Navios viram laboratórios flutuantes para atender ribeirinhos do Pantanal 3263l

Projeto da Fiocruz, com apoio da Marinha e do Ministério da Saúde, percorre mais de mil quilômetros pelo rio Paraguai levando atendimento médico e coletando dados para entender riscos à saúde e ao meio ambiente. 35161m

Na vastidão alagada do Pantanal mato-grossense, navios da Marinha do Brasil navegam pelas águas do rio Paraguai transformados em unidades flutuantes de saúde e pesquisa. A bordo, profissionais de diversas áreas prestam atendimento médico e odontológico a comunidades ribeirinhas e coletam dados que vão ajudar a entender os impactos ambientais e os riscos à saúde pública na região.

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Navios viram laboratórios flutuantes para atender ribeirinhos do Pantanal. (Foto: TVCA)

A iniciativa é coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio do Ministério da Saúde, universidades e centros de pesquisa do Brasil e do exterior.

O projeto percorre mais de mil quilômetros levando acolhimento e tecnologia para comunidades isoladas, como a de Sérgio Francisco Pereira, morador da região que aguardava por atendimento odontológico.

“Estava com dor no dente há semanas. Assim que soubemos que a Marinha viria, ficamos na expectativa. Agora estou sendo atendido”, contou.

Segundo a cirurgiã-dentista e tenente da Marinha Juliana Espiridigliose, as principais demandas da população envolvem cáries e doenças periodontais. “A bordo conseguimos fazer restaurações, extrações, aplicação de flúor e limpeza. São procedimentos essenciais que fazem diferença para essa população”, explica.

Mas a ação vai além do cuidado clínico. Pesquisadores coletam amostras de sangue, água, animais domésticos e até de vetores como mosquitos. Em laboratórios montados nos próprios navios, os exames realizados incluem desde análises básicas, como hemogramas, até testes de biologia molecular e sequenciamento genético.

“São mais de 50 tipos de exames, o que permite um mapeamento completo do ambiente e da saúde das pessoas. Investigamos a presença de vírus, bactérias e fungos e como as mudanças climáticas favorecem a propagação de doenças”, explica a pesquisadora Nathália Guimarães, da Fiocruz-MG.

Este é o segundo ano da iniciativa e, de acordo com os pesquisadores, os dados já apontam alterações preocupantes. O aumento da temperatura tem trazido novas espécies de mosquitos, capazes de transmitir vírus vindos de aves migratórias — que percorrem rotas entre o Caribe, Estados Unidos e o Pantanal brasileiro.

“Essas aves são hospedeiras de vírus como os da encefalite. O mosquito pica a ave e depois pica o ser humano. A vigilância sobre essas rotas é precária, mas essencial, e estamos fazendo esse trabalho inédito aqui”, destaca Luiz Alcântara, pesquisador da Fiocruz.

Para o comandante da Flotilha de Mato Grosso da Marinha, César Batista Cunha Santos, transformar embarcações militares em laboratórios foi um desafio logístico e simbólico. “O que antes servia para transportar tropas agora abriga pesquisa científica. Adaptamos os espaços para dar conforto e funcionalidade às equipes”, diz.

Os dados levantados também irão contribuir com políticas públicas e ações de prevenção. “Com esse mapeamento, conseguimos entender quais doenças circulam no estado e como agir de forma mais eficaz junto à população”, afirma Elaine Cristina de Oliveira, diretora do Lacen-MT.

O projeto ainda desperta consciência ambiental. Para o entomologista do Ministério da Saúde, Rodrigo Pinheiro, a degradação dos ecossistemas desequilibra o ambiente, favorecendo vetores de doenças como mosquitos e baratas. “Quando se extinguem espécies importantes, outras assumem espaço — muitas delas perigosas para a saúde humana”, alerta.

A população local reconhece a importância da iniciativa. “É um benefício enorme. Muitas vezes a gente pega doenças sem nem saber, mesmo cuidando dos nossos animais. Esse atendimento e essa pesquisa são uma bênção”, afirmou Eliane Belmira, moradora da região.

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