.

Roseane recebeu o diagnóstico em 2020, no auge na pandemia da covid-19, e por conta disso não havia vagas em hospitais, tampouco leitos de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) disponíveis. Ela ou a fazer acompanhamento médico para entender de que forma o tumor se comportava e se estava crescendo. A cirurgia só foi realizada mais de um ano após o diagnóstico.

“O médico fez a cirurgia no dia 9 de dezembro de 2021 e quando foi no dia 11 eu estava em casa já, sem nenhuma dor de cabeça. Fiquei apenas dois dias na UTI, e me recuperei muito bem. Não fiquei com nenhuma sequela. A raspagem no meu cabelo foi mínima e foi muito tranquilo”, relatou.

Roseane faz um alerta para que, a qualquer sintoma, as pessoas procurem atendimento médico, já que tumores cerebrais tendem a ser “silenciosos”.

“Na segunda semana eu estava dirigindo e o que eu falo para as pessoas é que façam exames preventivos, que façam ressonância a qualquer sinal. Por exemplo, uma visão embaçada, uma tontura, seja o que for. Eu tive muita sorte”, completou.

Prevenção 4x6x51

Mesmo sendo comum em pessoas de meia idade e idosos, o tumor no cérebro pode afetar pessoas mais jovens. Por não ser uma doença específica, alguns comportamentos podem ajudar a não dar ‘gatilhos’ para ele.

“A prevenção em muitos casos é ter uma vida saudável, ter sempre cuidado com a alimentação, ir ao médico, não fumar e também ter cuidados periódicos como um médico. Escolher um profissional de confiança também ajuda muito”, conclui.