Concursos e contratações não resolvem falta de anestesistas no HU em MS 6z666u
Uma das pacientes afetadas pela falta desses profissionais é Andréia dos Santos, que perdeu uma perna após um acidente de trânsito e teve as cirurgias desmarcadas três vezes 1mq3d
A falta de anestesistas no HU (Hospital Universitário) de Campo Grande continua preocupando pacientes, como a Andréia dos Santos, manicure que já teve os procedimentos cirúrgicos desmarcados três vezes pela ausência do profissional.

Há 10 anos, Andréia luta para fazer três procedimentos: uma desobstrução da tubária bilateral, retirada de um mioma e reparação uterina das três cirurgias que ela fez no parto.
“A minha idade já está muito avançada, então o tempo está contra mim. Eles [os procedimentos] foram marcados por três vezes e cancelados as três vezes. A segunda vez que foi marcada, eu cheguei a ser internada. Praticamente na entrada do centro cirúrgico foi cancelado porque não tinha anestesista”, recorda com tristeza.

A preocupação da manicure, que perdeu uma perna após um acidente de trânsito, é o gasto com os exames de risco cirúrgico. Um deles tem validade de três meses e outro de seis.
“O sentimento é desesperador”, declara, emocionada. “Essa é a minha esperança de renovar a minha vida de um acidente que eu sofri há quase onze anos. Pra mim, é devolver as minhas pernas, os meus os”, completa, chorando.
Falta de anestesistas 4m1i5v
Segundo o hospital, há 17 anestesistas cumprindo escala, mas o necessário para realizar todos os procedimentos, seria no mínimo, 39. Ainda conforme a direção do HU, o MPF (Ministério Público Federal) foi comunicado no dia 14 de janeiro deste ano sobre o risco de não conseguir atender novas demandas.
No ofício, a superintendência do Humap-UFMS/Ebserh explica que “apesar de terem realizado uma licitação com a participação de empresas de vários estados do país, estas se deparam com restrições locais na contratação de médicos para compor as escalas de trabalho no atendimento das demandas do centro cirúrgico e demais serviços do Humap-UFMS. Historicamente, o hospital não consegue preencher seu quadro de anestesistas por meio de concursos públicos. Nos últimos anos, foram realizados três certames, três processos seletivos e um processo emergencial, mas o quadro de colaboradores ainda é deficitário, contando apenas com 17 profissionais para uma necessidade assistencial mínima de 39 na escala, sem reserva técnica”, dizem por meio de nota à reportagem.
De acordo com o HU, uma outra empresa foi selecionada, mas também não conseguiu suprir as demandas. Atualmente, o hospital está com mais uma licitação em aberto.
“ (…) mesmo autorizada a contratação de uma empresa interposta, tal recurso tem se mostrado ineficaz devido à realidade local de Campo Grande, um mercado extremamente concentrado que absorve toda a mão de obra, impossibilitando a participação de outros concorrentes”.
“Por fim, informamos que todas as medidas que internamente poderiam ser tomadas já estão em andamento, bem como abertura de processos sancionadores, remanejamento de escalas, priorização de atendimentos de urgência e emergências, e comunicação aos órgãos de controle sobre a situação apresentada”, completam.
A falta de anestesistas é um problema antigo no HU da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Em 2021, a falta dessa especialidade foi apontada como uma das causas para a superlotação do Pronto Socorro.
Este ano, sessões de radioterapia de crianças foram canceladas por falta de anestesistas. Segundo o sindicato dos médicos do estado, MS tem 263 anestesistas, dentre eles, 169 em Campo Grande.