Médico que atuou na Santa Casa denuncia ralo ligado a esgoto em UTI pediátrica 27344w
Médico atribui mortes de cinco crianças às bactérias que teriam sido adquiridas no hospital. SES diz que crianças chegaram ao local já infectados. 1u2a1j
Na mesma semana em casa que veio à tona que cinco crianças morreram infectadas por uma bactéria no Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá, a unidade recebe uma nova denúncia. Um médico que trabalhou no hospital, denuncia a existência de um ralo no banheiro da UTI pediátrica que tem ligação com o esgoto, e que isso pode contribuir para a proliferação de bactérias no local.
O médico, que prefere não ser identificado, constatou que o tubo de um vaso sanitário no banheiro da UTI pediátrica da Santa Casa, é ligado a um ralo que tem ligação com o esgoto. O ralo fica no local onde se dá banho nos bebês. O médico gravou vídeos que mostram que a descarga manda o esgoto para o ralo. (Veja acima)
“Isso tudo provoca infiltração na parede e infecção no ar. O germe, a bactéria criada nesses tubos aí, é terrível! É pneumoconiose na certa, e essa bactéria é bem característica de UTI”, afirma o médico.
O médico assegura que informou à direção da unidade sobre as ligações de esgoto irregulares, que, segundo ele, seriam as causas das infecções letais para os bebês, e que o mesmo problema também estaria ocorrendo no banheiro de uma outra UTI que trata de pacientes cardíacos.
Ele disse ainda que, por insistir nessas denúncias, acabou sendo exonerado do cargo pela direção do hospital.

A engenheira sanitarista e professora da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Eliana Rondon, atesta que a agem de esgoto pelos ralos da Santa Casa é completamente irregular, ainda mais em uma UTI e que a Vigilância Sanitária Estadual é responsável pela fiscalização.
“Além do processo de decomposição e os gases que são provenientes, você tem nas fezes uma quantidade de matéria orgânica e de bactérias presentes – são as bactérias do nosso trato intestinal. Então, isso está fora de norma, e não pode existir”, avalia Eliana Rondon.
A profissional explica que os canos de vasos sanitários, e os que recebem a água de chuveiros e pias, devem ser isolados uns dos outros para evitar contaminações.
Mortes de bebês na Santa Casa 5y6w33
A morte dos cinco bebês infectados com uma “superbactéria”, a KPC – Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase, em fevereiro deste ano, no Hospital Estadual Santa Casa, serão investigadas pelo CRM (Conselho Regional de Medicina) e pela Comissão de Saúde da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

“Reportamos ao diretor técnico da Santa Casa para que ele preste esclarecimentos acerca daqueles fatos. Todos os médicos envolvidos naquela situação de óbitos, de mal atendimento, serão ouvidos. As partes também serão chamadas a se manifestar e aí essa sindicância vai pra uma câmara de julgamento que vai julgar se existem indícios de ilícito. Se houver, é aberto um processo ético profissional”, informa a presidente do CRM, Lúcia Sampaio.
Em nota a Secretaria Estadual de Saúde, responsável pela gestão da Santa Casa, informou que os bebês chegaram no hospital já infectados.
A secretária adjunta da SES, Caroline Dober, reconhece que o prédio do hospital é antigo e exige reformas constantes para adaptá-lo aos serviços médicos, mas garante que as normas técnicas para evitar infecções são cumpridas à risca.
“A SES é um órgão que atua dentro de todas as normas legais, cumprindo com toda a legislação, fluxo e protocolos da área da saúde, Ministério da Saúde, Anvisa e Vigilância Sanitária. Foram feitos mais de R$ 3 milhões em investimentos, obras e reformas, que continuam sendo feitos. Investimentos em adequação, em infraestrutura, readequação de banheiros, enfermarias e postos de atendimento”, destaca Dober.
O presidente da Comissão de Saúde da ALMT (Assembleia Legislativa de Mato Grosso), deputado Lúdio Cabral (PT), informou nessa quarta-feira (22) que realizou uma visita à Santa Casa no dia 7 desse mês, onde foram identificadas 10 crianças internadas sem médico visitador.