Em 24h, Hospital de Câncer de Campo Grande deixa de fazer 15 cirurgias 12244
Em decorrência da suspensão dos atendimentos no Hospital de Câncer Alfredo Abrão, 60 consultas também não foram realizadas entre quarta (22) e quinta-feira (23) 1f5f
Em 24h de paralisação, o Hospital de Câncer Alfredo Abrão deixou de realizar 15 cirurgias e 60 consultas em Campo Grande. Uma reunião foi marcada para esta sexta-feira (24) à tarde para discutir a paralisação do corpo clínico da unidade que, desde ontem, suspendeu alguns atendimentos.
Diante da paralisação, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que tem direcionado alguns dos atendimentos para os demais hospitais contratualizados na Capital. Já a SES (Secretaria de Estado de Saúde) ainda não se manifestou sobre a situação.
A aposentada Lourdes Gomes Pinheiro, de 68 anos, tem um tumor raro na região da face é uma das pacientes em tratamento contra o câncer, afetadas pela paralisação.

“Eu sinto muita tontura, eu quase não como porque a dor não deixa, entendeu? Às vezes em que eu estou comendo, a cabeça começa a dor, doer muito. Eu queria uma solução pra mim, pelo menos para essa doença, eu queria uma solução. Eu não tenho medo da morte, mas eu tenho medo de sofrer”, desabafa a moradora.
De acordo com o hospital, a consulta da aposentada foi agendada para o dia 14 de março. O atendimento com oncologista clínico ficou só para o dia 24 de maio. O hospital tem apenas um especialista nesse segmento. Dentre os serviços suspensos no hospital, estão consultas, exames e cirurgias, principalmente de novos pacientes. Estão mantidos atendimentos de urgência e emergência.
A direção alega um deficit mensal no valor de R$ 770 mil, que impacta diretamente nos serviços. Alguns medicamentos e insumos, essenciais para o tratamento de pacientes, estão em falta por isso a paralisação.
“Há muito tempo não está cem por cento, mas estávamos conseguindo resolver, mas chegou num ponto que não dá mais para continuar apagando incêndio. Então o paciente está entrando e a gente está tendo dificuldade de dar um tratamento correto. Esse paciente ele pode ser prejudicado, pra evitar de assumir essa responsabilidade, os médicos têm uma responsabilidade – querendo ou não com o seu paciente – a gente tentou fazer de uma forma em que o município direcione esses pacientes pra outros centros oncológicos do município”, comenta o médico oncologista João Paulo Villalba, representante do hospital.
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O HCAA é uma instituição filantrópica e atende 99% dos pacientes encaminhados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) com os tratamentos totalmente gratuitos aos usuários. A unidade hospitalar realiza 70% dos atendimentos oncológicos públicos de todo o Estado do Mato Grosso do Sul.
Em 2022 foram realizados mais de 180 mil procedimentos (cirurgias, quimioterapias, radioterapias, consultas dentre outros atendimentos).
O que diz a Secretaria Municipal de Saúde g2jk
Diante da situação, a Sesau informou que tem direcionado alguns dos atendimento para os demais hospitais contratualizados na Capital. Os procedimentos que são de referência do hospital de câncer devem ser reagendados. A orientação é para que o paciente que tenha algum procedimento desmarcado mantenha contato com o próprio hospital para verificar a data de um possível retorno.
A SES (Secretaria de Estado de Saúde) de Mato Grosso do Sul ainda não se manifestou sobre a paralisação.
O que diz a prefeitura de Campo Grande 2w5l1q
Em nota, a prefeitura informou que as tratativas estão sendo feitas pelas equipes técnicas não só com o Hospital de Câncer Alfredo Abrão, mas também com todos os prestadores de serviço para discutir questões contratuais de ordem financeira e também, possibilidade de ampliação dos serviços contratualizados.
A prefeitura reforçou que nenhuma pendência financeira por parte do município com o hospital e, como mencionado, as negociações estão em andamento para que seja mantido a integralidade dos atendimentos à população.
Conforme a prefeitura, não há nenhuma pendência financeira por parte do município com o hospital. O financiamento dos serviços de saúde é tripartite, ou seja, custeado pelo governo federal (ministério da saúde), estado e município. somente nos meses de janeiro e fevereiro foram reados ao hospital r$ 5,3 milhões.
A prefeitura contratualiza somente os serviços com hospital e não possui vínculo empregatício com os funcionários. Desta forma, cabe ao hospital arcar com tais despesas, considerando que em nenhum momento houve atraso ou inadimplência quanto ao que é pactuado.