Saúde Mental 5m4268

Depressão Gestacional e Pós-Parto - o paradoxo que nasce com a vida 436b4

Quando esses sintomas existem, geralmente são compostos de tristeza, desesperança e desânimo exagerados 6m6q6z


A depressão é uma enfermidade mental grave, que ocorre nos diferentes gêneros, em qualquer idade, sendo mais prevalente nas mulheres e uma das principais causas – se não a principal – de incapacidade por motivo de doença no mundo. É portanto um evidente problema de saúde pública, com prejuízo nos campos pessoal e social. O risco torna-se maior durante a gravidez e no puerpério, período este que sucede o parto, chamadas, respectivamente, de depressão gestacional e depressão pós-parto.

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Mulher grávida. (Foto: Visual Hunt)


Durante a gravidez, a depressão pode ser apenas a continuidade de sintomas depressivos que vinham acometendo a futura mãe desde antes do período gestacional, ou seja, o quadro depressivo já existia, estava sintomático e assim permaneceu durante a gravidez. Como a relação com os hormônios femininos é cheia de incertezas, e por vezes surpreende, essas manifestações sintomáticas pioram, ou melhoram durante a gravidez, podendo a gestação ser agravante ou atenuante dos sintomas depressivos.


Quando esses sintomas existem, geralmente são compostos de tristeza, desesperança e desânimo exagerados; desinteresse pelo pré-natal e sem planos para a chegada do bebê; alteração para mais ou para menos do apetite e do sono; uso de álcool, tabaco e até outras substâncias, por vezes de forma abusiva. Este conteúdo sintomático frequentemente se faz acompanhar de prejuízos às orientações e cuidados pré-natais, com riscos à saúde física e mental do ser humano em formação, ainda em vida intrauterina.


Em alguns casos a depressão tem início durante o período gestacional ou neste tem uma nova ocorrência, não sendo apenas um continuísmo sintomatológico de um quadro pré-gravídico. Em ambas as situações, trata-se de depressão durante a gravidez ou depressão gestacional.


Assim, também, a depressão pós-parto pode ser – e na maioria das vezes é – a continuação de um quadro depressivo, que vem se estendendo desde a gravidez, como também pode ser um quadro isolado, que tem início após o parto, com manifestações depressivas iguais às anteriores ou até mais graves, com irritabilidade, ansiedade e choro frequente; falta de energia; sentimentos de desamparo e desesperança; sentimentos de incapacidade de exercer a maternidade e de criar vínculos afetivos com o recém-nascido; ideias de suicídio.


Pode haver o surgimento de sintomas obsessivos de que há desejo de fazer mal à criança, relativamente frequentes nesses casos, o que aumenta a sintomatologia depressiva porque são irreais, não são o que de fato a mãe deseja fazer, por isso ela sofre mais com esses sintomas, que não traduzem a realidade do seu amor.


Em muitos casos estão presentes os chamados sintomas psicóticos, em que há perda do senso de realidade, muitas vezes com pensamentos irreais, que dominam a mente da puérpera; ou vozes alucinatórias inexistentes, que lhe dizem coisas desagradáveis em relação ao filho; Tudo isso traz, com certeza, prejuízos imensamente maiores à relação mãe-bebê.


Quando existem sintomas psicóticos sem a presença de sintomas depressivos, estamos diante do que denominamos de psicose pós-parto, enfermidade mais grave do que a depressão.


Ainda em relação à depressão pós parto ou puerperal, é importante tomar conhecimento do que chamamos de baby blues, que acomete três em cada cinco mulheres em período puerperal, com sintomas depressivos mais leves, que iniciam nas primeiras horas ou dias após o parto e, em geral, desaparecem espontaneamente em duas semanas.


O tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo psiquiatras, psicólogos, obstetras, pediatras, enfermeiros e assistentes sociais. Embora haja algum risco com o uso de medicamentos durante a gestação e amamentação, esses riscos são menores do que os sintomas depressivos não tratados, acarretando prejuízos durante a formação fetal e depois do nascimento.


Além dos fármacos durante a gravidez e durante o período de amamentação, ainda existem os tratamentos não medicamentosos como a estimulação magnética transcraniana e a eletroconvulsoterapia, praticamente sem riscos para o ser humano em formação. A psicoterapia está sempre indicada tanto durante a gravidez, quanto no pós-parto. Mães nessas condições necessitam de apoio conjugal, familiar e de amigos, que devem desmistificar a necessidade única de alegria na gravidez e no nascimento de uma criança, lembrando sempre que doenças existem e necessitam de compreensão, tratamento e apoio.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Saúde Mental, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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