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Memória: não deixe sua vida cair no esquecimento 316r5n

As pessoas hoje não estão desmemoriadas, elas estão desatentas. O número de estímulos da vida moderna é estratosfericamente maior do que no ado. É verdade que se está falando de um ado não tão distante, mas anterior à era digital.

Hoje, o ser humano, de modo geral, está literalmente ligado, melhor dizendo, linkado, ou ainda melhor, logado a maior parte do dia, com grande quantidade de estímulos relacionados a diferentes tarefas realizadas quase que ao mesmo tempo, transformando pessoas em seres agitados, inquietos e hiperpensantes, que por serem bombardeados por muitos e diferentes estímulos, não conseguem se ater a todos eles, muitas vezes a nenhum.

A atenção perde-se em meio à avalanche de estímulos, impedindo a retenção de lembranças. Isso leva a pessoa à sobrecarga emocional e, consequentemente, ao esgotamento psíquico, com falhas da atenção e, por conseguinte, da memória, que necessita da atenção para ser consolidada. Há, assim, dificuldade de produzir ou criar algo, uma vez que se acolhe muito, mas absorve-se pouco, o que é insuficiente ao acervo necessário à produção.

Os esquecimentos da vida moderna, portanto, na maioria das vezes, não são por alteração direta da memória, mas indiretamente, uma vez que o prejuízo direto está na atenção. A própria indústria da modernidade ajuda a diminuir as falhas de memória com tecnologia cada vez mais precisa – basta um nome e a ligação telefônica dispensa ter um número de cor; basta um relógio de pulso, que se encontra um telefone perdido dentro de casa.

Hoje se tem falado em “Efeito Porta”, como se de um momento para o outro atravessássemos uma porta, por exemplo, saindo da cozinha para a sala, e tudo que iríamos fazer ali se perde no caminho ao atravessarmos a porta. E mesmo que retornemos à cozinha, a não lembrança continua perdida. Algumas vezes a encontramos depois de algum tempo, outras vezes não.

A verdade é que há um foco primário, que se mistura aos inúmeros estímulos recebidos, fazendo que a um tempo tenhamos muitos focos e que, em seguida, não tenhamos mais nenhum, ou seja, percamos todos.

Ainda é pior, quando a pessoa soma, aos diversos estímulos, os problemas que carrega consigo. As situações estressantes da vida moderna contribuem, sobremaneira, com o “efeito porta”.

Precisamos diminuir o estresse e aumentar as atividades prazerosas, que não são poucas, é só procurar que se acha, como encontros familiares e com os amigos; um bom livro e uma boa música também são grandes auxiliares na busca de uma boa memória; atividades físicas, principalmente as aeróbicas, sem deixar de lado as anaeróbicas, são muito importantes; uma boa noite de sono, com quantidade suficiente de seis a oito horas e boa qualidade, quando não deixa sonolência diurna; uma alimentação saudável; meditação.

Estas são algumas coisas que não podem ser negligenciadas por ninguém, principalmente por aquelas pessoas que estão sentindo dificuldade de lembrar de coisas do dia a dia, com a observação de que isso antes era mais fácil, ou quando alguns esquecimentos trazem sérios problemas familiares, sociais ou financeiros.

Para ativar o cérebro, vale a pena mudar a rotina do cotidiano como, por exemplo, modificar o trajeto diário ao trabalho; usar a mão contrária a de uso comum nas tarefas; ler alguns textos de ponta-cabeça ou no espelho; alguns jogos, como o xadrez, também são interessantes; dentre outras.

Apesar disso, é importante tomar nota dos compromissos, mas as tentativas de fazê-los, sem olhar as próprias anotações deve existir e depois checá-las dentro do que foi anotado.

A falta de memória não significa doença mental ou neurológica, mas quando está havendo prejuízos na vida pessoal, laborativa ou social, um profissional da área médica deve ser procurado. Os médicos habilitados para isso são, a princípio, o psiquiatra e o neurologista. Depois da avaliação inicial de ambos ou, pelo menos, de um deles, pode ser que outras áreas da medicina ou da psicologia sejam indicadas.

Fazemos coisas no presente alicerçadas por experiências do ado, alçamos novos voos, lembrando de voos parecidos bem-sucedidos anteriormente; evitamos algo que nos pôs em risco em algum momento da vida. Assim, muita coisa se faz ou se deixa de fazer com base na memória. Esta, sem sombra de dúvida, é necessária para a sobrevivência dos seres humanos e dos animais irracionais. Daí a necessidade de que nos preocupemos com ela. Portanto, cuide da sua memória, escute e conte histórias, a vida é cheia delas e uma das mais importantes é a sua. Não deixe que ela caia no esquecimento.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Saúde Mental, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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