Drogas Sintéticas – O doce amargo da vida 3f4d6a
As drogas sintéticas são drogas com forte ação sobre o sistema nervoso central, produzindo os mais diversos sintomas comportamentais 55313n
No quarto mês de gestação Carlos e Adriana já sabiam que viria uma menina e, assim que foram informados disso, de imediato, escolheram o nome: Vanessa. A menina veio ao mundo perfeita, era a princesinha da casa, a terceira da prole, depois de dois meninos. Seria a última gravidez de Adriana, fosse homem ou mulher, mas a torcida por uma menininha era inegável.

Vanessa cresceu paparicada por todos, ouviu poucos “nãos” na sua infância. Assim continuou na adolescência. As festinhas nas casas de colegas começaram cedo e logo vieram as baladas nas boates da cidade com música eletrônica naquele volume ensurdecedor.
A mocinha com apenas quinze anos de idade já consumia bebida alcoólica e aos dezesseis começava a experimentar drogas sintéticas, quando conheceu o ecstasy e o LSD. Pouco depois chegou a fazer uso, provavelmente uma única vez, das chamadas drogas K, mas quase morreu. Não se sabe se voltou a usar esse tipo de droga.
O certo é que o ecstasy e o LSD continuaram a fazer parte de sua vida até que em determinada balada sentiu-se mal, apresentou crises convulsivas repetidamente até culminar com uma parada respiratória. Os colegas ou “amigos” tentaram reanimá-la e chamaram o socorro, que veio rápido, mas não a tempo suficiente para evitar um dano cerebral. Vanessa foi levada ao hospital e permaneceu na UTI em coma por quatorze dias e depois de mais trinta dias recebeu alta hospitalar.
As drogas sintéticas são substâncias produzidas em laboratórios, diga-se de agem, na maioria das vezes, “laboratórios de fundo de quintal”. São drogas com forte ação sobre o sistema nervoso central, produzindo os mais diversos sintomas comportamentais.
Muitas drogas sintéticas surgiram como medicamentos que deram errado, uma experiência malsucedida, já que os efeitos colaterais se mostraram intensamente nocivos e muitas delas se transformaram em drogas de abuso. Outras surgiram (e ainda surgem) visando ao uso, abuso e dependência, principalmente dos jovens, alvo fundamental dos traficantes. Dentre as drogas sintéticas, estão o LSD (ou doce), ecstasy (ou bala), GHB, anfetaminas, anabolizantes, inalantes, drogas K (cannabis sintética) e outras.
Dentre as consequências do uso dessas drogas, observam-se alterações do comportamento e do humor, com episódios frequentes de irritabilidade; aumento da pressão arterial e da temperatura corporal; prejuízos da concentração e da memória; surtos psicóticos; convulsões; e morte.
A busca de diversão e de prazer pode ser curta. Mais cedo ou mais tarde o prazer vai dar lugar ao desprazer, aos danos físicos e mentais e, em muitos casos, à morte. Por isso, é preciso incentivar o tratamento o mais breve possível, ainda na fase recreativa, de uso esporádico, momento em que deve haver apoio psicológico. Quando o consumo se torna rotineiro, por exemplo, todos os finais de semana, pode haver necessidade de intervenção psiquiátrica ambulatorial ou mesmo internação em clínicas de recuperação.
Vanessa hoje faz fisioterapia motora e fonoterapia para tentar recuperar um pouco o equilíbrio, a locomoção motora e a articulação das palavras que são as sequelas da falta de oxigênio no cérebro durante a parada respiratória que teve, como consequência do uso abusivo de drogas sintéticas. A jovem também apresenta alguns lapsos de memória, mas seu raciocínio está preservado. Sofre e culpa-se pelo caminho que escolheu. A psicoterapia a tem ajudado bastante a enfrentar suas dificuldades e aliviar sua culpa.
Vamos ver o que é possível melhorar daqui para frente. A princesinha agora segue cuidada pelos pais e pensa em dar seu testemunho nas redes sociais. Particularmente, acho que seria de grande valia.