Insônia e4b4x

O sono é uma das necessidades fisiológicas diárias para a preservação da saúde mental do ser humano e, mais, para sua sobrevivência. Ele ocupa cerca de 1/3 do dia, enquanto 2/3 são ocupados pela vigília. Então, afirmamos que o sono e a vigília constituem o ritmo circadiano, que nada mais é do que o movimento cíclico de sono e vigília, que se repete a cada vinte e quatro horas.

Desde o início da civilização humana o sono é visto como necessário, até mesmo dentro de uma cultura mística, haja vista que no ado havia os templos de Asclépio ou templos do sono, onde os doentes eram postos para dormir e acreditava-se que aqueles merecedores da concessão divina seriam presenteados com sonhos que lhes mostrariam o caminho da cura de suas enfermidades. Hypnos, deus do sono, era, por vezes, descrito como um ser alado, com uma flauta entre os lábios, que à noite tocava músicas suaves para favorecer o sono dos seres humanos.

O sono tem uma arquitetura própria, constituída por quatro fases distintas, sendo que as três primeiras formam o sono não REM (rapid eyes moviment) ou sono sem sonhos. São elas: sono leve ou estágio 1, que ocupa cerca de 5% do tempo total de sono noturno; sono intermediário ou estágio 2, que preenche aproximadamente 50%; sono profundo ou estágio 3, presente em mais ou menos 20%.

O sono REM ou sono dos sonhos ocupa cerca de 25% do tempo total de sono. São todos eles importantes para a saúde física e, principalmente, mental. Precisamos de cerca de seis a oito horas de sono por noite, mas a quantidade diária é tão importante quanto a sua qualidade. Para isso é necessário que a arquitetura do sono seja preservada. A quantidade insuficiente de sono ou a qualidade prejudicada compõem as alterações do sono.

Apesar disso, o que leva as pessoas à procura de ajuda profissional é o prejuízo na quantidade de horas de sono e a isso chamamos de insônia. Esta é dividida em insônia inicial, que é a dificuldade de conciliar o sono, ou seja, de começar a dormir; insônia intermediária, que é a perda do sono no meio da noite, com possibilidade de voltar a dormir; e insônia terminal, que é aquela em que há um despertar precoce, sem capacidade de voltar a dormir.

As noites mal dormidas, tanto quantitativa como qualitativamente, causam sonolência excessiva diurna, irritabilidade fácil, dor de cabeça, diminuição da libido, prejuízos da concentração e da consolidação de memórias; aumento do estresse, de risco cardiovascular, de hipertensão arterial, de ganho de peso e de níveis de gordura e açúcar no sangue. Além disso, as alterações do sono diminuem a imunidade e aceleram o envelhecimento.

Estima-se que mais de 30% da população mundial sofra de insônia em qualquer de suas formas. São raros os casos de insônia sem uma causa aparente. A maioria delas se deve a problemas psiquiátricos, como a ansiedade, depressão e outros transtornos mentais. Dentre os problemas não psiquiátricos, a apneia do sono e a síndrome das pernas inquietas são as causas mais frequentes, assim como a dor crônica.
O tratamento, a princípio, é feito por meio da higiene do sono, com a orientação de que as pessoas, que lutam para adormecer ou para manter sono, procurem sempre dormir no mesmo horário, com a eliminação de luzes e sons ambientes, ou permitindo apenas músicas suaves e relaxantes. Há também a orientação de evitar alimentos ou bebidas estimulantes, próximo à hora de dormir. É bom saber que o álcool, apesar de facilitar a conciliação do adormecer e sua manutenção, prejudica a arquitetura do sono e, consequentemente, sua qualidade.

Quando a higiene do sono, por meio de suas orientações, não alcança o resultado esperado, não resolvendo o problema, há necessidade de procurar ajuda médica para o diagnóstico da causa e tratamento da insônia, objetivando a reversão dos prejuízos que ela acarreta e propiciando uma melhor da qualidade de vida a todas as pessoas que travam uma verdadeira batalha todas as noites.